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ARTIGO. Luciano do Monte Ribas e um punhado de perguntas para buscar alguma resposta sobre ‘issudaí’

E daí?

Por LUCIANO DO MONTE RIBAS (*)

É difícil aceitar que, no Brasil atual, o poço não tem fundo.

Na verdade, é muito difícil. Afinal, para quem segue alguns princípios (sejam eles religiosos, cívicos, filosóficos ou legais), a ausência de limites do psicopata com a faixa presidencial é quase inconcebível.

Mas o que poderia explicar “issudaí”? Que tipo de educação teria recebido esse ser imoral para dizer o que diz e fazer o que faz? Qual história de vida seria capaz de corrompê-lo a tal ponto? Quais abusos físicos e/ou emocionais produziriam essa síntese de ignorância, superficialidade, malignidade e desprezo pela humanidade? Onde teria sido o ponto de ruptura que originou o monstro? O que, além da escala de seus males, o diferencia do “maníaco do parque” ou de qualquer outro psicopata “comum”? E, o mais intrigante de tudo, como alguém pode seguir um facínora como se ele, de fato, fosse um messias?

Para mim é muito difícil responder tais questões. Primeiro, porque me falta o conhecimento científico necessário – sinceramente, suponho que até para a psicologia e a psiquiatria não seja uma tarefa simples. Segundo, porque, de onde eu vim (e eu “vim” de diversos lugares, tendo neles forjado meus valores), desdenhar da morte de alguém é algo moralmente inaceitável. Aliás, por onde deixei os meus rastros, a glorificação da morte (ou ter algum fetiche por ela) está fora de qualquer conduta socialmente aceitável e deve ser condenada como um ato desumano. O que me leva a outra pergunta.

Sabendo que a maioria das pessoas foi educada dentro do mesmo conjunto de valores (ou, ao menos, dentro do que existe de mais genérico neles) da cultura greco-romana-judaico-cristã-ocidental, como pode 1/3 da sociedade ainda manter algum nível de apoio ao homem que diz “e daí” para CINCO MIL MORTES de cidadãos e cidadãs que estão sob sua responsabilidade?

Seria um problema de índole? Um produto da histeria coletiva? Ou simplesmente falta de caráter?

Eu não sei como tantas perguntas couberam em um texto tão curto, mas respondê-las é tão necessário quanto potencialmente apavorante. Nesse 1° de maio silencioso, sem festas e/ou manifestações, divago em busca de respostas, enquanto agradeço silenciosamente a todas as pessoas que ainda não desistiram de combater tanta desumanidade. Se você é uma delas, saiba que não anda só.

(*) Luciano do Monte Ribas é designer gráfico, graduado em Desenho Industrial / Programação Visual e mestre em Artes Visuais, ambos pela UFSM. É presidente do Conselho Municipal de Política Cultural e um dos coordenadores do Santa Maria Vídeo e Cinema, além de já ter exercido diversas funções na iniciativa privada e na gestão pública.

Para segui-lo nas redes sociais: facebook.com/domonteribas – instagram.com/monteribas

Observação do autor, sobre a foto: um artista de rua trabalhando com seus malabares na escuridão da noite, em Santiago do Chile.

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