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As lentes me fazem chorar… – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira

Desde criança sinto dores de cabeça, enxaquecas insuportáveis e duráveis, e por muito tempo tenho me perguntado se não seria culpa de meus próprios olhos. Sempre fui a médicos periodicamente devido as minhas frequentes crises de bronquite e logo fui diagnosticada com asma crônica. As peregrinações em busca da cura envolviam visitas a novos médicos e retirada de sangue com certa regularidade.

Lembro de ter consultado um outro especialista, tinha cerca de uns 11 anos, era um oftalmologista, ao invés de pediatra ou pneumologista. O colírio que dilatava as minhas pupilas fora a primeira sensação de pavor que senti por não poder ver as coisas ao meu redor com a nitidez que estava acostumada, os ponteiros do meu relógio de pulso, as letras da revistinha infantil em minhas mãos, tudo tornou-se parte de um pesadelo que ainda me acompanha, até os dias de hoje. Por vezes sonho que tenho uma carta ou bilhete em minha frente e sequer posso ler as palavras que me libertariam.

Porém, daquela vez, saí do consultório sem ter um diagnóstico de problema ocular, embora sentisse o desconforto com a luz extrema e dores de cabeça na escola e após ela.

Voltei a estar com um especialista da área anos depois, com 18 anos. Desta vez, saí com uma receita de óculos em minhas mãos e desde então sei que a miopia, a dificuldade de ver a distância, tem me acompanhado.

Deixei de fazer esportes que gostava, quebrei muitos óculos e entrei no banho com eles, tratei feridas próximo as orelhas e do nariz, enfim, nestes mais de vinte anos no qual descobri partilhar desta deficiência foram muitas histórias tristes e até mesmo hilárias, pois nem tudo são lágrimas.

No entanto, em algumas poucas ocasiões, decido usar lentes de contato ao invés dos meus óculos, e olho para o céu estrelado de uma noite límpida. Vejo aquele tecido negro repontado de astros cintilantes e belos com uma nitidez e quantidade que por anos havia esquecido. Posso localizar as constelações, apontar os planetas para meus filhos, lembrar as nebulosas, visualizar o braço da galáxia cortando o firmamento de ponta a ponta, procurar satélites e ser surpreendida por estrelas cadentes, e é nessa hora em que posso ver como antes, é neste momento que minha visão corrigida se embaça e as lágrimas escorrem…

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