Artigos

Augusto Agosto – por Pylla Kroth

Estamos no finalzinho de julho, e aí vem o temido agosto, ufa!

O poeta dizia em sua poesia tratar-se do mês do desgosto. Meu velho pai vinha com a conversa de que “se passar do agosto”, chegaríamos de boa até dezembro.

Dizem também ser “o mês do cachorro louco”. Por quê?  Uma grande concentração de cadelas que entram no cio, devido às condições climáticas e os cachorros brigam pra conquistar suas fêmeas. Essa luta feroz entre os machos faz com que a raiva, doença transmitida pela saliva do bicho, se espalhe mais, uma vez que, infectados, os cachorros babam e ficam com aparência de “cachorros loucos”.

Lá no passado a história é cheia de superstição rodeando este mês. Agosto vem de “Augustus” em latim, foi uma homenagem “modesta” que o imperador César Augusto fez a si mesmo, dando seu nome ao mês no calendário Juliano, no qual cada mês recebe o nome de uma divindade do panteão romano.

Na Argentina, há daqueles entre “los hermanos” que não lavam a cabeça no mês de agosto, pois existe uma crendice de que se lavar a cabeça em agosto estará atraindo a morte. Aqui no Brasil é o mês do frio, da chuva e do vento forte. Segundo a astrologia é o mês regido pelo elemento fogo e pelo signo de Leão. Em Portugal as mulheres evitam o casamento neste mês, ao contrário da Alemanha em que este é o mês dos casórios.

Dizem também que o mês que se aproxima é dotado de energias  negativas, seria o mês do azar, porém há quem tem diga que é um mês cheio de magias. Será? Há fatos relacionados a este mês que intrigam: Getúlio Vargas se suicidou em agosto, Juscelino Kubitscheck morreu em um acidente no danado agosto. Já estou batendo na madeira aqui. Toc-toc-toc! A primeira Guerra Mundial começou em agosto, a bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima e Nagasaki em agosto, o anticristo Adolf Hitler se tornou líder e chefe da Alemanha nazista neste mesmo mês. O muro de Berlim foi construído em agosto, e em agosto de 1968 os católicos e protestantes começaram se matar “em nome de Deus”. Pode? Mas tem alguns fatos de fundamento, pensando bem, e outros nem tanto. Eu prefiro me benzer! Credo em cruz, Ave Maria!

Fato que foi num mês de agosto que recebi uma ligação de meu primeiro produtor. “Acho que arrumei o contato para último patrocinador de nosso disco! Amanhã, às oito horas, esteja no referido local pontualmente, pois o empresário tem a agenda lotada e nos dará quinze minutos pra explanarmos o projeto!” Marcado. A noite que antecedeu o encontro veio com chuva, tempestade, ventos fortes, virava na cama e nada do sono vir. Mas lá pela madrugada, apaguei. Acordei repentinamente, queimado no horário, faltavam dez minutos para o horário combinado. Saltei da cama, coloquei a roupa sem escolher, lavei a cara sem escovar os dentes e saí correndo até a garagem do edifício, a chuva insistindo em não dar trégua, o vento norte era de enlouquecer qualquer um. Ao manobrar o carro, raspei a lateral num pilar, o portão não havia aberto totalmente e amassei o carro no teto, subi a rua, dobrei a direita, pisei fundo no acelerador e, logo a frente, na subida uma sinaleira. Parei, aguardando o sinal, abriu o sinal e o motorista do carrão “maneteou”, deixou o carro a álcool apagar, buzinei e nada do sujeito conseguir ligar o dito cujo. Fechou o sinal duas vezes e abriu novamente e eu insistindo em buzinar, tentando manobrar e desviar do carrão a minha frente, até que, pronto, consegui, então  quando já estava quase ao lado do carrão senti que a porta do carrão se abria, e lá de dentro salta um sujeito enfurecido e aos gritos “&%#*♠#♀☻1•○!!!”.

Acelerei, passei o carro, pelo retrovisor avistei o sujeito vindo atrás, dobrei a esquerda em alta velocidade e enfim não o vi mais. Mas aí, nessa altura, já estava em outro roteiro que o previsto, dei meia volta e tive que perder mais dez minutos no trânsito,que era intenso no início da manhã. Enfim, cheguei ao local, gastando mais cinco minutos pra estacionar.

Saltei para fora e me diriji ao prédio da empresa do futuro patrocinador de nosso disco. O produtor com as mãos na cabeça. Desculpei-me, pedi calma, entramos e logo fomos atendidos pela secretária que pede para aguardar nos oferecendo um cafezinho. Ufa, respiramos fundo. Cinco minutos depois e a moça solicita que o acompanhamos até a sala do famoso empresário. A porta se abriu. O produtor entrou na frente, quando coloquei o pé pra dentro levantei a cabeça. Quem era o cara que me esperava com o 38 na mão? Ele mesmo. O cara do carrão com quem eu havia me desentendido no trânsito. “Saia da minha sala imediatamente, ou te enfio um tiro na testa, cabeludo!”.

Saí rapidinho, correndo porta a fora e meu produtor correndo atrás de mim branco feito um giz, sem entender nada. Era um Agosto, pelo sim e pelo não: que desgosto! Ficamos sem o último patrocinador. Quem tiver o disco “Crime ao Vivo” da FUGA observe um quadro de patrocínio em branco. Aí tem a causa.

Está em um dicionário de “refranes” que ganhei em Barcelona: “Agosto, ni col,ni mujer,ni mosto!”, um dito popular referente ao fato de que nesta região do mundo no calor do verão não propiciava em tempos idos certas coisas, entre elas relações com mulheres que tendiam a ser tensas, a obtenção de vegetais frescos como o repolho e a cura adequada do vinho de safra nova que não acontece antes de outubro.

Não creio muito em “brujas”, mas sabemos o que se diz: “pero que las hay, las hay!”. Então, não custa ficar atento, pois ele, o “Augusto”, está chegando e, se passar, para dezembro será um pulinho! Salve-se que puder!

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo