Repense seu voto – por Maiquel Rosauro

Votei em branco há quatro anos. Não vou cometer o mesmo erro domingo. Já escolhi meus candidatos e meu único propósito com este texto é, descaradamente, influenciar o seu voto.

Ao analisar as propagandas, os debates e os resultados de pesquisas (a verdadeira, a falsa e três encomendadas por partidos), creio que no fim das contas Santa Maria irá fazer uma boa escolha, seja para esquerda ou direita. Porém, a disputa minoritária me preocupa.

A atual legislatura é decepcionante. No momento mais constrangedor da história da Câmara de Vereadores de Santa Maria, o Executivo claramente interferiu no parlamento ao fazer com que a situação abrisse às pressas uma CPI para “investigar” possíveis responsabilidades quanto ao incêndio na Boate Kiss. O resultado, óbvio, não apontou nenhum responsável diretamente ligado à Prefeitura e o processo foi arquivado.

Arquivar, aliás, é uma solução simples quando os edis não querem incômodo. Semana passada eu estava na Câmara quando foi arquivada a denúncia contra o ex-prefeito Cezar Schirmer (PMDB) por improbidade administrativa. Foram 30 minutos constrangedores. O peemedebista era investigado pela nomeação do ex-vereador Cláudio Rosa (PMDB) como superintendente da Secretaria de Infraestrutura, enquanto o mesmo recebia auxílio doença do INSS.

O presidente da Casa, Luiz Carlos Fort (PT), abriu a sessão com uma leitura incompreensível do parecer da comissão processante. O problema não era o som ou a oratória do vereador, era falta de vontade mesmo. Ele baixou a cabeça e leu do início ao fim, em 13 minutos, as seis páginas do relatório sem dar a mínima para quem estava ouvindo.

Ninguém no Plenário entendeu nada do que Fort disse, mas apenas o vereador Werner Rempel (PPL) reclamou e pediu o relatório impresso para poder ler e compreender o que seria votado. Não sem antes escutar o murmúrio do vereador Manoel Badke (DEM) dizendo que o relatório estava no site da Casa.

Passados 15 minutos, os edis votaram pelo arquivamento do processo por 17 votos a 3. Como Schirmer não é mais prefeito, eles entenderam que não é preciso continuar com a investigação. E será que Schirmer é culpado? E sendo culpado, quais as consequências que acarretariam ao peemedebista? Estas questões, com certeza, a Câmara não quer responder.

Também não podemos esquecer que neste mandato tivemos um popular vereador preso por extorquir ex-assessores, tendo depois seu mandato cassado. E o que dizer da vergonhosa obra de ampliação do prédio da Câmara parada desde 2013?

Repense seu voto, ainda dá tempo.