Incompetência acima de tudo – por Carlos Costabeber

Estou parafraseando uma frase de ordem, “Brasil acima de tudo”, para expressar o sentimento de frustração de todos os brasileiros. O Brasil vive sua maior crise, também na gestão da coisa pública. Nunca se viu tanto descaso, desperdício de recursos, amadorismo, ingerência politica no processo decisório, falta de planejamento e de controle, licitações malfeitas, falta de padronização nos processos, desconhecimento da meritocracia, alta rotação de dirigentes, despreparo técnico em funções essenciais, benefícios absurdos, entre tantos. Literalmente, “má gestão”. Apesar de todo o esforço dos órgãos públicos de fiscalização, “a coisa vai de mal a pior”.

Agora imaginem: (1) o Estado é responsável por quase 30 % do PIB do país; e (2) o que seria das empresas, se fossem administradas dessa maneira: estariam quebradas.

(1) Com a maciça intervenção do Estado na economia, era de se esperar uma gestão de qualidade, próxima ao do setor privado. Mas o que se vê, apesar de casos isolados, é uma gestão pública que deixa muito a desejar. E para mim, que sou da área, a causa mais nefasta é a ingerência política na indicação de dirigentes, em detrimento do conhecimento e experiência dos funcionários de carreira. É um absurdo! No passado, apenas o 1º. escalão era exercido pelos políticos; mas, hoje, a necessidade de atender os apadrinhados está levando gente sem o preparo necessário a assumir funções de chefia em quase todos os escalões.

(2) Isso vem mostrar que os empresários brasileiros, em sua maioria, são verdadeiros heróis. Manter as portas abertas e os empregos num cenário conturbado, arcando com uma carga tributária crescente, uma legislação complexa e ortodoxa e uma burocracia paralisante, é um desafio diário pela sobrevivência.

Mas o furo é bem mais embaixo! Enquanto no Brasil proliferam cursos de administração de empresas, a maioria teóricos, são raras as oportunidades para quem deseja ser um gestor público. Então, é uma matemática “que não fecha”. Os nossos governantes, ao invés de autorizarem mais e mais cursos de administração de empresas, deveriam pensar, com urgência, na formação de bons gestores públicos. Caso contrário, levaremos algumas gerações para corrigir tamanha incompetência. E certamente, não teremos tantos casos de corrupção como vem acontecendo.