Por MAIQUEL ROSAURO (texto e foto), da Assessoria de Imprensa do Sindicato dos Bancários
Em assembleia de organização, realizada na noite desta segunda-feira (5), na AABB, em Santa Maria, os bancários definiram as ações que serão realizadas no primeiro dia de paralisação. Adesivos, faixas e cartazes foram distribuídos para os bancários afixarem em frente às agências.
A tendência é de que o movimento inicie forte nos bancos públicos. Nesta terça, os grevistas irão realizar concentrações em frente às agências centrais da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banrisul, em Santa Maria
“A categoria está mobilizada, não aceitaremos a perda de direitos. Durante a semana, a greve deverá crescer por toda a região”, projeta o diretor do Sindicato dos Bancários, Marcello Carrión.
A greve seguirá por tempo indeterminado. As negociações entre Comando Nacional dos Bancários e Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não tiveram avanços. Um novo encontro entre ambas às partes ainda não foi marcado.
Os banqueiros propõem reajuste de 6,5% no salário, na PLR e nos auxílios refeição, alimentação, creche, e abono de R$ 3 mil. Os bancários, por sua vez, reivindicam reajuste de 14,78%, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$ 3.940,24 em junho) e PLR de três salários mais R$ 8.317,90.
Agências paralisadas
O Sindicato dos Bancários irá realizar um levantamento diário de todas as unidades bancárias paralisadas em Santa Maria e região. Nesta terça, primeiro dia de greve, a previsão é de que o levantamento seja divulgado à tarde, no site (www.bancariossm.org.br) e na fanpage da entidade (www.facebook.com/bancariossm). Um release também será enviado à imprensa com as informações da greve.
Confira abaixo a proposta completa dos bancos e as reivindicações dos bancários:
Proposta dos bancos
– Reajuste de 6,5% (representa perda de 2,8% para os bancários em relação à inflação de 9,57%).
– Abono de R$ 3.000,00 (parcela única, não incorporado aos salários).
– Piso portaria após 90 dias – R$ 1.467,17.
– Piso escritório após 90 dias – R$ 2.104,55.
– Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.842,96 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa).
– PLR regra básica – 90% do salário mais R$ 2.153,21, limitado a R$ 11.550,90. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 25.411,97.
– PLR parcela adicional – 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 4.306,41.
– Antecipação da PLR – Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva. Pagamento final até 02/03/2017. Regra básica – 54% do salário mais fixo de R$ 1.291,92, limitado a R$ 6.930,54 e ao teto de 12,8% do lucro líquido – o que ocorrer primeiro. Parcela adicional equivalente a 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2016, limitado a R$ 2.153,21.
– Auxílio-refeição – R$ 31,57.
– Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 523,48.
– Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 420,36.
– Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 359,61.
– Vale-Cultura R$ 50 (mantido até 31/12/2016, quando expira o benefício).
– Gratificação de compensador de cheques – R$ 163,35.
– Requalificação profissional – R$ 1.437,43.
– Auxílio-funeral – R$ 964,50.
– Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 143.825,29.
– Ajuda deslocamento noturno – R$ 100,67.
Principais reivindicações dos bancários
– Reajuste salarial: reposição da inflação (9,57%) mais 5% de aumento real.
– PLR: 3 salários mais R$ 8.317,90.
– Piso: R$ 3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
– Vale alimentação no valor de R$ 880,00 ao mês (valor do salário mínimo).
– Vale refeição no valor de R$ 880,00 ao mês.
13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$ 880,00 ao mês.
– Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
– Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
– Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.
– Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
– Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas.
– Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
– Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Tenho acompanhado a lista de reivindicações dos bancários há tempos, por curiosidade, afinal, tem acontecido greves todos os anos e é interessante saber sobre o comportamento dos envolvidos e os resultados.
A coisa tem sido peculiar. Por quê? A lista das reivindicações é a mesma, sempre, significando que não conseguiram nada no ano anterior. Fico pensando: que ineficiência. Pagam os seus dirigentes sindicalistas, para quê?
Os dirigentes (políticos, claro) adoram, mesmo assim. Recebem por isso o ano todo. Durante um mês, “aparecem”: “estamos na luta” . Tentam justificar sua existência nesse único mês do ano.
Mas não parecem conhecer a coisa, pois se sabe entre especialistas de negociação que não se apresenta, numa lista de reivindicações, qualquer coisa (ou melhor dizendo, tudo de uma vez).
“O outro lado” da negociação deve pensar como são amadores essas pessoas, achando estranho que ainda não viram um pedido de creche para os pets dos funcionários. Leiam vocês mesmos como a coisa é surreal. Nem no paraíso cubano conseguiriam 0,0001% de tudo aquilo.
O que quero dizer? A única coisa que tem decidido, na “hora do vamos ver”, todos esses anos, é o índice do aumento. Acordaram-se no valor razoável que os bancários resolvem aceitar, “chutam o balde” da lista, dando nela um “forward” para o ano que vem.
Pergunto: ainda pagam contribuição sindical para a única reivindicação negociada que tem valido, o aumento de salário? É muito engraçado. Estão jogando dinheiro fora. Vocês não precisam de sindicatos só para isso. Aliás, percebam que dirigentes políticos não têm afinidade com técnica, conhecimento e a realidade das coisas, e só “luta” e barba por fazer. Isso diz muito.