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EXCLUSIVO. Vereadores de Santa Maria gastaram mais de R$ 25 mil com a cota de selos ao longo de 2018

Dezembro foi o mês em que os vereadores mais enviaram cartas, totalizando 3.345 correspondências emitidas. Foto Divulgação

Por Maiquel Rosauro

O velho hábito de mandar cartas segue forte no Legislativo santa-mariense. Cada vereador conta com uma cota mensal de 167 selos, totalizando um total de 2.004 unidades por ano. Em 2018, os parlamentares enviaram 15.109 correspondências, o que gerou um gasto público de R$ 25.161,30.

Contudo, nem todos os edis adotam a prática. Alguns, inclusive, são contrários ao uso da cota. É o caso do atual secretário municipal de Saúde, Francisco Harrisson (MDB), que na semana passada licenciou-se do Legislativo.

“Nunca usei este sistema. É um desrespeito enviar cartão de aniversário para eleitores com dinheiro público, não entendo isso como atividade parlamentar. Abri mão da cota de selos, assim como do telefone funcional”, afirma Harrisson.

A presidente da Casa, Cida Brizola (PP), também é contra a cota postal e não registrou gastos com selos em 2018.

“O sistema de cartas ainda é amplamente utilizado por alguns vereadores, mas em pesquisas a nossos eleitores, detectamos que a faixa etária em que atuamos prefere receber as notícias do mandato – ou qualquer outro contato com o gabinete – via redes sociais. Portanto, para o nosso gabinete o selo já não é necessário e não faz falta alguma”, destaca Cida.

Quem também não gastou sequer R$ 1 com cartas foi Admar Pozzobom (PSDB). O vereador ressalta que prefere utilizar Facebook, Instagram, WhastApp e até SMS para se comunicar com os santa-marienses.

“Quando presidente (em 2017), diminui a cota de selos e teria um acordo para que, no ano seguinte, o vereador Maneco (Manoel Badke – DEM) extinguisse a cota (todavia, a eleição da Mesa foi vencida por Alexandre Vargas – PRB), pois no mundo moderno rede social é a forma mais apropriada de chegar no eleitor, gerando uma economia”, explica Admar.

Outros quatro vereadores, todos do PSDB, também não utilizaram a cota de selos em 2018. São eles: Lorena Santos e João Ricardo Vargas, que deixaram a Câmara no início de abril para assumirem secretarias de Município, e João Chaves e André Domingues – Deco, que substituíram os dois primeiros na Casa.

 

Guerra extrapolou a cota

O vereador Luciano Guerra (PT) foi o que mais enviou cartas em 2018. No total, ele gastou R$ 3.772,15 em selos para 2.218 correspondências. Ou seja, 214 cartas acima da cota anual.

“As cotas são suficientes, a contagem é feita pelo setor de Protocolo. São descontadas da cota do próximo ano. Quando ultrapassa, utilizamos recursos próprios para fazer esse trabalho”, argumenta Guerra.

O petista também informa que o número excessivo de cartas enviadas, ano passado, deve-se ao envio de informações do mandato para a comunidade.

“Ainda existem muitas pessoas que não recebem informações pela internet. Portanto, encaminhamos pelos Correios como forma de transparência do nosso trabalho”, alega o vereador.

 

Transparência

O consumo da cota de selos dos vereadores não está disponível na página da Câmara. O site teve acesso aos dados via Lei de Acesso à Informação, poucos dias após fazer uma requisição formal ao Legislativo.

Clique AQUI para acessar a planilha com o Consumo de Cartas dos vereadores em 2018. E AQUI para conferir os valores individuais gastos com selo (veja um resumo ao final da matéria).

 

Devoluções

O Parlamento não controla apenas as correspondências que saem da Casa, também monitorando as devoluções. Ou seja, as cartas devolvidas que não chegaram aos destinatários. No total, foram 382 cartas pagas com dinheiro público que voltaram aos remetentes.

A maior partes das cartas (137) retornou no mês de janeiro. Ou seja, são resquícios de missivas enviadas ainda em 2017.

Nesse quesito, ninguém supera o vereador Adelar Vargas – Bolinha (MDB), com 103 correspondências devolvidas.

 

Envios

Em 2018, o mês com o maior número de cartas enviadas foi dezembro, totalizando 3.345. O gasto total no último mês do ano com a cota foi de R$ 6.188,25.

