RIO. Intervenção é correta, diz base aliada do governo Temer. Já oposição classifica de cortina de fumaça
Por Débora Brito / Agência Brasil
A decisão do governo federal de intervir na segurança do estado do Rio de Janeiro foi criticada por parlamentares de oposição no Congresso Nacional e considerada correta pelos aliados. Os oposicionistas argumentam que o objetivo da intervenção federal é “tirar o foco” de pautas impopulares, como a reforma da Previdência.
Já os aliados, como o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), consideram a medida acertada e lembram que é preciso garantir que os criminosos sejam presos e não se transfiram do Rio de Janeiro para outros estados.
“Concordo com essa ação, tanto é que já solicitei há algum tempo a presença das Força Armadas e da Força Nacional na região do Entorno de Brasília, onde a situação se assemelha à do Rio de Janeiro. É preciso agora uma ação para que os criminosos sejam presos e não se refugiem em outros estados.”, disse Caiado, por meio de nota.
Representante do Rio de Janeiro na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB) destaca “um aspecto visível” na assinatura do decreto de intervenção: a tentativa de ganhar respaldo popular, de sair da impopularidade, que é marcante na conjuntura política.
“Eles tentam sair de uma pauta impopular, que é a [reforma da] Previdênciam e passar para uma pauta popular, de defesa da vida das pessoas, como se este governo defendesse a vida de alguém. Jogada de risco, obviamente”, afirmou Jandira Feghali.
Para o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), o governo tenta, além de tirar a Previdência da pauta, desestimular a investigação da Polícia Federal sobre o Decreto dos Portos, assinado por Michel Temer para, supostamente, beneficiar uma empresa (Rodrimax, que opera no Porto de Santos, São Paulo). Valente disse que o problema da segurança deve ser resolvido por meio de outras medidas.
“A intervenção federal no Rio de Janeiro é, na verdade, uma grande cortina de fumaça do governo Temer, para evitar dizer à sociedade que foi derrotado na reforma da Previdência, que retira direitos dos trabalhadores. Mais do que isso, essa intervenção militar não resolve nada. O povo do Rio e do Brasil inteiro espera que a segurança seja resolvida também com saúde, educação, emprego, inteligência policial, e isso não se tem condições de garantir”, afirmou Valente.
Marun: discussão da Previdência continua
Em nota, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a intervenção federal não vai impedir a continuidade das negociações pela busca de apoio para aprovação da reforma da Previdência. Marun confirmou, para a próxima segunda-feira (19), uma reunião de líderes dos partidos da base com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para discutir estratégias sobre a tramitação da proposta.
“A nossa Constituição veda claramente o seu próprio emendamento durante a vigência de intervenção federal em estados da Federação, não cabendo aí qualquer interpretação que não seja a literal. Os Poderes Executivo e Legislativo praticam o absoluto respeito aos termos constitucionais e, portanto, ela não será emendada durante a vigência da intervenção. Todavia a Constituição não veda a discussão de temas, e elas [discussões] continuarão acontecendo”, diz trecho da nota.
Aliás, voltando ao fato da intervenção, para concluir, mais uma vez prenuncia um triste vaticínio: o Estado do Rio e outros que estão com pires nas mãos, atrasando pagamento e piorando os serviços públicos essenciais, é um triste prêambulo do nosso futuro, não escrito num livro de ficção, mas pela realidade consequente dos fatos que acontecerá com esse país com a quebra da Previdência. Será a nossa derrocada final como país.
