ELEIÇÕES 2018. Primeiro debate de candidatos ao governo gaúcho foca na segurança e no troco do RS
Do jornal eletrônico SUL21, com texto de LUÍS EDUARDO GOMES e fotos de Reprodução
Começou oficialmente a corrida pela eleição ao Palácio Piratini. No primeiro dia em que os candidatos puderam sair às ruas para pedir voto à população, sete dos oito postulantes ao governo do Estado se reuniram na Rádio Gaúcha para o primeiro debate desta disputa – Paulo Medeiros, do PCO, não participou. Durante cerca de duas horas, cada um pode apresentar as suas visões e propostas para o futuro do Rio Grande do Sul, com o debate focando essencialmente nas questões da segurança, das finanças e do desenvolvimento econômico do Estado. Contudo, segundo a apresentação do programa, os próprios ouvintes reclamaram da falta de abordagem de um plano para a educação.
Participaram do debate, por ordem alfabética, Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori (MDB), Julio Flores (PSTU), Mateus Bandeira (NOVO), Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL). O debate teve quatro blocos. No primeiro, os candidatos se apresentaram por dois minutos e responderam questões elaboradas pelos jornalistas da rádio e previamente sorteadas. No segundo, puderam formular as perguntas aos seus adversários. No terceiro, puderam falar sobre um tema de sua escolha e a jornalista Rosane de Oliveira selecionou uma pergunta a partir de questionamentos levantados nas redes sociais. E, no quarto e último bloco, tiveram tempo para considerações finais.
Apresentação
Primeiro a se apresentar, Roberto Robaina afirmou que o RS vive uma falsa democracia dominada pelo poder econômico, por oligarquias e grandes grupos econômicos que fazem com o que o Estado seja governado para os mais ricos. Ele defendeu que é preciso uma nova política em que os ricos sejam chamados a pagar a conta. Na sequência, o candidato Julio Flores convocou os eleitores a uma rebelião socialista e à grave geral para construir um estado em que conselhos populares substituam governos e esferas de poder.
Posteriormente, Sartori disse que queria voltar a ser o mesmo candidato de 2014, focando em simplicidade, honestidade e verdade. Por sua vez, sobre o seu governo, disse que foram tomadas medidas amargas para enfrentar a realidade e reformar o Estado mirando a sustentabilidade e a promoção do desenvolvimento. Na sequência, Mateus Bandeira apresentou-se como uma pessoa que vem de fora da política para romper o “ciclo da velha política”, mas saudando a sua participação no governo de Yeda Crusius (PSDB) e prometendo políticas de austeridade fiscal. Rossetto também falou de seu histórico como petroquímico, vice-governador (1999-2002) e ministro dos governos Lula e Dilma, antes de diz que o RS é vítima dos governos Temer e Sartori e defender uma agenda de promoção do desenvolvimento econômico e reorganização do serviço público.
Fechando o primeiro bloco, Eduardo Leite apontou que, nas últimas eleições municipais, Pelotas foi a única das cinco maiores cidades do RS a manter o mesmo partido no poder, quando sua ex-vice, Paula Mascarenhas, foi eleita em primeiro turno, e Jairo Jorge disse que não fará promessas, mas, se eleito, irá trazer as experiências que implementou como prefeito de Canoas para governar o RS.
Segurança
Ao longo de todo o debate, o tema da segurança foi o mais debatido. Inclusive, quando os candidatos puderam optar por escolher um assunto qualquer para discorrer sobre, todos optaram pela mesma pauta, ainda que sob pontos de vista variados. Numa ponta, Bandeira defendeu mais rigor, mais prisões e que é preciso acabar com o que chamou de “bandidolatria” e de “vitimização dos bandidos”. Em outra, Robaina e Flores apontaram o caminho da descriminalização das drogas como solução para o enfrentamento das facções criminosas.
