CPI. Oitivas sobre o Parque de Máquinas começam com duas ausências e um depoimento explosivo
Por Maiquel Rosauro
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Parque de Máquinas teve início na tarde dessa quarta-feira (4), no Plenário da Câmara de Vereadores. Dois servidores da Prefeitura que haviam sido convidados para dar esclarecimentos não compareceram. Apenas o mecânico José Carlos Valenzuela, 63 anos, proprietário de uma oficina, participou do interrogatório.
No pátio da empresa de Valenzuela está estacionado um trator de esteira da Prefeitura desde agosto de 2015. O mecânico reclama que, até hoje, não foi pago para realizar o conserto e, por este motivo, não deixa que retirem o equipamento de sua oficina.
Na oitiva dessa quinta, ele explicou como a máquina chegou a sua oficina, a forma como seria feito o pagamento, entre outros detalhes que o site não divulgará para não atrapalhar o trabalho da CPI. Todos os questionamentos foram respondidos.
Valenzuela também relatou que, hoje, a máquina está desmontada e, em cinco dias, ele é capaz de deixá-la pronta para o trabalho. Contudo, calcula que, entre peças e mão de obra, a Prefeitura esteja devendo em torno de R$ 29 mil pelos seus serviços.
A última questão feita para o mecânico foi sobre o sentimento que ele tem em relação a todo este processo. A resposta gerou frustração e vergonha àqueles que deveriam fiscalizar os bens públicos.
“Olha o país, isso é normal, não tem surpresa. Ninguém tem responsabilidade de nada. Um trator que custa R$ 140 mil e que deveria estar trabalhando está lá atirado”, disse o mecânico.
Os questionamentos para Valenzuela foram feitos pelo presidente da CPI, Juliano Sores – Juba (PSDB), pelo vice, Vanderlei Araujo (PP), e por Daniel Diniz (PT), que não é membro da comissão, mas acompanha os trabalhos. Marion Mortari (PSD), relator da CPI, não participou porque estava em Brasília.
Novas oitivas devem ocorrer na manhã de sexta-feira (6), na Câmara de Vereadores.
Sucateamento lucrativo
Terminada a oitiva, os parlamentares e alguns assessores reuniram-se em torno de Valenzuela para um bate-papo informal. Questionado por Diniz sobre o porquê do crescente interesse por leilões de máquinas, o mecânico não titubeou na resposta e explicou que o sucateamento é lucrativo para quem adquire o bem.
“Leilão é um bom negócio. Uma máquina sucateada, que custa, por exemplo, uns R$ 140 mil, e que tem como recuperar, é comprada por R$ 30 mil ou R$ 40 mil. Depois, o novo proprietário coloca mais R$ 10 mil em cima e a máquina está pronta para uso”, ilustrou o mecânico.
Coloca mais 10 mil em cima e está pronta para o uso. Mas para a prefeitura é mais 30 mil.
Como é que a oficina do cidadão foi escolhida para fazer o serviço? Por que a procuradoria não tentou a reintegração de posse? O correto era devolver o veículo e ajuizar uma ação de cobrança, não partir para autotutela. Salvo melhor juízo, óbvio.