Empresas distantes das universidades – por Carlos Costabeber

Repercutiu entre os professores  o artigo da semana passada, “Gurizada empreendedora”. Recebi diversas manifestações que me levaram a escrever sobre o distanciamento entre as empresas e as universidades, numa clara demonstração de que algo precisa ser feito para mudar essa realidade. Vivemos no Brasil a triste relação “perde-perde”; ao contrário dos países mais avançados.

Segundo uma professora da área da saúde da UFSM, “temos desenvolvido produtos que poderiam ser, em escala industrial, utilizados na reabilitação de pacientes, mas que acabam parando “no muro” mencionado pelo senhor, limitando-se a trabalhos de conclusão de curso”. E concluiu: “Toda essa produção fica perdida no tempo e espaço. Uma frustração para nós que orientamos, e para esses talentos que se perdem no meio do caminho. Tudo para cumprir cronograma. Lamentável !!!”

Já outro professor desabafou: “é lamentável que nossos empresários não aproveitem os talentos e as oportunidades oferecidas pela UFSM”, dando exemplos da falta de interesse e falta de confiança das empresas locais. “Nós temos um dos melhores programas de pós-graduação, talvez do Brasil, com mais de 100 alunos bolsistas, só em nossa área. Atualmente já existem alguns grupos que trabalham em projetos para empresas de fora de Santa Maria”.

E concluiu: “Acredito que a Prefeitura (ou algum outro órgão), deveria coordenar a formação de uma equipe para desenvolver projetos específicos de interesse regional. O custo seria muito baixo, pois já existe uma grande quantidade e variedade de equipamentos disponíveis na UFSM e também muita mão de obra”. Espero que em algum momento “caia a ficha” dos empresários de Santa Maria e eles acordem para essa mina, aproveitando a oportunidade para gerar desenvolvimento em fontes mais originais na região”.

Já na última 4ª. feira, em pleno horário do jogo do Grêmio, fiz uma palestra na Semana Acadêmica do Curso de Engenharia Florestal, sobre a importância do empreendedorismo e de como planejar a vida profissional. E fiquei feliz em conhecer o grupo de alunos que promoveu o evento, denominado “Floresta Jr”. Essa é mais uma iniciativa de acadêmicos que anseiam desenvolver o empreendedorismo em sala de aula, e em parcerias com o mercado.

Entusiasmado em ver essa “gurizada empreendedora”, coloquei-me à disposição para orientá-los, uma vez que são raras as oportunidades de parcerias. Sonho que cada vez mais esses jovens busquem ser “donos do próprio nariz”, e não fiquem só na dependência de conseguir um emprego (o mercado está “fechado”), ou tentar uma vaga no setor público – cada vez mais raro de acontecer.