POLÍTICA. Destaques da coluna do editor no DSM: só duas chapas na UFSM? E nós e os edis em Brasília?
Se a eleição fosse hoje, ou se a inscrição estivesse encerrando, muito dificilmente seriam mais de duas as chapas competitivas para a Reitoria da UFSM. Esse é um dos destaques da coluna do editor na edição desta quinta, do Diário de Santa Maria.
Mas não é só isso. Tem também as ações políticas por conta do Hospital Regional, os convites para as efemérides da Câmara em maio e, claro, a seção Luneta. Nela, detaque para os bastidores da reunião do diretório do PP, anteontem.
Tudo isso nas versões online e impressa do Diário de Santa Maria.
Professores, funcionários e alunos têm todo o direito de escolherem seus gestores numa única situação: quando pagarem a própria conta.
Podem escolher seus dirigentes quando fizerem a universidade autônoma dos nossos bolsos. Quando forem atrás dos milhões de verbas que manteriam a universidade aberta. Aí sim. Paguem a conta e poderão escolher seus dirigentes entre vocês mesmos.
Aí queria ver se não seriam mais eficientes, não só na escolha do gestor como no controle das despesas e investimentos, bem como na própria seleção dos seus professores, administradores e alunos.
Queria ver se não mediriam, com avaliação de desempenho e produtividade de outra forma que é feita hoje, a qualidade das aulas e das pesquisas, a qualidade e competência dos seus administrativos, para daí despedir quem não está à altura.
Queria ver se aconteceriam greves políticas ou esquizofrênicas (ideológicas).
Queria ver se continuariam fazendo concursos como é hoje. Com concurso nunca pegariam os melhores professores e alunos para fazerem da instituição uma das melhores do mundo. Sim, a meta sempre precisa ser grandiosa, pois se não forem extremamente focados em resultados, é dos resultados que veem as verbas com mais facilidade.
Voltando à questão da greve dos funcionários da UFRGS citada acima, o que fez aquele reitor escolhido entre os “próprios índios da aldeia” dele? Nada. Ele “lavou as mãos”. Ele não representava a sociedade que paga a conta, que exigiria medidas mais duras e legais para colocar a casa em ordem, ou seja, tomar atitudes legais para que as condições operacionais voltassem a normalidade, que os alunos voltassem a se alimentar e ter acesso aos livros. Quanto custa isso para a sociedade?
Não vou falar agora da universidade local, vou falar do padrão de todas as universidades brasileiras: é comum vermos cursos com salas de aulas quase vazias; cursos com qualidade inferior ao que se espera e se paga; nós vemos uma estabilidade de serviço público que mantém alguns docentes fazendo de conta que dão boas aulas (fui aluno, sei disso); nós vemos todos os anos greves absurdas que não descontam o salário de quem as faz, que prejudicam a qualidade da educação e o atendimento do próprio aluno que mais precisa. A UFRGS, em uma greve recente, teve funcionários parando por quase quatro meses o serviço de bibliotecas e restaurantes. Um absurdo. E não foram descontados nenhum dia de salário. Quanto custa isso? Teve algum resultado? Nenhum positivo, só negativo. Greve abusiva que quem paga conta somos nós. Isso é comum.
Nós pagamos uma alta conta para vermos em todo o Brasil professores PhDs se fazendo de burocratas e administradores de reitorias, centros de ensino e coordenadores, vagas que deveriam ser alocadas para administradores, não para professores que deveriam estar nas aulas e nas pesquisas, não em cargos ouvindo aluno chorar pedindo para fazer disciplinas pulando créditos para poder se formar em tempo hábil.
Há PhDs em cargos de coordenadores de curso aos montes, isso não tem cabimento algum.
Atividade administrativa é uma coisa, atividade escolar é outra. Quando um PhD assume um cargo administrativo, mal comparando, é como colocar um médico no cargo de porteiro, pagando salário de médico. Nada a ver. Desqualificamos o valor que tiramos dos nossos bolsos e o potencial do próprio profissional.
