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Mestres, Sapos e Escorpiões – por Pylla Kroth

Estava aqui “com meus bichinhos” a pensar a respeito de uma noticia recentemente publicada sobre um delito cometido por um sujeito, na qual a mãe desta pessoa, quase a título de justificativa, declarou à reportagem que “ele não tem jeito, é assim desde criança, é da natureza dele”.

Não vou entrar nos méritos do acontecimento nem da justificativa, mas a verdade é que este fato me levou a refletir sobre o assunto da natureza das pessoas. E imediatamente me pus a perguntar: seria da natureza desse bando de políticos “salafros” e ladrões se beneficiarem do cargo que o povo lhes concedeu? Nasceram assim e não conseguem evitar resvalar ao abismo da corrupção? Ninguém nunca havia reparado? Qual explicação? “Da natureza deles”? Snif, snif!

Ainda refletindo sobre o assunto, recordei de uma conhecidíssima fábula africana que escutei há vários anos, sobre o sapo e o escorpião. Reza a lenda que um escorpião queria atravessar uma lagoa e pediu ao sapo que lhe desse uma carona, carregando-o nas costas. A princípio o sapo recusou, argumentando que o escorpião poderia picá-lo no meio da lagoa e que, paralisado, ele afundaria e morreria. O escorpião então contra-argumentou, dizendo que seria tolice fazer isso, pois ele também morreria com o sapo ao afundar, e prometeu não fazê-lo. Diante do que o sapo concordou com o negócio e deu a carona. Porém, quando estavam no meio da lagoa, o escorpião picou o sapo. Este, já afundando, se lamentou perguntando “por que, por quê?” E a resposta do escorpião foi: “porque esta é a minha natureza”

Imediatamente após esta história, lembrei de uma segunda que está conectada ao mesmo assunto, e talvez seja ainda mais conhecida de vocês, pois tenho visto circular muito nas redes sociais: a do mestre budista que vendo um escorpião se afogar num rio tentava repetidamente salvá-lo, mas a cada vez que o pegava para tirar da água era picado pelo escorpião. Até que diante da cena alguém comentou que era tolice, que isto sempre iria acontecer, que cada vez que tentasse seria picado. O mestre então usou uma folha para retirar o escorpião da água, salvando-o e evitando de ser picado novamente, e ainda deu uma moral no assistente dizendo o seguinte: “a natureza do escorpião é picar, mas isso não irá mudar a minha que é ajudar”

Frente a essas duas histórias, eu acredito que podemos tirar uma lição importante, por mais clichê que pareça: a nossa natureza não precisa mudar quando alguém nos faz algum mal, temos apenas que tomar nossas precauções.

E ao menos no referente às questões políticas, graças a Deus ainda temos em mãos o cabresto do voto, que dentro dos regimes democráticos é o mais poderoso instrumento que existe para tomarmos nossas precauções, bastando que saibamos usá-lo adequadamente.

É claro que é muito fácil dizer: ah, esta é  a natureza de todo político, não vai mudar, não adianta fazer nada, nem tentar ajudar este pais,o povo brasileiro não sabe votar, etc, etc. Isto não é aceitação: isto é acomodação. E acomodação, até onde eu sei, nunca fez o mundo girar. Aceitemos a nossa natureza, sim. Bem como a dos “outros”. Mas não nos deixemos governar por esses vermes. Tenhamos esperança, usemos a natureza ao nosso favor. Para que neste mundo haja mais sapos e mestres. E menos escorpiões.

E por falar em mestre e sapo, mudando “da mala para o saco”, queria aproveitar para fazer um aparte, pois humildemente o mestre Claudemir Pereira ao me convidar para escrever nesta coluna disse que eu poderia escrever o que quisesse aqui. Então o sapo Kroth (alemão para “sapo”), este escriba aqui, que já está velhinho mesmo, e não quer e nem pode mudar a natureza das coisas, quer se servir do espaço para fazer um comunicado. Decidi que irei fazer minha última apresentação em bar na minha carreira de cantor nesta quinta-feira, dia 13 de abril, véspera de feriado de sexta-feira santa. Será no Zeppelin Bar,as 22 horas; são apenas 100 lugares, portanto agende sua mesa através dos telefones do bar e garanta seu lugar. Está dado o serviço. Será um prazer vê-los e cantar para vocês uma última vez neste formato, ao natural.

 

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