Economia

DÓLAR. Moeda norte-americana fechou a quarta-feira em R$ 3,06. Menor valor desde junho de 2015

Por ELAINE CRUZ, da Agência Brasil

O dólar fechou a quarta-feira (15) a R$ 3,06 em mais um dia de desvalorização da moeda norte-americana, na menor cotação desde 18 de junho de 2015. Ontem (14), o dólar fechou em R$ 3,096.

Assim como ontem, o Banco Central vendeu nesta quarta-feira mais 6 mil contratos de swap cambial tradicional, operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro.

Segundo o diretor da Área de Futuros da Spinelli Corretora, Esthevão Sampaio, a desvalorização do dólar nos últimos dias pode ser explicada por uma “sincronia de situações”, entre as quais a grande entrada da divisa no Brasil.

“Muitos estão se aproveitando do fim de crise para trazer dinheiro e fazer algum investimento ou aplicação em renda fixa, que ainda é uma grande aposta porque os juros nesse patamar ainda dão um bom retorno”, disse. A queda dos juros, de acordo com o analista, também explica em parte o movimento de queda do dólar.

Segundo Sampaio, há também otimismo com o contexto político e econômico no país, embora as mudanças ainda não tenham ocorrido na prática. “O governo hoje tem maioria no Congresso, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal e, então, para lutar pelas reformas, ele está bem calçado. Isso traz otimismo, mesmo que, na prática, isso não esteja vigorando ou sendo notório.”

A previsão do analista é que o dólar continue em queda. “Existe um patamar psicológico. O valor de R$ 3 é psicológico. Quando chegar ali, vamos ver o que vai acontecer. Mas, de um modo geral, há um consenso no mercado de que ele vai furar os R$ 3. Talvez até uns R$ 2,95 ou R$ 2,98.”

Para o economista Rogério Storelli, gestor da GGR Investimentos, parte da desvalorização do dólar pode ser explicada pela especulação. “O mercado está testando um pouquinho para ver quando o Banco Central voltaria a comprar dólares”, disse.

Outro fator para a desvalorização, segundo o economista, é o otimismo do mercado com a possível reforma da Previdência, que já começou a ser discutida na Câmara.

“Esses motivos, conjugados com a calmaria do mercado internacional – e o Donald Trump ainda não anunciou as medidas econômicas –, o corte de impostos e o plano de infraestrutura têm contribuído para que investidores estrangeiros tenham um pouco mais de apetite ao risco, trazendo recursos para o Brasil”, disse Storelli.

Ao contrário do analista da Spinelli Corretora, o economista não aposta na continuidade da queda do preço do dólar. Segundo Storelli, não há fundamentos fiscais que sustentem a valorização do real frente à moeda norte-americana.

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