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CPI. Máquinas da Prefeitura não eram fiscalizadas nem antes e nem depois do envio para manutenção

Marion e Juba mantiveram uma postura firme com os depoentes. Em diversos momentos eles exibiram fotos das máquinas supostamente sucateadas para embasar os questionamentos. Foto Maiquel Rosauro

Por Maiquel Rosauro

As máquinas da Prefeitura que eram levadas para conserto em empresa terceirizada não eram fiscalizadas ao sair e ao voltar para o Parque de Máquinas. Esta foi uma das principais descobertas feitas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na tarde dessa quarta-feira (11), em três oitivas realizadas na Câmara.

Os interrogatórios foram conduzidos pelo presidente da CPI, Juliano Soares – Juba (PSDB) e pelo relator Marion Mortari (PSD). Ambos foram acompanhados pelos vereadores João Ricardo Vargas (PSDB) e Alexandre Vargas (PRB), que também colaboraram com questionamentos pontuais.

Diferente das oitivas da semana passada, quando praticamente foi realizada uma conversa com os depoentes, desta vez os vereadores tiveram outra postura. Em diversos momentos, os parlamentares pressionaram os servidores e não se mostravam convencidos com respostas como “não sei”, “não tenho conhecimento” e “ouvi falar”.

O primeiro a depor foi o motorista de caminhão Jairo Dotto Paim. Antes de iniciar a oitiva, poucos acreditavam que o servidor teria algo relevante a acrescentar à investigação. Contudo, todos no Plenário se surpreenderam pelo discernimento de Paim, concursado na Prefeitura desde 1996.

O motorista contou que levou o então chefe da oficina, José Adelar Gonçalves de Souza, até Boa Vista de Cadeado para avaliação de uma motoniveladora de origem chinesa. Naquele município, os responsáveis pela manutenção da máquina não indicaram a compra.

“Recebemos a informação de que era uma máquina fraca e com dificuldade para conseguir peças. Desaconselharam de todas as formas a compra”, relatou Paim, que ainda disse ter ficado surpreso após a Prefeitura ter adquirido duas motoniveladoras chinesas.

Adelar foi o próximo depoente. A oitiva durou mais de uma hora, sendo a mais longa já realizada pela CPI. Ele demonstrou nervosismo em diversos momentos, mas respondeu todas as questões.

Além de chefe da oficina, Adelar alegou que cuidava do conserto de pontes e que ficava a maior parte do tempo fora do Parque de Máquinas, definindo-se como “pau para toda obra”. Ele atuou durante sete anos e cinco meses como cargo de confiança (CC) na Secretaria de Infraestrutura.

Documento alertou sobre máquina chinesa
O ex-CC confirmou as informações repassadas por Paim sobre a máquina chinesa e ainda acrescentou que entrou em contato com a Prefeitura de Carazinho, onde também foi informado que tal equipamento não prestava. Ele disse ter redigido um documento no qual relatou as informações obtidas sobre o equipamento.

Adelar também disse que, apesar de atuar como chefe da oficina, não possuía autonomia no cargo. Quando questionado sobre quem ordenava os serviços de conserto quando uma máquina estragava, ele deu a entender que o próprio operador remetia o bem público para a empresa terceirizada responsável pelo serviço. No retorno ao Parque de Máquinas, o equipamento também não era fiscalizado.

“Não entregavam para mim, entregavam direto para o operador”, disse Adelar.

Segundo o ex-CC, muitas vezes ocorreu de um maquinário estar na manutenção sem o seu conhecimento. Também houve casos de bens voltarem desmontados e de consertos que não ficaram a contento.

“Não tinha como eu ser o responsável por tudo”, assegura.

Fichas controlavam saídas
A terceira e última oitiva foi realizada com agente de obras Claudete Camargo Vaz. Ela está há 18 anos na Prefeitura e, na Administração passada, atuou como auxiliar de escritório da oficina. O que mais impressionou no seu depoimento foi o fato de ela relatar que o sistema da pasta não era informatizado. Em todas as saídas de equipamentos, os dados eram registrados em fichas.

Claudete era responsável pelo encaminhamento do maquinário para a empresa responsável pela manutenção. Ela disse não ter conhecimento sobre o estado de abandono do maquinário e também relatou que alguns equipamentos seguiam direto, sem elaboração de ficha, do local onde estavam em operação até a empresa para conserto.

A CPI volta a se reunir na próxima quarta-feira (18), às 14h, no Plenário, para ouvir mais quatro testemunhas.

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