É CINEMA. Bianca Zasso e um romance árabe
“Ser pioneiro muitas vezes exige mais que coragem. Numa cultura onde coisas aparentemente banais exigem uma atenção extra, mais ainda. Uma das melhores coisas que o cinema proporciona é a possibilidade de conhecer outros mundos, captar um pouco de como é a vida em um lugar bem longe das nossas casas, apesar de parecerem outros planetas. Diante de um filme árabe, nós ocidentais sentimos certo desconforto e até algumas dúvidas. O que poderia ser resolvido com um simples telefonema leva dias para acontecer, isso se acontecer. Apesar das diferenças, humanos são iguais nos desejos. E foi com base nos sentimentos comuns a ocidentais e orientais que o documentarista Mahmoud Sabbagh fez sua estreia na ficção.
Barakah com Barakah não é apenas a primeira comédia romântica realizada na Arábia Saudita, mas também a um dos poucos filmes do país a rodar festivais bem longe de sua terra natal. Exibido nos festivais de Berlim e do Rio de Janeiro, o filme tem uma premissa simples, mas que ganha novo significado pelo local onde ocorre. A blogueira Bibi é rica e leva uma vida que flerta o tempo todo com valores ocidentais. Sua mãe é dona de uma marca de roupas da qual ela é a garota-propaganda e Bibi aproveita sua fama para questionar, de maneira discreta, algumas tradições de seu país, em especial as que limitam a vida das mulheres ao ambiente doméstico. Do outro lado da história, temos Barakah, interpretado pelo comediante Hisham Fageeh, um funcionário da prefeitura que fiscaliza o uso dos locais públicos, apesar de ter suas dúvidas sobre o real valor de seu trabalho. E é fiscalizando uma sessão de fotos ousada demais para os padrões árabes que ele conhece Bibi. Num romance hollywoodiano ou brasileiro, estaria formado o casal. Mas para ostentarem este título, Bibi e Barakah terão um caminho tortuoso…”
CLIQUE AQUI para ler a íntegra de “Um romance e um país”, de Bianca Zasso. Nascida em 1987, em Santa Maria, Bianca é jornalista e especialista em cinema pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Cinéfila desde a infância, começou a atuar na pesquisa em 2009. Suas opiniões e críticas exclusivas estão disponíveis todas as quintas-feiras.
A protagonista não é só um rosto bonito. Fatima AlBanawi tem mestrado em teologia por Harvard (Gênero e Identidade no Oriente Médio Contemporâneo; é formada em psicologia), ativista social e ligada as artes.