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ESPAÇO ALVIRRUBRO. Leonardo da Rocha Botega festeja a classificação do Inter-SM e de seus “titãs”

Titãs da Baixada

Duelo de Titãs é um filme lançado em 2000, dirigido por Boaz Yakin que conta a história real do time de futebol americano da Escola T.C. Williams, localizada na cidade de Alexandria, no Estado da Virginia, nos Estados Unidos. A história se passa no ano de 1971, quando o treinador negro Herman Boone (interpretado por Denzel Washington) é contratado para, juntamente com o treinador Bill Yoast, não somente organizar a equipe da escola, como também promover a integração racial por meio do esporte. A Virginia foi um dos Estados norte-americanos que manteve até a década de 1960 a segregação racial.

Em meio um clima de tensão, marcado por uma sociedade branca ideologicamente constituída para odiar os negros, o treinador Boone e o treinador Yoast conseguem montar um coletivo de meninos brancos e negros. Unidos pelo time, esses meninos passam a conviver como um coletivo, rompendo os preconceitos e fazendo com que gradativamente a própria cidade também passasse a vivenciar o mesmo sentimento. Como resultado obtiveram duas importantes vitórias: a da amizade contra o racismo e o título estadual. Esse belíssimo filme é marcado por uma trilha sonora espetacular e por cenas inesquecíveis, como aquela onde os meninos no vestiário cantam a música “Ain’t No Mountain High Enough” de Marvin Gaye e Tammy Tarrel (minha música favorita e toque do meu celular). Aqueles meninos foram verdadeiros Titãs que souberam enfrentar as mais profundas dificuldades em nome de um objetivo comum.

No último sábado (05/05), a convite do técnico do Inter-SM, Vinicius Munhoz, fui fazer um bate-papo com os nossos jogadores. Falando um pouco sobre a história do clube percebi um brilho no olhar de cada um dos meninos. Aqueles jovens que deixaram mães, pais, filhos, sobrinhos, esposas, namoradas, afetos diversos em locais distantes, buscando no futebol a realização de um sonho, tinham um brilho no olhar que algumas horas depois percebi ser o mesmo daqueles meninos do futebol americano.

Os meninos alvirrubros são tão Titãs como aqueles da história contada no filme que (sem nenhuma programação prévia) revi no mesmo sábado, algumas horas após aquela maravilhosa conversa. Se a cidade de Alexandria tinha os Titãs da Escola T.C. Williams, Santa Maria tem os Titãs da Baixada Melancólica. No domingo, os nossos Titãs foram mágicos.

O adversário, Grêmio Bagé, veio apenas com um objetivo: não tomar gol. Para isso se postou a maior parte do tempo com duas linhas defensivas que, muitas vezes, se compunha de 10 jogadores. Era um muro jalde negro e um constante exercício de bate e volta que somente era interrompido pelos constantes desabamento ao solo por parte de um ou outro jogador que praticavam um segundo exercício: subir e descer da maca a partir de curas milagrosas.

NO PRIMEIRO TEMPO, os jogadores alvirrubros tentaram furar o bloqueio com chutes de fora da área. O primeiro a tentar foi o Jonatan Cabeça. Depois foi a vez do Jardisson. O maestro Chiquinho tentou por quatro vezes, três de bola rolando e outra em uma falta cobrada magistralmente defendida pelo goleiro Gil. No último lance antes do intervalo, Jardisson ainda pegou uma sobra e chutou raspando a trave. No segundo tempo, parecia que o muro ia ser intransponível e que o clima de Santa Maria era favorável à lesões repentinas dos jogadores jalde negros. Aos 9 minutos, Théo limpou e chutou de fora da área, a bola passou muito perto. Aos 14 minutos, Pablo fico frente a frente com o goleiro Gil que acabou defendendo o chute.

Segundo a mitologia grega, os Titãs nasceram da união entre Urano, que representava o Céu, e Gaia, que seria a Terra. Por isso, o calor intenso de um céu de poucas nuvens refletindo no campo da Baixada Melancólica não iria permitir que o objetivo de nossos Titãs não fosse alcançado. O brilho no olhar de um coletivo, onde um joga pelo outro, onde quem está no banco vibra com quem esta em campo, é como o raio de um Ciclope (os gigantes imortais contatos pelos antigos gregos). Um raio capaz de derrubar qualquer muro. Foi assim que aos 23 minutos em uma jogada pela ponta direita, Jardisson avançou e colocou a bola na área para Jackson chutar, o goleiro defendeu e no rebote Pablo fez o gol.

Um gol comemorado por todos os jogadores em um abraço coletivo que fez a torcida delirar. Um gol com a marca de um grupo de jogadores que abraça como poucos o #maisque90minutos, ideia da equipe de marketing (Márcio Caetano, Renata Medeiros, Tiago Assis Brasil, Ian Brites, Roana Ferraz e os demais). Um gol com a coletividade do Paulo, da Tathy, da Isa e dos demais que trabalham no dia a dia do clube. Um gol comemorado com o carinho que a torcida sente pelo seu time. Um gol que classificou o time para a próxima fase com uma rodada de antecedência e manteve vivo o sonho de chegarmos a elite do futebol gaúcho.

Nossos Titãs são demais! São gigantes com olhar de meninos! São meninos com responsabilidades de grandes homens! São mágicos que nos fazem sorrir, chorar e sonhar! Esses Titãs merecem ser abraçados pela nossa cidade! Esses Titãs abraçaram o nosso Inter-SM! Esses Titãs abraçaram a nossa sofrida Santa Maria! Que venha as quartas de finais! Que a Baixada Melancólica seja o palco de um abraço tão coletivo como aquele da comemoração do gol! Que Santa Maria abrace os nossos Titãs!

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra essa crônica, com a comemoração dos atletas do Inter-SM, foi feita por um deles e enviada ao autor do texto.

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