Já o mês com o menor número de correspondências remetidas pelos parlamentares foi fevereiro, com apenas 344 cartas e gasto total de R$ 656,00.

 

Consumo de cartas em 2018

Vereador – Correspondências – Valor gasto em selos
Luciano Guerra (PT) – 2.218 – R$ 3.772,15
Ovídio Mayer (PTB) – 1.990 – R$ 3.681,50
Jorge Trindade – Jorjão (REDE) – 2.000 – R$ 3.268,95
Leopoldo Ochulaki – Alemão do Gás (PSB) – 1.427 – R$ 2.553,00
Celita da Silva (PT) – 1.373 – R$ 2.466,05
Luci Duartes – Tia da Moto (PDT) – 1.557 – R$ 2.177,80
Adelar Vargas – Bolinha (MDB) – 1.448 – R$ 2.173,30
Vanderlei Araújo (PP) – 1.109 – R$ 1.829,65
Daniel Diniz (PT) – 676 – R$ 1.139,60
Marion Mortari (PSD) – 375 – R$ 693,75
Manoel Badke – Maneco (DEM) – 474 – R$ 643,80
Valdir Oliveira (PT) – 309 – R$ 477,30
Alexandre Vargas (PRB) – 137 – R$ 253,45
Deili Silva (PTB) – 10 – R$ 18,50
João Kaus (MDB) – 4 – R$ 7,40
Juliano Soares – Juba (PSDB) – 2 – R$ 5,10
Admar Pozzobom (PSDB) – 0 – R$ 0
André Domingues – Deco (PSDB) – 0 – R$ 0
Francisco Harrisson (MDB) – 0 – R$ 0
João Chaves (PSDB) – 0 – R$ 0
João Ricardo Vargas (PSDB) – 0 – R$ 0
Lorena Santos (PSDB) – 0 – R$ 0
Cida Brizola (PP) – 0 – R$ 0
Total – 15109 – R$ 25.161,30

 

Correspondências devolvidas em 2018*

Vereadores – Cartas devolvidas
Adelar Vargas – Bolinha (MDB) – 103
Celita da Silva (PT) – 77
Leopoldo Ochulaki – Alemão do Gás (PSB) – 32
Ovídio Mayer (PTB) – 31
Jorge Trindade – Jorjão (REDE) – 26
Daniel Diniz (PT) – 19
Luci Duartes – Tia da Moto (PDT) – 19
João Ricardos Vargas (PSDB) – 18
Vanderlei Araújo (PP) – 17
Cida Brizola (PP) – 14
Luciano Guerra (PT) – 12
Valdir Oliveira (PT) – 9
Alexandre Vargas (PRB) – 3
Admar Pozzobom (PSDB) – 1
Marion Mortari (PSD) – 1
André Domingues – Deco (PSDB) – 0
Deili Silva (PTB) – 0
Francisco Harrisson (MDB) – 0
João Chaves (PSDB) – 0
João Kaus (MDB) – 0
Juliano Soares – Juba (PSDB) – 0
Lorena Santos (PSDB) – 0
Manoel Badke – Maneco (DEM) – 0
Total no ano – 382
* Algumas destas correspondências foram enviadas em 2017. A maioria dos retornos ocorreu nos primeiros meses de 2018.

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5 Comentários

  1. Falta dinheiro para muita coisa importante. Inclusive para terminar o elefante branco do Casarão da Vale Machado. Mas selos não podem faltar, é imprescindível.

  2. E a farra continua… porquê não utilizam as mídias? Qualquer índio, no mais escondido rincão, possui um celular. Haja !!!

  3. Além da cota de telefone, de selos e de combustível, os vereadores tem outros ‘mimos’. A Camará possuiu 29 (isso mesmo, vinte e nove) assinaturas anuais do jornal local Diário, ao preço de R$ 20.052,00 (no ano de 2018). Possui 22 assinaturas do Jornal A Cidade ao preço de R$ 2.200,00. Essas informações podem ser vistas no portal LicitaCon do TCE-RS.

  4. Não adianta. Tem gente que nasceu para mamar eternamente na teta pública. De um jeito ou de outro. Parabéns aos vereadores que, sensatamente, não utilizam esse meio de comunicação às custas do contribuinte.

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