ELEIÇÕES. Interesses próprios, votos “na pessoa”…, razões que alimentam a infidelidade. RS vira exemplo
Do site do Correio do Povo, em reportagem de FLÁVIA BEMFICA, com foto da Agência Brasil (Arquivo)
Os movimentos de lideranças políticas gaúchas nos últimos dias expuseram no Rio Grande do Sul uma marca das corridas eleitorais que se acentuou no pleito de 2018: a infidelidade declarada, e sem consequências para quem a pratica, de políticos com as alianças fechadas por seus partidos. Nesta semana, a característica ganhou visibilidade no Estado a partir do anúncio do deputado federal e candidato ao Senado, Luis Carlos Heinze. Integrante do PP gaúcho, Heinze divulgou na quarta-feira que, na corrida presidencial, apoia o candidato do PSL e colega de Câmara, Jair Bolsonaro.
A decisão se dá dentro de uma eleição na qual o PP do RS ganhou uma importância que ainda não havia alcançado desde a redemocratização. Ter o vice – a senadora Ana Amélia Lemos – na chapa presidencial encabeçada pelo tucano Geraldo Alckmin. O caso de Heinze, contudo, está longe de ser exceção. Pelo país, situações iguais ou semelhantes se acumulam.
Para o professor Luis Gustavo Grohmann, do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV) da Ufrgs, as infidelidades declaradas sempre existiram nos pleitos, com casos rumorosos no RS, inclusive. Mas ganharam intensidade nesta eleição, em função de fatores tanto internos como externos, que geram um quadro mais “caótico”. “No Brasil, há um tensionamento fruto de mudanças no eleitorado e na cena política em decorrência de tudo o que aconteceu nos últimos anos.
O eleitorado está, de forma ainda mais intensa, prestando atenção nas pessoas, votando nelas e não nos partidos. Mundialmente, soluções já existentes apresentam dificuldades e há a ascensão de setores populistas de direita, apesar das propostas estapafúrdias. Isso propicia um cenário onde cada um tende a tentar salvar a própria pele”, resume. A avaliação ajuda a explicar o desempenho de Bolsonaro, expoente em uma sigla diminuta, que possui uma bancada federal composta por oito parlamentares, e poucos segundos na propaganda do rádio e da TV. Alianças e interesses regionais diversos completam o quadro.
No Rio Grande do Sul, Heinze não é o primeiro a ganhar visibilidade por trair a decisão oficial da sigla a qual pertence. O coordenador da campanha de Bolsonaro no Estado, que o candidato do PSL aponta como ministro chefe da Casa Civil na hipótese de chegar ao Planalto, é o presidente do DEM gaúcho, o deputado federal Onyx Lorenzoni.
Apesar de o DEM também integrar a coligação de Alckmin, a opção do parlamentar é vista com naturalidade no partido. Quando é questionado sobre o caso, o presidente nacional da legenda e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), costuma assinalar que Onyx está com Bolsonaro ‘há muito tempo’. Em maio, durante agenda no RS, descartou qualquer possibilidade de que a infidelidade pudesse resultar em intervenção no diretório gaúcho. “Seria algo muito bruto, não democrático”, resumiu.
Na quarta-feira, a reação do presidente do PP gaúcho, Celso Bernardi, ao ato de Heinze, foi além. Ao final da carta que emitiu após a decisão do correligionário, Bernardi destaca: “É bom lembrar que a eleição de 2018 poderá ter segundo turno e não devemos romper pontes e radicalizar com aqueles que estão próximos das nossas posições doutrinárias e da visão que temos de Estado e de gestão.”
Dentro do PP do Estado, além de parte da base apoiar Bolsonaro (ex-integrante da legenda) à revelia do acordo oficial da cúpula, e da mágoa resultante do fato de Heinze ter sido obrigado a retirar a candidatura ao governo, ganham força as especulações sobre o apoio de Heinze reavivar as conversas a respeito de sua indicação ao Ministério da Agricultura em caso de vitória de Bolsonaro.
No cenário regional como um todo, enquanto o PP está coligado oficialmente com o PSDB, que tem Eduardo Leite disputando o governo, o DEM não está em nenhuma das alianças com candidatos ao Piratini, e não há indicação de voto. Mas suas lideranças admitem que existe, entre partidários, certa predileção pelo governador José Ivo Sartori (MDB), que disputa a reeleição.
Entre os postulantes ao Piratini, quem tem feito movimentos mais explícitos em direção a siglas que integram coligações adversárias é o candidato do PDT, Jairo Jorge. Ainda em agosto, o pedetista lançou um movimento suprapartidário com apoio do PPS, PR, PRB e Pros.
No Estado, PPS e PRB estão aliados ao PSDB. O PR está com o MDB. O Pros gaúcho, que não integra coligações estaduais que tenham postulantes ao Piratini, está unido ao DEM e ao PSL na campanha de Bolsonaro. Já na corrida pela presidência da República, integra, junto com o PCdoB, a coligação encabeçada pela candidatura de Fernando Haddad (PT). Petistas e bolsonaristas são adversários frontais na disputa presidencial…”
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