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MÚSICA. O barulho da Boca do Monte: a agitação da cena neste começo de 2017, na visão de Atílio Alencar

Os guris da Vespertinos, que querem lançar o primeiro disco em breve, estão com uma campanha de financiamento coletivo no ar

Por ATÍLIO ALENCAR, com fotos de Graciane Martini (Vespertinos) e Juliano Dutra (Louis&Anas)

Não é novidade para ninguém que Santa Maria é terra de fertilidade gritante quando se trata de gerar boas safras sonoras. A cidade, que se estabeleceu como um polo musical consistente com a geração de bandas dos anos 90, mantém a constante renovação do cenário e das personagens – embora oscile em termos de números e qualidade de produção, como não poderia ser diferente em se tratando de um lugar cujas portas giratórias nunca cessam de fazer surgir e desaparecer gente jovem ano após ano.

Há quem diga inclusive que vivemos um dos ápices da história musical da cidade. Eu, que não sou besta de discordar desta tese, faço questão de ressaltar outro aspecto que contribui para o bom momento: a pluralidade de gêneros e tendências, que já não se restringem ao exíguo território do rock, tratando de absorver elementos do pop, do hip hop, de sonoridades regionais etc.

Levando em conta que qualquer radiografia desta cena fatalmente resultará parcial e fragmentária, ainda assim me propus a encarar a aventura – mui agradável, diga-se de passagem – de organizar um apanhado de coisas que estão acontecendo: lançamentos, gravações, campanhas, projetos, enfim, um pouco do fluxo forte que movimenta isso que teimosamente alguns de nós chamamos de cena musical de Santa Maria.

Pois então vejam.

2017 começou bem intenso, e já nos primeiros meses do ano diversos lançamentos viram a luz do sol. Primeiro foi o Jotape, uma das revelações do rap santa-mariense, que botou na rua o clipe de “Quando eu digo que é nóis”, um manifesto sobre o poder emancipatório da arte periférica em forma de ritmo e poesia. Quem já teve a oportunidade de assistir alguma edição da Batalha dos Bombeiros sabe que o guri é um talento reconhecido nos círculos de MC’s da cidade, e pelo que a qualidade do single deixa supôr, ele pode chegar longe.

Confira o clipe e tire suas próprias conclusões: https://www.youtube.com/watch?v=PXzHRRiesnU&feature=share

Pouco depois foi a vez da Three X, banda de hardcore/new metal com mais de 15 anos de atividade no underground local. Com letras engajadas e abertamente avessos ao hermetismo musical, os guris lançaram um clipe para o tema “Talvez”, canção que já circulava há tempos pelas playlists subterrâneas da cidade. O tema do vídeo, que expressa tolerância e respeito às mais diversas formas de amor, demarca bem o espaço que a banda pretende ocupar no meio alternativo de Santa Maria.

Ouça e veja o vídeo de “Talvez” aqui: https://www.youtube.com/watch?v=ohXz0Pmmy_g

A Louis&Anas, banda em ascensão no cenário de Santa Maria, vai gravar o disco de estreia e mais um clipe ainda primeiro semestre

Já a Guantánamo Groove, um dos maiores expoentes da música pop produzida na cidade hoje, não deixou por menos: lançou clipe novo, registros da apresentação no Theatro Treze de Maio (com a Orquestra Itaimbé, aglomerado de músicos que ornamenta uma versão mais arrojada de show da GG), foi selecionada para gravar um vídeo pelo projeto Nívea Viva (exibido na abertura do show de Jorge Ben, Céu e Skank em Porto Alegre), e, para breve, deve lançar um disco ao vivo.

Olha só o clipe de “Saiba ver o sol”, lançado no início do ano: https://www.youtube.com/watch?v=BCnmhOBDGak

E alguns projetos novíssimos também estão surgindo por aqui: sob o pseudônimo de Casanuevo, o músico Rafael Miranda (ex-integrante da banda Lugh) acaba de lançar o clipe da canção “Sabe”, um pop/folk suave de ares bucólicos produzido pelo Ronaldo Palma, o produtor a frente do estúdio Módulo Lunar.

O clipe, aliás, foi filmado em Silveira Martins, província amistosa suspensa nos altos da Quarta Colônia: https://www.youtube.com/watch?v=Q-yBAvIs_2Q

E por falar em Ronaldo Palma, é ele o mentor do projeto Monte Blanco, investida solo do guitarrista-produtor-filósofo-skatista que também integra a Pele de Asno, outra baita banda de Santa Maria. No clipe recém-lançado de “Making”, o pop sofisticado e charmosamente cosmopolita do Monte Blanco ganhou um belo cartão de visitas.

Outro clipe do projeto deve ser lançado em breve, mas enquanto isso não acontece, recomendo muito este belo instantâneo urbano que mistura som e fotografia impecáveis: https://www.youtube.com/watch?v=bPFFp28P03M

Além dessa leva de lançamentos, ainda está previsto para breve o primeiro disco da Louis&Anas (financiado através de uma bem-sucedida campanha de crowdfunding), que também pretende lançar um single em formato de clipe. A banda, aliás, também vem lançando alguns registros do show realizado no Treze de Maio no meio do ano passado.

Confira o registro ao vivo de “Hey Sister”: https://www.youtube.com/watch?v=B9vZuiyC2Ls

Outra banda de Santa Maria também está com data marcada para lançar novidades. O registro ao vivo do show O Zé, da Geringonça (que será filmado no Theatro Treze de Maio, com sessões abertas ao público), deve ser vir a público no segundo semestre, com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura do Rio Grande do Sul.

Por último, os guris da Vespertinos estão com campanha de financiamento coletivo do primeiro disco na rua, e para participar basta acessar a plataforma do Kickante e escolher o valor da doação e a recompensa equivalente: https://www.kickante.com.br/campanhas/primeiro-album-vespertinos-dago

Agora quando alguém disser que nada acontece na cena de Santa Maria, você pode refutar com bem-fundamentada gentileza o pessimismo do sujeito.

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