É PYLLA. Confusão de sentimentos, alegria no olhar!

Por MARILICE DARONCO (texto e foto), Especial para o Site

“Ainda existe uma chance, ainda existe um lugar”, diz a letra de Saudade, canção da Banda Fuga que virou um hino da juventude santa-mariense dos anos 80 e 90, na voz do inconfundível Pylla Kroth. A música despertou uma confusão de sentimentos entre quem teve a felicidade de assistir ao show Santa Maria Canta Pylla no Theatro Treze de Maio no último dia 25.

Pode ter sido por ver Pylla de lencinho na mão chorando a merecida homenagem, pode ter sido a emoção da dona Dalva Kroth no palco chamando o filho pra cantar, pode ter sido o turbilhão de talento dos músicos e agentes culturais que subiram no palco naquele dia para reverenciar o nosso maior roqueiro, pode ter sido o público cantarolando a sua juventude em meio às poltronas do teatro.

O que foi, não sei denominar exatamente, o certo é que aquele cenário todo me fez imergir por alguns momentos os anos que eu – e muitos outros que estavam no Theatro naquela noite – não tivemos a oportunidade de  viver em Santa Maria. Deu saudade mesmo sem ter vivido tudo aquilo! Mas não aquela saudade amarga, da que você bate no peito e diz “no meu tempo era bem melhor”, saudade daquela doce, nostálgica, saudade tipo bolo de milho feito por vó.

Para nossa sorte, o que não nos falta são bons músicos em Santa Maria. Pode faltar um banheiro decente (que pudesse ser usado já quebrava o galho) na Concha Acústica, mas não nos faltam músicos que além de competentes estão dispostos a lutar por um espaço para a música e, assim, podemos usufruir de shows na praça, na Concha Acústica, no Brique da Vila Belga, no Theatro Treze de Maio e onde mais as portas estão abertas, ou ao menos entreabertas, para a cultura.

Não fosse assim, não tinha gente se dividindo entre tarefas que vão de tocar os instrumentos a enxugar a Concha depois da chuva pra poder fazer show para uma galera, como aconteceu no último dia 26.

Fiquei feliz pra caramba de poder ver tanta gente mergulhar no universo do Pylla no Theatro. Por vê-lo no seu melhor modelito, impecável, lenço na mão e lágrimas nos olhos, alegria estampada. Feliz pela cidade fazer a reverência a alguém que fez tanto pelo som daqui. Mas, mais feliz ainda por ver tantas gerações misturadas, desde o próprio Pylla, Pintoo, Renato Molina, Fabrício Fúria, Deborah Rosa, até gente que está começando a soltar a voz naquele palco há pouco, como o Rodrigo Cezimbra, o Yuri ML, a Luana Palma. Quantas promessas de um lindo futuro para a nossa música passaram por aquele palco. Por aqueles palcos.

Para quem ainda não teve oportunidade de bater suas palmas para Pylla, hoje, às 21h30min, o show será apresentado na Praça Saldanha Marinho. Antes, às 20h30, tem show de abertura com Harvest Moon, com Especial Neil Young. É de graça, é bom pra caramba e faz a gente refletir sobre a valorização dos nossos artistas. O poder público precisa investir MUITO neles, e a Concha Acústica é uma tatuagem na nossa pele mostrando isso. Mas a gente também precisar ver mais o que é nosso e aprender a tirar o chapéu para o que é daqui, não é uma questão de bairrismo, mas de estar aberto a conhecer o que a cidade tem de oferecer. Na música não é pouca coisa, não.