O pedido – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira
Ela pediu um tempo para pensar.
Arrasado, ele baixou a cabeça e em seu íntimo sabia que era aquele o fim dos seus planos. No bolso ficou a caixinha vermelha de veludo com cetim. O peso da sua idade se fez presente em cada osso e seus olhos, por alguns segundos, não viram ela partir…
Andou pelas ruas sujas, arrastando os pés e chutando as pedras, tocou os cães de perto de si e espantou as pombas que comiam as pipocas do chão da praça. Reclamou do sol, da camiseta colada ao corpo e do comprimento das calças jeans.
Resmungou com o mendigo fedorento da esquina, discutiu com o menino que corria atrás de seu cão no parque. Esbravejou sua fúria em meio ao trânsito caótico da cidade enquanto tentava trocar a frequência da rádio com música ruim.
Quebrou o celular porque não pegava sinal, bateu com o controle remoto da tv na parede porque as pilhas estavam fracas, deu um bicudo no lixeiro do banheiro porque estava na frente da porta.
Arrancou as ervas daninhas, cortou a grama, rastelou o pátio, varreu a casa, tirou pó dos móveis, jogou água e sabão nas janelas, esfregou as venezianas. Levou o lixo para fora, pintou o que faltava do muro dos fundos, arrumou as goteiras do telhado.
Tomou um banho e uma lata de cerveja ao mesmo tempo. Cantou chorando. Vestiu a roupa enquanto espiava na janela. Colocou um LP para rodar no prato segurando um pão com a boca.
Desabou na poltrona e adormeceu em total esgotamento. Os sonhos não vieram, mas o tempo passou e então, o aparelho telefônico fixo ecoa seu chamado. Atordoado ele abre os olhos e destrava a agulha que passou boa parte da noite batendo no selo do disco.
Logo após um alô ele ouviu o SIM!!!
Levantou as mãos para o céu, gritou de euforia. Banhou-se, perfumou-se, vestiu-se, arrumou o cabelo cantando. Andou pelas ruas ensolaradas assoviando uma canção dos Beatles. Acariciou os bichanos que roçaram por entre suas pernas e jogou as migalhas do lanche para os pássaros. Sorriu para o alto e curtiu a brisa da manhã.
Entregou um cobertor e um desodorante novo para o homem da esquina, amparou a criança que cairia por correr de costas enquanto empinava sua pipa. Cedeu seu lugar no ônibus lotado para a moça que subiu equilibrando-se com o filho no colo. Deu uns pilas para o gaiteiro desafinado que tentava a sorte nas calçadas da vida.
Passou na loja de eletrônicos e comprou um novo smartphone e na floricultura, um buquê de flores…
Ela amou as rosas e o anel!!!
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