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Sempre ao seu lado – por Daiani Ferrari

Pareceu até calculado, mas foi ao acaso. Hoje ouvi essa história justamente quando estava sem ideia alguma para escrever. Aliado ao fato de domingo ser o dia das mães, ela veio a calhar.

Pelé chegou à casa da dona Izaltina quando tinha cerca de dois meses. Nunca a família tentou saber de onde veio, o motivo de ter vindo e o porquê de ter sido exatamente ali. Ele chegou e ficou. O Pelé cresceu na família. Desde pequeno, notou-se que ele tinha algum problema neurológico, mas naquela época, e no interior, as pessoas apenas eram assim. Nunca teve um diagnóstico ou acompanhamento médico.

Virou adulto e passou a ser o tio Pelé. O tio que sempre morou com o vô e a vó. Os irmãos estudaram, casaram, foram embora e o Pelé sempre esteve ali. Quando o vô morreu, ele e a vó, na maior parte do tempo, ficaram sozinhos. Os irmãos vinham no final de semana para ajudar no pátio, levar coisas da cidade. Apareciam no meio da semana quando era necessário ir ao médico. Mas os grandes parceiros mesmo eram o Pelé e a vó. Sempre juntos.

Ele estudou até a segunda série. Não conseguiu passar disso. Não sabia ler e escrever – nem mesmo o nome, mas conhecia as letras. Ela era alfabetizada, mas com o passar dos anos e a diabetes, as vistas foram cansando e apagando e não havia o que pudesse ser feito. Ela já não enxergava nada, mas Pelé tornou-se os seus olhos, não só para a locomoção, mas também para a leitura. Pelé ditava as letras e dona Izaltina lia com os olhos dele. E assim eles foram até os últimos dias dela. Assim que a vó faleceu, Pelé, que já havia cumprido a missão de sua vida, também se foi.

Não sei se é destino, mas parece que a missão dele na vida foi estar lá por ela. De todos os filhos, ele foi o menos que foi mais. Não sei se ela o amou mais que os outros, mas Pelé foi, até o fim, seu grande companheiro.

Depois que terminou a história, eu só tive condições de dizer “bah”.

“True story”.

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