CRISE POLÍTICA. E aí vem o Joeslei outra vez, faz novas acusações e pressionam Temer ainda mais
Por FLÁVIA MARREIRO, com foto de Reprodução, na versão brasileira online do jornal EL PAÍS
Foi em 17 de maio que Joesley Batista colocou o presidente Michel Temer contra as cordas. Nesta data, o jornal O Globo, respaldado pela poderosa TV Globo, revelou que o magnata da gigante de carnes JBS havia assinado um acordo de delação premiada que continha uma gravação em áudio altamente comprometedora para o presidente. A delação e a gravação, esta feita em encontro secreto na residência oficial, mergulhou o Governo em profunda crise, mas não o fez entregar os pontos.
Um mês depois, o empresário voltou à carga. Nesta sexta-feira, Joesley disse à revista Época que o peemedebista lidera “a maior e mais perigosa organização criminosa” do país, sem limites na ânsia de pedir favores pessoais e dinheiro em atuação coordenada com o ex-deputado preso pela Operação Lava Jato Eduardo Cunha. A entrevista surge às vésperas de o Supremo Tribunal Federal discutir a validade do acordo de delação premiada que livrou o empresário de responder a processos. Também coincide com a contagem regressiva para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente a denúncia (acusação formal) contra Temer que pode afastá-lo do poder.
O dia já não havia sido positivo para o Planalto. Enquanto o Governo passava por mais um constrangimento, com o pedido de demissão do ministro interino da Cultura, João Batista de Andrade, Joesley Batista prestava depoimento à Polícia Federal. O novo testemunho faz parte do inquérito que investiga se Temer cometeu os crimes de obstrução da Justiça, organização criminosa e corrupção passiva com base na delação do empresário e deve ser concluído neste fim de semana. O material será usado por Janot na denúncia contra o ocupante do Planalto que, pelos parâmetros legais, deve acontecer até 26 de junho.
O procurador-geral deve remeter o pedido de abertura de processo ao Supremo, que, por sua vez, o enviará para Câmara, onde ao menos 342 deputados têm que aceitar a pedido para que ele siga adiante. Se Temer for derrotado e o Supremo torná-lo de fato réu, ele será afastado do cargo, com a ascensão interina do atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Os prazos de Brasília e da Operação Lava Jato correm, e o Governo faz o que pode para segurar os aliados no Congresso e liquidar o quanto antes a votação da denúncia para evitar a influência de “fatos novos” do escândalo no plenário. Ao menos essa era avaliação até a quinta-feira, antes de o novo lance midiático de Joesley Batista obrigar novos cálculos. Na entrevista à Época, ele detalha como Temer e aliados negociavam para manter Eduardo Cunha longe de um acordo de delação premiada com a Lava Jato e diz que quem cuidava disso pessoalmente era o então ministro Geddel Vieira Lima, que caiu no ano passado sob acusação de ter pressionado um órgão público a favorecer um empreendimento em Salvador no qual tem um imóvel. “O Temer é o chefe da Orcrim (organização criminosa) da Câmara. Temer, Eduardo (Cunha), Geddel (Vieira Lima), Henrique (Alves), (ministro da Casa Civil, Eliseu) Padilha e Moreira (Franco). É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto”, disse o magnata.
A batalha dos irmãos Batista é também por salvar a própria pele. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o Supremo Tribunal Federal marcou para a próxima quarta-feira a análise de um questionamento sobre os termos do acordo de delação premiada firmado entre os magnatas da maior gigante de carnes do mundo e o procurador-geral, Rodrigo Janot. A imunidade obtida pelos empresários gerou enorme controvérsia. Se os 11 ministros do Supremo mudarem o acerto, será a primeira vez na história da Lava Jato que isso acontece e pode afetar novos acordos de colaboração com a Justiça.
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Por que essa eminência parda chamada de Joesley se reuniu com Lula e Cunha para discutir os trâmites do impeachment da dama de vermelho?
Quando menos se espera aparecem histórias de uma figura estranha do nada se metendo em assuntos que não lhe cabe, ou melhor, não caberia se não tivesse tanta influência entre milhares de políticos, inclusive “assim-assim” com o Chapolim Colorado.
Acordo da JBS, se não me engano, é o primeiro feito em Brasília. O primeiro que deu rebu. O primeiro de Janot. Se não sabe fazer, por que não pergunta para quem sabe?
Globo quer derrubar o Temer, nenhum espanto. Quer derrubar Trump, va lá. Mas transformar Joesley Safadão em vítima já é demais! Forçou a amizade! Dá para desconfiar de um acordão nesta história. Teoria da conspiração mesmo. Joesley Safadão isentou Santo Padim Lula, colocou a culpa no Guido Carcamano. Palocci teria feito o mesmo, jogou nas costas do italiano e teria reconhecido a venda de informações privilegiadas para bancos (Brasil tem uns 40 bancos privados, uns 20 públicos, mais alguns bancos cooperativos; quem critica geralmente não sabe do que está falando). Para os bancos resulta em multa, proibição de atuar no mercado financeiro para alguns diretores e na área criminal vira cesta básica. Conclusão: não dá para acreditar em ninguém.