Cinema

É CINEMA. Bianca Zasso traz mundaças e conflitos

“Descrever um filme como confuso pode parecer uma estratégia para disfarçar que não se entendeu a história por completo. Sabemos que nem todos os “is” precisam de pingos para que uma narrativa nos conquiste, mas em alguns casos a presença muitos elementos dentro de um roteiro pode sim confundir o espectador e tornar a experiência falha. Meu nome é Ray, quarto trabalho em longa-metragem da diretora inglesa Gaby Dellal, sofre deste problema e, infelizmente, não alcança um dos objetivos principais de um filme: encantar o público. Quando falo em encanto, não estou falando em beleza sem fim ou fuga completa da realidade. Encantar-se pode envolver lágrima e até aquele aperto no peito nem um pouco confortável de se sentir. O encanto do cinema está em fazer com que quem o assiste se envolva com a história, torça pelos personagens e espere ansioso pelo seu desfecho, seja ele conclusivo ou aberto.

Meu nome é Ray pretendo contar a batalha por um adolescente transgênero para conseguir que seus pais autorizem o início de seu tratamento hormonal. Ray, que nasceu Ramona, é interpretado por Elle Fanning, que se sai bem no papel apesar de se valer de alguns estereótipos na construção da personagem. O faro cinéfilo desta que vos escreve acredita que eles estão presentes na atuação de Fanning devido à orientações da direção.

Isso porque o filme já chega deixando claro que não está interessado na diversidade. Na cena de abertura, os pés de quatro personagens surgem na tela e dois sapatos se destacam. O de Ray, um coturno amarelo que será seu companheiro ao longo de toda a trama, e o de sua avó Dolly, um Oxford masculino. O detalhe que faz tudo ganhar outro contorno é o fato da Dolly ser lésbica. Todo o seu figurino contém peças comuns no guarda-roupa dos homens, como suspensórios e calças de alfaiataria. Para a diretora, que também assina o roteiro ao lado de Nikole Beckwith, é preciso reforçar traços masculinos para deixar claro ao público a opção sexual da personagem, como se isso fosse a coisa mais importante na vida da avó de Ray. O que salva é a interpretação sempre carismática de Susan Sarandon, que consegue dar charme até as insistentes piadas que Dolly solta a cada minuto, sobre tudo e todos.

Por falar em elenco, Naomi Watts conseguiu a proeza de dar humanidade para a Maggie. É nítido que sua personagem foi construída dentro do roteiro tendo como base a visão machista da mulher eternamente culpada pelos erros amorosos do passado…”

CLIQUE AQUI para ler a íntegra de “Mudanças e conflitos”, de Bianca Zasso. Nascida em 1987, em Santa Maria, Bianca é jornalista e especialista em cinema pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Cinéfila desde a infância, começou a atuar na pesquisa em 2009. Suas opiniões e críticas exclusivas estão disponíveis todas as quintas-feiras.

 

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