Antes de tudo, um educador. Depois, ainda educador. Mais adiante, educador também. Resumindo: em essência, educador. Assim é o professor da UFSM, Ronai Pires da Rocha, doutor em Filosofia pela UFRGS e pra lá de respeitado, para dizer o mínimo.
E agora, mais que provavelmente já fez em sua profícua vida de… educador, Ronai – de quem esse editor orgulhosamente não esquece de dizer foi secretário (coisas das bolsas de trabalho da UFSM, nos 70 e muitos e 80 e poucos) lá no curso de Filosofia – resolveu mexer num vespeiro. Tão complicado que houve editoras que recusassem a ideia de publicar o livro.
Bueno, nem todas. A Contexto bancou e agora está disponíveis nas melhores livrarias de todo o Brasil (de todo Brasil, sim senhor) o “Quando ninguém educa – questionando Paulo Freire”. Pra você ter uma ideia, e sair correndo pra comprar, se quiser algo pra lá de instigante, confira o material produzido pela própria Contexto. Ah, a montagem reúne a capa do livro com a imagem do autor, no Feicebuqui. A seguir:
“A crise na educação brasileira é inegável. A baixa qualidade das aprendizagens, a estagnação do desempenho escolar nos testes padronizados, a pouca relevância do aumento dos anos de estudo na vida do aluno, a crescente evasão escolar em todos os níveis, o aumento da distorção idade-série e tantos outros problemas são evidências disso. Mas onde se localizam as raízes teóricas da atual crise educacional que vivemos? Neste livro, o professor Ronai Rocha se dedica a desvendar e a compreender o pensamento teórico dominante no cenário educacional e pedagógico brasileiro.
O autor realiza um movimento esclarecedor sobre as raízes da reflexão sobre educação no país, que incidem até hoje na formação de nossos professores. E mostra como uma maneira peculiar de ler Paulo Freire afeta o ensino no Brasil.”
Muito interesse em ler o livro, com certeza avaliar a educação brasileira em seu apogeu decadente vai ser interessante. Que todo professor possa avaliar de maneira neutra e apartidária.
Um livro questionando Paulo Freire! E ainda mais escrito por um professor de universidade pública brasileira! Começo a ter esperanças renovadas para nossa nação. Mal posso esperar para lê-lo!
De boa, ser citado nao quer dizer muito. Onde a teoria dele e realmente aplicada, de modo. Alias, interessante saber que, na medida em que ele começou a ser debatido e seguido nos EUA, por exemplo, o nivel escolar americano caiu. Seus preceitos, segundo ele mesmo, eram para ser revistos, repensadis, recriados, nao seguidos como uma biblia. Isso sem falar da polemica influencia de Laubach que nunca foi assumida por ninguem…
Paulo Freire falou coisas consideraveis, mas que hoje sao por vezes anacronicas e que tem sim que ser revistas, repensadas, ou ate abandonadas dada a sua influencia marxista, que so leva ao atraso.
Depois de cinco anos, acho que o tempo e os acontecimentos simplesmente mostraram que eu não estava errado. Paulo Freire tem sim algumas falhas, mas ainda tem seu lugar histórico. O Brasil simplesmente nunca aplicou seus métodos, e os últimos anos mostraram um governo fraquíssimo e totalmente incapaz de responder a ele.
Antes de me chamar de “isentão”, ou de sugerir que ele é o “deus dos petralhas”, vou deixar umas referências aqui:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/22/cultura/1571754417_189523.html
https://link.springer.com/article/10.1007/BF02195128
http://www.revistas.usp.br/rlae/article/view/1921/1984
http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2013/04/1-turma-do-metodo-paulo-freire-se-emociona-ao-lembrar-das-aulas.html
http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/revista/Educacao_de_Adultos_na_otica_Freiriana.pdf
Vamos fazer uma aposta…? Eu leio o livro do Ronai e você comenta as referências?
Questões, questionáveis, porém um tanto impensável se” Pedagia do Oprimido “é balela o que será o ensino em um país que foge as responsabilidades incumbidas; por tanto um pai de família que na altura de seus 35 anos aprenda a ler e a escrever isso é louvável, então eu entendo que Paulo Freire é responsável por muito da melhoria na Educação , muitos homens e mulheres não tem noção do pai que proporcionou a eles esse benefício , se hoje lêem e escreve é porque Freire teve ousadia coragem de mudar de favorecer os menos favorecidos! Quero muito conhecer essa obra, só assim posso tirar minhas conclusões, pois ate aqui Paulo Freire continua sendo o terceiro Teórico mais Citado no Mundo.
Putz, mas a matéria não diz absolutamente nada sobre o conteúdo e teor do livro! Não dá nem pra saber se o autor produziu uma crítica fundamentada ou um discurso clichê de direita. Louvar o perfil do autor do livro não resolve, pois assim se reproduz o famoso “argumento da autoridade”. Era de se esperar que esse texto nos desse alguma ideia de qual é o argumento central da obra.
Paulo Freire é o terceiro teórico mais citado no MUNDO, mas claro que é o culpado pelo fracasso da educação no Brasil. Só pra rir mesmo. Mas é bem oportunista o livro no momento obscuro que vivemos, vai vender bem.
Agora falta um artigo criticando o livro de Ronai também… Não apenas escrever uma matéria fraca e tendenciosa que nem sequer dá pistas sobre o livro.
E, se Freire é um educador questionável… Por que Ronai também não seria???
Lá vem alguém insinuando parcialidade, como se ele mesmo não o fosse. Ronaldo, o Ronai pode sim questionar Paulo Freire. Assim como outros já o tem feito. E o dono do blog tem direito a ter opinião a este respeito. Ele não será respeitado só porque também criticou o livro que questiona o deus dos petralhas. Ele será respeitado porque age dignamente e não finge ser imparcial. E os outros, os que forem dignos, deverão respeitar esse direito subjetivo. Pior: ao cobrar que o autor do blog seja “isentão” você mostra que você é o verdadeiro imparcial, beirando até a intolerância.
Sempre duvidei e contestei a tal da pedagogia de Paulo Freire. Em boa hora, um filósofo e pedagogo Ronai Rocha faz a crítica. Parabéns Ronai.
Repetindo. Paulo Freire é expoente da pedagogia crítica, ou seja, pedagogia sob a ótica marxista. Publicou “Pedagogia do Oprimido”. Cai o muro de Berlim e aí o discurso muda. “Pedagogia da Esperança”. “Pedagogia da Indignação”. Por aí vai. Como os Centros de Educação por aí estão aparelhados pela esquerda, virou vaca sagrada. Alguns vermelhinhos quando se referem ao dito cujo falam como se ele tivesse “inventado” o construtivismo (que é de Piaget) e escondem o lado marxista. Malandragem que para os mais ignorantes funciona.
Educação tem outros problemas. Querem “consertar”, “engenheirar” a sociedade com a mesma. Dar um “ofício” para as criaturas ganharem a vida, para desenvolver a economia e melhorar a vida da população é secundário. Ainda existe o espírito burocrático, os alunos querem um papel que diga que eles “sabem”, um “passaporte”. Esforço para aprender é outra coisa.
Caro Claudemir, muito obrigado por essa mais do que generosa acolhida no teu espaço. E minha gratidão será maior quando puderes me fazer conhecer tua crítica ao livro. Um grande abraço!