Aposto que tem muita gente boa nas universidades e escolas públicas que pensam a mesma coisa.
As melhores universidades do mundo funcionam assim? Não. A gestão é profissional, não advinda de uma votação do “cacique entre os índios da própria aldeia”, e por isso funciona melhor em todos os aspectos. Funcionando melhor, a conta é menor. Mais resultados. Melhor formação. Isso é notável. O modelo atual brasileiro é até bizarro.
Se está sendo feita assim em outros órgãos, está errado. Isso é resquício ainda danoso dos tempos da ditadura, tempo em que para proteger instituições públicas de alto impacto social, grupos forçaram a exigência de escolha dos dirigentes pelos próprios “índios da aldeia”. Conseguiram. Parabéns. Eram tempos muito difíceis para isso. Mas os tempos de hoje são outros, não mais pertinentes para manter essa situação.
É um absurdo um aluno, que usa o serviço público de escolarização por período temporário, votar para se escolher o dirigente maior de uma instituição pública cujo dono é toda a sociedade, não ele. Assim como é a escolha de diretores nas escolas públicas.
É um absurdo funcionários públicos elegerem por voto seus próprios dirigentes, isso não existe. Isso quebra qualquer empresa ou instituição. O que funciona é competência, não escolha política onde qualquer um pode se candidatar. O que funciona é “cada macaco no seu galho” (o lado profissional).
Quem disse para o sr. Jorge que “a sociedade paga a conta” para que a universidade seja meramente eficiente? Eu ajudo a sustentar a universidade para que ele eduque as pessoas, não apenas pensando em serem empresárias. A universidade não é uma empresa, ela é uma instituição que forma profissionais para o mercado, mas com uma visão de cidadania. Não se ingressa na instituição para sair de lá um robô. Portanto, se é verdade que é a universidade precisa mostrar resultados para a sociedade, isso não significa que ela precisa ser como uma linha de produção e montagem. Por outro lado, tendo em vista que a universidade reflete a sociedade, nada mais justo que os métodos de democracia da sociedade também sejam utilizados pela comunidade interna, o que significa dar a ela a possibilidade de escolher seus dirigentes. Até em órgãos eminentemente técnicos, como por exemplo, o Ministério Público, a chefia é nomeada após uma lista tríplice elaborada pelos próprios pares. Portanto, não se quer inventar a roda. A democracia permeia todas as instituições, acima de tecnicalidade burocráticas e mentalidades autoritárias.
Está aí algo absurdo para os tempos modernos: os próprios índios de uma instituição pública escolhem o seu gestor. E nós pagando a conta. A escolha não é nem pelo mais capaz dos pretendentes mas resultado de uma conformação de apoio político/ideológica, como sempre. E isso é desqualificador. A gestão correta nunca deve ser ideológica, mas capacitada, habilitada, treinada. Para alcançar o poder, grupos de professores se dividem, então surgem “os amigos do rei” e “outros nem tanto”, quando deveriam todos juntos focar para a missão da obrigação profissional a que foram concursados.
A chance de escolherem um professor para reitor é praticamente 100%. Mas geralmente não é a da área administrativa, ou seja, não tem especialização nenhuma em gestão. O escolhido vai alavancar para a reitoria outros professores. Para ensino, pesquisa e extensão? Não, para exercerem cargos administrativos. O cara faz mestrado e PhD, que custa uma montanha de dinheiro público e tempo de formação, daí fica 4 anos assinando burocracia e “fazendo social”, quando não vira 8 anos. E na origem não foi concursado para esse cargo. Tem coisas que não dá para acreditar, mas sim, existe, no Brasil.
O correto seria uma gestão profissional, capacitada, nas costas tendo exigências de metas e resultados a cumprir, cobrando do corpo docente e do administrativo resultados de cada setor. E os professores nas salas de aula e na pesquisa. Afinal, é para isso que a sociedade paga a conta, muito alta por sinal.