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Origens – por Orlando Fonseca

Especialistas ainda se debatem à procura da origem do foco da toxoplasmose em Santa Maria. E a epidemia não para de trazer novos números, já são 460 os casos confirmados, o que pode nos levar à categoria de maior surto do mundo. Igual a muitas coisas em nossa cidade, é difícil definir como, quando e onde começam.

Na verdade, quando se vê, já estão criadas e se desenvolvendo. E isso não apenas em termos de costumes ou epidemias, até mesmo quando se trata da origem desta comunidade, não há consenso sobre datas ou mesmo localizações. Talvez seja uma sina, e decifrar este e outros mistérios é uma tarefa importante para desenharmos o nosso futuro.

Pode parecer irrelevante que haja alguns abnegados santa-marienses que têm se dedicado a tentar descobrir a data do nascimento de Santa Maria. Essa procura já tomou tempo e energia de João Belém, Romeu Beltrão e Getúlio Schilling, no passado. Na atualidade, pesquisadores voluntários, como Valter Noal, Werner Rempel, José Antonio Brenner e Eduardo Rolim, entre outros, têm dado continuidade a uma tarefa, até agora incompleta, de desconsiderar o 17 de maio como celebração da cidade.

Uma vez que, a rigor, esta data em 1858 é pouco significativa, e não marca o surgimento de nossa comunidade, mas a sua maioridade apenas. Santa Maria deixou de ser freguesia para se tornar uma vila. Entretanto, se queremos dar um rumo, conhecer para onde marcha a cidade, qual sua vocação, é importante saber como ela nasce, consolida-se e se desenvolve.

Existem várias datas a serem consideradas nesta conta, para além de 1858. Em 1797 chegava a esta região do Estado a comissão encarregada das demarcações do Tratado de Santo Ildefonso – não se tem ao certo o dia de outubro ou novembro. No entanto, muito antes, em 1634 há registros da presença do jesuíta Adriano Formoso, com a redução São Cosme e Damião. Alguns viajantes, que passaram por aqui em diferentes ocasiões, registraram a presença de ranchos, montados por indígenas que, como se sabe, são nômades, e podem não ter fixado uma povoação neste local.

Observando o que vem ocorrendo com nossa cidade, que nos últimos anos se especializou em ser manchete – no mundo todo – em função de tragédias, começo a pensar que a cidade, mesmo desenvolvida, importante centro universitário, anda para trás. Por isso fico me perguntando sobre a origem de certas epidemias culturais entre nós. Não faltam motivos a ninguém para falar mal de Santa Maria: capital dos buracos nas ruas, cidade com o pior trânsito do Estado – quiçá do mundo -, com os piores motoristas; gente relaxada que joga lixo nas calçadas, e estas, por sua vez, no centro onde restam algumas, em situação de calamidade. No entanto, já tivemos, nos dois influxos desenvolvimentistas – o ferroviário e o universitário – impulso para sermos um grande centro econômico e cultural. Pelo esforço de alguns visionários, iniciamos uma grande rede escolar, uma grande efervescência cultural com grupos de teatro, o Treze de Maio, a Feira do Livro.

Já que estamos procurando uma data para nosso nascimento, e já que não sabemos bem para onde vamos – em meio a tragédias e epidemias – quem sabe buscamos bem lá atrás a nossa origem. Mais precisamente há 227 milhões de anos, quando andou por estas terras – seu fóssil foi encontrado no Morro da Alemoa – o Stauricossauro pricei, um dos mais antigos dinossauros encontrados no mundo. Em termos de projeção mundial, esta ao menos é uma referência positiva. (Hoje acordei com o espírito do cronista Romeu Beltrão, cujo livro lançado na Feira do Livro, tem estado a minha cabeceira.)

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