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Tem sido a regra. Mídia grandona (e a que se acha) Despeja os tiros. Depois discute o mérito

A sociedade não está nem aí para isso, neste momento. Muito preocupada com o seu cotidiano, ao contrário do que imagina a mídia grandona (e a que se acha), não dá a mínima para questões que supostamente são importantes. E até são, para a própria mídia.

 

Aí se incluem vários temas. Fiquemos com um, o caso das acusações que envolvem o pároco católico paulista Júlio Lancellotti. Ele já é culpado, embora nem sequer o inquérito esteja concluído. Isto é, talvez sequer seja indiciado. Mas isso é matéria policial, não jornalística.

 

Fiquemos com o nosso ofício. E leia o que escreve, sempre com muito talento e até algum humor e ironia, o experimentado jornalista Carlos Brickmann. Ele passou (inclusive em funções relevantes de chefia) por várias redações grandonas no centro do País. Confira:

 

“NOTÍCIA APRESSADA – Executar primeiro, julgar depois

Na primeira página, acima da dobra, o lugar mais nobre de um jornal, saiu a notícia de que um cavalheiro afirmava ter mantido relações homossexuais com o padre Júlio Lancellotti, que o acusa de extorsão. Poucos dias depois, o mesmo cavalheiro negou ter tido relações sexuais com o padre. Saiu numa página interna, no canto inferior direito. A acusação mereceu um título grande; o desmentido, um título pequenininho, pequenininho. A acusação é feita em manchete, o desmentido precisa ser lido com lupa.

Estamos no país das maravilhas: aquele da Alice, onde a Rainha Má primeiro mandava matar e depois providenciava o julgamento. E a culpa não é de promotores, juízes, delegados: é nossa, dos jornalistas, que aceitamos como verdade divina tudo o que provém de fontes oficiais e reduzimos à expressão mínima “o outro lado” – que se transforma, de elemento essencial à apuração dos fatos, numa obrigação chata, cumprida burocraticamente e com muita má vontade. Com alguma freqüência, o sujeito acusado de matar esposa e filhos informa que é estéril, não é casado, vive com um estivador e, aliás, tem nojo de mulher; e a defesa acaba saindo nos meios de comunicação como “ele nega as acusações”…”

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da saborosíssima coluna “Circo da Notícia”, assinada por Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa.

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