Somos uma nau sem rumo, cheia de buracos nos cascos, velas rotas, com um monte de pragas nos adoecendo, pessoas insanas querendo nos comandar e com timoneiros que se revezam fazendo de conta que sabem para onde vão, mas essa nau não tem nem leme. Roubaram o leme. k k k k …
“A pior das democracias sempre será melhor que a melhor das ditaduras”. Cansamos de ouvir isso. E está certo. Mas precisamos evoluir na visão democrática, dar um upgrade nela, partir para uma democracia versão 2.0. Nossa democracia, onde não há filtro de qualificação nem de competência nos que se canditam às vagas representativas públicas e nem filtro em quem vota (um analfabeto funcional, por eexemplo, não poderia votar), só tem refletido o nosso lado pior: uma representação em que entra uma soma de parcelas dos nossos piores lados: o da moral relativa, o mesquinho, o ignorante, o ilusório – que acredita em salvadores e em milagres-, o incompetente, o desoneto intelectualmente, e aquele que banca a manutenção dos privilégios. Somos Dr Jekyll and Mr Hyde ao mesmo tempo, mas quem vota é o Mr Hyde e daí esculhambamos com a vida de todo mundo. Somos um fracasso coletivo.
Não há milagre que dê jeito. Temos de aceitar o fato que somos culturalmente incompetentes para sermos nossos gestores. Não demos certo. Poderíamos alugar-nos literalmente (uma música diz “a solução é alugar o Brasil”) para um país desenvolvido. Quem não gostaria de viver numa Noruega? Mas quem quer pagar a conta e fazer o esforço para ser uma Noruega? Então já que somos incompetentes para sermos uma Noruega por esforço próprio, para planejarmos, para acabarmos com os privilégios, para irmos a escola todos os dias e estudarmos para tirar boas notas e nos fazermos independentes dos serviços do Estado, empreendendo, sendo profissionais de alto nível, que tal terceirizarmos a gestão para a Noruega ou qualquer outro país que provou que sabe como colocar as coisas nos eixos? Seria o melhor para todos nós. Precisamos ser tutorados. Se não queremos fazer esse esforço coletivo, se nem sabemos como fazer, aliás, então precisamos delegar, para o nosso próprio bem.
Política, incompetência e falta de escola transformaram esse país num sanatório, onde celebridades e populistas demagogos são os que têm maiores chances de vencer agora uma eleição, para o pior de todos nós. Mas mesmo que acontecesse um milagre de aparecer uma pessoa sensata, absolutamente racional, bem intencioada e competente, NÃO IDEOLÓGICA, pensando no bem comum, sabendo que precisa mudar quase tudo para que esse país volta aos eixos (se é que em algum momento esteve nos eixos), e ela falasse transparentemnte as propostas e muitas delas seriam remédio amargo, e as pessoas finalmente assumiriam a responsabilidade e votariam nela, essa pessoa teria uma barreira enorme para governar com uma maioria de um Congresso fisiológico, servidores públicos corporativistas e um STF político fazendo de tudo para miná-la.
Falta a esse país apontar para um Norte saudável, de discussão de alto nível, consciente, racional, não ideologizada. É excesso de política (rasteira) e falta de competências. É tudo muito ideologizada (sempre pequena e míope). Falta consciência das coisas até num nível básico: uma simples reflexão de causa x efeito, advinda de um aprendizado escolar. Analfabetos funcionais não fazem isso, mas votam “democraticamente” aos milhões. Pode ser saudável uma democracia que dá poder de voto a quem não consegue entender a leitura de um manual de instruções, e muitas vezes não sabe o que fazer da própria vida?Essa pessoa tem o direito de escolher um gestor, se não tem qualificação nem para saber as consequencias do que o candidato promete? Os que se candidatam são políticos, eles não falam das consequências do que prometem. Se o voto é desqualificado de conhecimento das consequências, é um voto azarado.
Há um serviço público extremamente corporativista que só pensa no bem e dos privilégios dele mesmo achando que o Estado é dele, não da sociedade, que paga a conta. Qualquer tentativa de melhora no serviço público dos Três Poderes é um “tsunami” de greves inconsequentes que mais prejudica a própria a sociedade que paga a conta, a quem o serviço deveria servir por força de lei. Mas que nada, agem como se ele mandassem na gestão. Os lamparinas ideológicos são uma lama de 200 anos que nos atola. A educação nesse país nunca mais vai ser de país rico (que fez países ricos) porque a coisa chegou a um tal ponto que os profissonais da área assumiram uma postura ideológica, ao invés de serem profissionais de verdade, que olhariam os dados que comprovam o péssimo nível da educação e daí assumiriam as mudanças óbvias (pensadas de forma científica) para se mudar a condição para melhor, doesse a quem doesse. Não, é só corporativismo.
