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O presente – por Orlando Fonseca

Nossa cidade, que completa 159 anos nesta semana, como muitos outros centros urbanos, não surgiu depois de uma decisão ou de um planejamento. De um acampamento militar – da comissão demarcadora do Tratado de Santo Ildefonso – restaram por aqui uma rua e uma capela. Com o tempo, daí surgiram avenidas, prédios, praças, conjuntos habitacionais, vilas e bairros e, enfim a Santa Maria da Boca do Monte. Mesmo a data de aniversário, a ser comemorada em 17 de maio, não assinala o lançamento de uma pedra fundamental, a instalação de uma instituição que significasse o início de uma comuna. Trata-se, na verdade, da ocasião histórica de sua emancipação, pois desde o tempo em que se viu marcada em algum mapa, a região era distrito de Cachoeira do Sul.

Por não ser uma cidade planejada é que herdamos uma série de circunstâncias que são verdadeiros obstáculos ao nosso desenvolvimento. Tivemos dois grandes influxos nesta história de 159 anos. Primeiro, a ferrovia, com sua Gare, o entroncamento da malha, as oficinas, a Cooperativa e as escolas de formação profissional. Pela Avenida Progresso, hoje Rio Branco, a cidade viu chegar o tamanho que atingiu até meados do século passado, quando o transporte ferroviário perdeu terreno. O segundo impulso que recebeu foi a instalação da primeira Universidade Federal do interior do país. Além dos investimentos que aportaram por aqui – e têm garantido grande parte do PIB local até hoje – a cidade recebeu levas e levas de pessoas que vieram em busca do tão desejado ensino superior. Com isso se ampliou a oferta de vagas para além da UFSM, contando hoje com um expressivo centro universitário de oito instituições.

Quando se iniciavam as tratativas para que a linha férrea, que uniria a Capital à fronteira, passasse por Santa Maria, houve resistência de algumas lideranças da cidade. Segundo João Daudt Filho, em seu livro de memórias, não foi fácil convencer os donos dos terrenos ao norte – junto aos morros – de que a chegada dos trilhos era a chance de a cidade dar um salto de qualidade. Desconheço as injunções a respeito da vinda de uma instituição federal para a cidade, mas imagino que, se o fundador Dr. Mariano saísse a perguntar para a população, ou ao menos, fosse à tribuna da Câmara de Vereadores para realizar audiências públicas a respeito de seu plano visionário, poderia ter sido desestimulado a levar adiante o seu propósito. Felizmente, tanto no caso do Daudt, que se desdobrou para convencer os santa-marienses da importância da ferrovia, quanto no de Mariano da Rocha, que não se abalou diante das dificuldades de seu empreendimento, a cidade pôde contar com a persistência de gente que tinha um projeto para a cidade.

Se em sua origem, a cidade não teve planejamento, ao menos nesses dois casos podemos perceber uma visão de futuro. Estamos, mais uma vez, diante da necessidade de novo salto. A cidade atingiu um tamanho e importância no cenário estadual que elevam os problemas, multiplicam as dificuldades, desafiam os gestores, os empreendedores e a comunidade em geral a buscar soluções de grande medida. Ou seja, para que a celebração de seus 159 anos não seja mera formalidade do calendário, é preciso que se tenha um projeto para a cidade poder apresentar números louváveis para os seus próximos 50 anos. É o presente que a Aniversariante merece, para que não inicie seu envelhecimento precoce.

DE FATOS E DIVERSÕES

– Com as provas materiais coletadas pela PF para condenar o ex-presidente, não dá para construir um apê no “Minha Casa Minha Vida”, muito menos um triplex no Guarujá.

– Sexta passada, um ataque hacker gigantesco foi registrado em mais de 100 países, com milhares de detecções do vírus WanaCrypt0r 2.0, chegando a 100 mil em menos de 24 horas. As ocorrências maiores estão na Rússia, Ucrânia e Taiwan. Já em território brasileiro, os ataques se devem à dupla de marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Em delação premiada, para condenar Dilma, produziram a fantástica versão do rascunho de um e-mail, uma senha de wi-fi com o nome da mulher do Costa e Silva. E o pior é que está infectando as redes sociais e a chamada Grande Mídia.

– Temer, comemorando um ano de (des)governo – rejeitado por 92% segundo o DataFolha, desemprego em 14%, economia estagnada, 9 ministros e ele envolvidos na LavaJato – em entrevista ao Estadão, diz que só o “emprego será medida do seu sucesso”. Até ele sabe que se dependesse do desempenho em seu emprego atual, já deveria estar pedindo o boné.

– Por falar em emprego, o Palácio do Planalto emprega uma babá de Michelzinho, como assessora do Gabinete de Informação em Apoio à Decisão (Gaia). Então tá explicado: o órgão é responsável por municiar o presidente da República com dados para tomadas de decisão, é a moça que não entende nada de gestão pública, ética e política e muito menos de economia.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra a crônica é de Gabriel Haesbaert, originalmente publicada no jornal A Razão, ano passado.

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