Sartori fez a defesa das políticas de segurança implementadas por seu governo, mas outros candidatos apontaram que o RS tem, neste momento, o menor efetivo da Brigada Militar de sua história, com menos de 16 mil homens. Jairo retomou a ideia de que empregará medidas adotadas em Canoas para defender a integração das forças policiais e o investimento em tecnologia. Rossetto defendeu foco na policiamento comunitário e a criação de um batalhão exclusivo para patrulhar escolas e universidades. Leite defendeu a realização de Parcerias Público Privadas (PPPs) para o sistema carcerário e foco na reinserção social.
Finanças e desenvolvimento
A questão da segurança se encontrou com as finanças quando o assunto foi impostos e proposta para o desenvolvimento regional. Na ala mais à esquerda, Robaina e Flores defenderam a política de “que os ricos paguem as contas”, contra isenções fiscais e em defesa do combate à sonegação. De outro lado, Bandeira, Leite e Sartori fizeram a defesa ferrenha da necessidade de mais cortes nos gastos do Estado, a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e de privatizações, com a diferença de que o governador foi o único a defender abertamente a manutenção da alíquota de ICMS em 18%, aumentada em seu governo e que, para continuar valendo, precisa passar por uma nova votação na Assembleia Legislativa.
Já Jairo e Rossetto concordaram, ao longo do debate, na crítica à proposta de adesão ao RRF, caracterizando-o como regime de “irresponsabilidade”. Para o petista, a solução dos problemas passa por uma nova negociação da dívida e dos créditos da Lei Kandir, bem como pela retomada de uma agenda de desenvolvimento a nível regional e nacional, o que o fez, em mais de um momento, apontar para uma nova eleição de Lula como caminho. Já o ex-prefeito de Canoas martelou a necessidade de desburocratização dos processos para abertura de novos negócios, com redução de tempo para o licenciamento ambiental, e, seguindo os passos de seu governo em Canoas, a adoção de uma “Lei do Gatilho” a nível estadual, isto é, reduzindo impostos anualmente à medida que as receitas aumentam.
Embates
Pelas regras do debate, os candidatos tiveram apenas uma oportunidade de perguntarem entre si. Nesse momento, as ideias gerais apresentadas nos outros blocos também prevaleceram, mas pode-se observar um princípio das linhas de “embates” que os candidatos devem adotar. Mateus Bandeira, por exemplo, mesmo tendo sido quadro do último governo do PSDB no Estado, foi ao embate com o candidato tucano Eduardo Leite, ironizando o fato deste ter se comprometido a recriar a Secretaria de Esportes para atrair o apoio de João Derly, da Rede. O tucano, por sua vez, na sequência questionou o governador Sartori pela falta de uma agenda de desenvolvimento econômico.
Já Rossetto, quando teve oportunidade, questionou Jairo Jorge sobre o RRF, acordo de renegociação com o governo federal ao qual ambos teceram críticas. Por outro lado, Roberto Robaina focou sua artilharia no petista, o cobrando sobre o “alinhamento de estrelas” entre 2011 e 2014 não ter resultado em renegociações mais efetivas da dívida e da Lei Kandir, ao que Rossetto respondeu que os governos Lula e Dilma foram os que mais investiram no RS.
Nesse bloco, houve ainda a defesa de posições econômicas completamente opostas. Jairo perguntou a Flores sobre a questão do licenciamento ambiental, a qual o candidato do PSTU optou por responder defendendo uma revisão geral de isenções, o combate à sonegação e uma política de obras públicas para a geração de empregos. Já Sartori questionou Robaina sobre desburocratização, mas o candidato do PSOL aproveitou para falar de corrupção e apontar desvios no MDB gaúcho e no governo federal de Michel Temer (MDB).
Os candidatos voltam a debater ainda nesta quinta-feira (16), no primeiro debate televisivo a ser realizado pela TV Bandeirantes, a partir das 22h. Julio Flores (PSTU) não participará desse debate, nem o candidato do PCO, Paulo Medeiros.
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Dei azar e liguei o rádio duas vezes quando passava o debate. PSOL quer suspender o pagamento da dívida do RS e algo como ‘revogar a lei Kandir’. PT com aquela conversa de ‘polícia comunitária’ e ‘recomposição do número de brigadianos’. É discurso para enganar trouxa, coisas não-factíveis.