A escola e a academia se idiotizaram (ideologizaram-nas). A qualidade do serviço público está uma vergonha, vejam o caos com as doenças contagiosas crescentes que só aumentam as despesas públicas. Isso é falta de politicas públicas eficientes em saneamento e prevenção, de falta de escola ensinando a prevenção e da falta de responsabilidade social de cada um de em assumir a prevenção. Quantas pessoas esclarecidas realmente fazem prevenção de proliferação dos mosquitos na água estagnada em suas casas? Não merecemos situação melhor. Somos um fracasso coletivo.
A grande desesperança não é só com o Rio. O Rio é só um espelho concentrado do pior do Brasil. O Brasil está todo muito ruim, muito ruim, mesmo. Na representação política. Nos partidos que viraram quadrilhas e ainda estão aí bravejando suas insanidades como se isso aqui fosse um hospício. Num Congresso fisiológico que não consegue ser “limpo” dos criminosos que lá estão pela blindagem conveniente do foro privilegiado. Foram 13 anos de poder de uma turma de incompetentes que mudaram para pior o Brasil, não só na questão econômica e social, mas separando, desagregando, gerando um mundo do avesso que até encanar vento sugeriram. A racionalidade e o senso crítico foram palavras riscadas dos dicionários. Acreditaram na própria insesatez.
A questão da violência, por exemplo, principalmente aquela capitaneada pelo tráfico, que gera uma “violência estrutural”, não é de hoje. Nos tempos do governo do seu Brizola houve muito desprezo pela responsabilidade por combater o tráfico, em parte por um erro de visão ideológica, outra parte por “lavar as mãos” para o problema. Brizola foi inconsequente e o poder do tráfico só aumentou desde lá.
Essa intervenção atual é “espoletinha”. E um sério risco para todos nós se ela se eternizar, pois quanto mais tempo ficar, mais o comando do tráfico gostará da situação, pois o comando vai aos poucos se imiscuir nas tropas que ficam à frente da linha, composta de soldados com pouca idade e experiência, pelas “beiradas”. Uma coisa é o crime organizado ter “tentáculos” numa polícia pública regional, outra é ter dentro das Forças Armadas.
Claro que o “vampiro” que ocupa o maior cargo desse país sabe que vai ter “reflexo” eleitoral, claro que não é resolutiva, mas alguma coisa tinha de ser feita e até a oposição atual faria a mesma coisa se estivesse no governo e fosse competente. Porém, sejamos sinceros, não há esperança ao Rio, nem ao Brasil. Essa intervenção no Rio é como uma aspirina para uma doença crônica. Só há imensos problemas que se avolumam e gestão nenhuma resolverá, já é caos cultural. Faz parte do nosso DNA o fracasso como sociedade. A intervenção cabe em regime de emergência, até que o Estado do Rio volte a se organizar nos seus serviços públicos essenciais para que consiga cumprir suas obrigações constitucionais por conta, prevenindo e combatendo o crime, prestando serviço social a quem precisa (isso minora a necessidade do ato ilegal para muitos “resolverem-se” seus problemas) e que as coisas entrem no rumo de novo. Só isso? Parece viável. Mas chorem. Isso aqui é Brasil. O problema é que não tem jeito.
Dessa vez a coisa é muito mais complicada. Essa ação é consequência de uma visível piora brutal do estado geral do Estado do Rio de Janeiro, falo dos serviços públicos e a questão econômica, que refletem no aumento da violência, é claro. Ainda sob os efeitos da grave crise econômica nacional provocada pelos incompetentes do petê, tendo um governo local falido, atrasando salários, piora notável dos serviços públicos, as UPPs se desmanchando como castelos de areia, o Rio aumentava a deterioração da condição social como uma zona de guerra. Essa intervenção demorou a acontecer, aliás. A oposição (agora vermelha e sempre medrosa de qualquer intervenção militar, mesmo que nesse caso por uma causa razoável) fez o que tinha de fazer, reclamar. Mas engraçado que nas Olimpíadas fizeram o mesmo.
