NA REDE. #SomosTodosPaisKiss alcança o topo dos temas mais falados no Twitter e vira notícia nacional
Por LUIZ ROESE (com imagem sobre reproduções), Especial para o Site
Manifestações de apoio aos pais de vítimas da Kiss processados por promotores e um ex-promotor de Santa Maria fizeram com que a #SomosTodosPaisKiss chegasse aos assuntos mais comentados no Twitter, no Brasil, na noite de domingo (18).
Vídeos e mensagens de apoio foram compartilhados por dezenas nas redes sociais. Quatro anos anos após a tragédia que matou 242 pessoas, três pais e uma mãe de vítima da boate Kiss podem ser condenados em seguida, enquanto os responsáveis seguem impunes.
No Facebook, a página Somos Todos Pais Kiss, criada no último dia 15, já tinha mais de 7 mil curtidas e 5 mil seguidores até às 11h30 desta segunda-feira (19). Usuários do Rio Grande do Sul e de outros Estados gravaram vídeos e manifestando solidariedade. Famosos também aderiram à campanha. Atores como Rafael Cardoso, Edson Celulari e Dira Paes, da Rede Globo, gravaram vídeos em solidariedade aos pais. Políticos como o deputado Paulo Pimenta e os ex-ministros Miguel Rossetto e Alexandre Padilha também gravaram vídeos de apoio. Sem falar nos outros familiares de vítimas da Kiss que também manifestaram seu apoio.
“Pais que perderam filhos na tragédia da boate Kiss se condenados podem ser presos, pois foram processados criminalmente por promotores do MP RS. O que os pais fizeram? Escreveram artigos e cartazes contra a absurda decisão dos promotores que arquivaram os processos dos servidores públicos que tinham conhecimento das graves irregularidades da boate”, diz o texto de apresentação da página.
A campanha é promovida pela Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), pelo Instituto Juntos, pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), pelo Conselho Regional de Serviço Social do Rio Grande do Sul (CRESS-RS) e por outras entidades da sociedade civil.
Quem são os pais processados
Dois pais de vítimas que estão sendo processados podem ter sentença a qualquer momento, No processo cível contra a mãe de vítima Irá Mourão Beuren, conhecida como Marta, desde o dia 2 de junho o juiz Carlos Alberto Ely Fontela, da 3ª Vara Cível de Santa Maria, está apto para dar uma sentença, condenando ou absolvendo a mãe
Mãe de Silvio Beuren Junior, o Silvinho, que morreu na tragédia da Boate Kiss aos 31 anos, Marta responde a processo cível por injúria, difamação e falsidade ideológica. Ela é processada pelo promotor aposentado João Marcos Adede y Castro e pelo filho dele, o advogado Ricardo Luís Schultz Adede y Castro. O processo foi instaurado devido a um artigo publicado em um jornal de Santa Maria, de autoria de Irá.
Os autores do processo alegam que o texto opinativo, de autoria de Irá Mourão Beuren – ela assinou o artigo como Marta, como amplamente é conhecida – teria sido ofensivo e calunioso, além de defenderem que o fato de ela ter usado um nome diferente “é uma clara tentativa de se esconder”. A publicação foi feita em 6 de maio de 2015.
Nesse processo cível, a acusação pede uma reparação financeira da mãe, o chamado dano moral, e que a sentença seja publicada nos mesmos meios em que saiu o artigo que originou a ação, o jornal de Santa Maria e o Facebook. A ré é defendida pela advogada Patrícia Michelon.
Outro processo pronto para ter sentença é contra o pai Paulo Carvalho, diretor jurídico da AVTSM. Ele responde por calúnia e difamação, em ação ingressada pelos promotores Joel Dutra e Maurício Trevisan. Nesse processo, ele é defendido pelo advogado Pedro Barcellos Jr.
Paulo é pai de Rafael Paulo Nunes de Carvalho, que morreu aos 32 anos na tragédia da Kiss. As acusações têm por base dois artigos de Paulo Carvalho publicados em jornal de Santa Maria e uma publicação feita em seu Facebook, com críticas à atuação dos promotores no caso. O processo corre na 2ª Vara Criminal de Santa Maria. Uma sentença, condenando ou absolvendo o pai, deve sair até o final de junho.
Enquanto isso, qualquer condenação dos quatro réus do processo principal da tragédia da Boate Kiss ainda vai demorar, pois há recursos em tramitação no TJ/RS, e o caso ainda deve chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
Os outros dois pais processados são Flávio José da Silva, vice-presidente da AVTSM, e Sérgio da Silva. Nessa, presidente da AVTSM. Eles são processados por calúnia pelo promotor de Justiça Ricardo Lozza, de Santa Maria. A ação tramita na 4ª Vara Criminal de Santa Maria.
No processo, Flávio requereu a chamada “exceção da verdade”. Defendido pelo advogado Pedro Barcellos Jr, ele tenta provar que não caluniou o promotor e que falou a verdade, ao dizer que o Ministério Público sabia que a Boate Kiss funcionava em situação irregular. Esse incidente processual está sendo julgado pelo Órgão Especial do Tribunal Pleno, do Tribunal de Justiça do Estado (TJ/RS), em Porto Alegre.
Flávio é pai de Andrielle, que morreu na tragédia aos 22 anos. Se o TJ/RS considerar que Flávio não mentiu, o processo principal por calúnia deixa de ter sentido na 4ª Vara Criminal de Santa Maria. Em caso contrário, a ação seguirá normalmente. Sergio, o outro pai processado por calúnia no mesmo processo, é defendido pelos advogados Ricardo Munarski Jobim e Luiz Fernando Scherer Smaniotto. Ele é pai de Augusto Sergio Krauspenhar da Silva: 20 anos, estudante de direito e filosofia que morreu na tragédia da Kiss.
A “exceção da verdade” começou a ser julgada no dia 22 de maio, em Porto Alegre, mas a sessão foi suspensa, após o voto de 20 desembargadores e um pedido de vista. No placar, 20 a zero contra Flávio. Falta o voto de dois magistrados, os desembargadores Rui Portanova e Gelson Rolim Stocker. É muito difícil, mas ainda pode haver mudanças de posição nos votos que já foram dados. O julgamento da “exceção da verdade” prosseguirá no dia 26 de junho, âs 14h, no TJ/RS.
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