Quando as Forças Armadas ficaram um mês atuando nas Olimpíadas, fazendo a marginália se dar uma trégua não oficial e os dependentes de drogas a um mês de restrição purgatória, a sociedade de lá respirou. Ninguém reclamou dessa intervenção natural feita pela gestão vermelha da época que foi contextualizada corretamente como de reforço e preventiva – para aumentar a sensação de segurança, principalmente para os turistas e atletas, frente até a possibilidade de terrorismo-. Não me lembro de a oposição ter reclamado na época (se bem que oposição de verdade àquele governo da época nunca teve). Era óbvia a necessidade. Mas funcionou pela trégua espontânea, não tanto pelas ações das Forças Armadas em si (em termos de segurança básica). Um mês passa rápido. Os tanques foram embora e aí tudo voltou ao “normal”.
Cabe lembrar que a grande maioria dos moradores da favela é gente honesta que só quer tocar a vida. O que desmente a justificativa do “problema social”. Dá menos trabalho vender pó do que sentar tijolo como servente de pedreiro por exemplo, questão de escolha. Este último sim merece melhores oportunidades e melhores serviços do Estado.
Traficantes não vão só migrar para outros lugares para compensar a perda de dinheiro. Sempre deixam alguém sem ficha policial para trás para tomar conta da lojinha. Afinal, os maconheiros e cheiradores de coca não vão embora. Vão dar um tempo na guerra de facções, coisa que não existe em SP (PCC tá com tudo dominado, o que é problema, podem fazer um “salve geral” e tocar horror). Até dezembro espera-se (é chute, pode acontecer qualquer coisa) uma certa calma. Depois retorna-se a estaca zero.
Quem se lascou na história? O general. Grande parte das forças armadas é de conscritos, estão incorporando por este mês. Forças profissionais ou semi-profissionais são poucas. A “pua” saiu da traseira do Pezão. Temer pode tirar o dele da reta dizendo “falem com o general”. Só aparecem se der certo, aí o mérito é deles. Temer ainda fala em ministério da segurança, tão útil quanto secretaria de segurança em município, um cabidão de aspones.
Ontem à tarde aconteceu uma trapalhada na Globo. Foram comparar as estatísticas de carnavais passados com os deste ano. Diminuíram homicídios e latrocínios. Aumentaram lesões corporais. Como não corroborava o que estava sendo dito, “os números não são definitivos”, “os números podem mostrar muita coisa e podem esconder muita coisa”. Seguiram-se entrevistas de “especialistas em segurança pública” de ONG’s. Fora os acadêmicos que sabem tudo no papel, antropólogos do PSOL e inclusive gente que terminou o curso de direito anteontem. Os famosos “especialistas” da Globo, escolhidos a dedo.
Na guerra da Indochina os franceses inventaram um negócio chamado “pacification” (igual ao inglês, pronúncia diferente). Contrainsurreição. Instala-se uma base num território não controlado pelo Estado e a mesma garante a segurança para que os serviços estatais sejam implantados. Os revoltosos começam a perder o apoio da população local, ficam expostos. Corações e mentes. Algo parecido foi utilizado pelos americanos no Vietnam e é utilizado no Afeganistão.
UPP’s foram uma cópia mal feita disto. Feitas a toque de caixa, muitas vezes no local errado (na entrada da “comunidade”), com pessoal com treinamento deficiente (os policiais “miojo”; desculpa era evitar a corrupção que grassa a PM). Muito marketing em cima e deu no que deu. E a história ainda está para ser completada. Como é bonzinho este Eike.
https://extra.globo.com/casos-de-policia/sem-seguro-viaturas-doadas-por-eike-batista-as-upps-so-sao-consertadas-com-dinheiro-dos-policiais-9906446.html
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/08/empresa-de-eike-interrompe-injecao-de-r-20-milhoes-em-upps-no-rio.html