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CRÔNICA. Os 100 textos exatos de Orlando Fonseca no site. E também os 100 dias de Bolsonaro. E então…

Crônica de nº 100

Por ORLANDO FONSECA (*)

Números redondos são passíveis de comemoração, sendo tão importantes para governantes empossados em janeiro, quanto para cronistas. Na semana em que se completam 100 dias do governo federal, legitimamente eleito pelo povo brasileiro, celebro neste espaço a crônica de número 100, conforme a contabilidade do titular deste site. O sítio do Claudemir, onde vicejam, além de pereiras, muitas outras árvores frutíferas e hortaliças metafóricas de lavras diversas. Como é outono, importa deixar que os frutos amadureçam.

Em um mês de abril, no longínquo 1979, iniciei no Jornal A Razão uma trajetória que me fez dedicar tempo e energia para me fazer cronista. Tendo ensaiado uma tentativa em 1977, no Jornal O Expresso, em um mês de março, passei ainda pelo site Cidade Cultura do Portal Terra e pelo Jornal Diário de Santa Maria, ocupando uma coluna semanal por 11 anos, desde 2005, e atualmente uma crônica mensal.

Em 6 de março de 2017, publicou-se aqui, neste espaço virtual, a de número 1, nesta contagem que já chega a uma centena. Ao longo do tempo, perdi a conta de quantas crônicas escrevi e tive a honra de ver publicadas. Bom quando se pode contar o tempo por coisas deste tipo, para não entrar em parafuso com a vertiginosa passagem dos anos.

Não me fiz cronista de uma hora para outra. Comecei pela poesia, no entanto, fui leitor voraz e atento dos mestres Rubem Braga, Fernando Sabino, Millôr Fernandes e LF Verissimo. Estudei a composição do texto e as peculiaridades do gênero. E fui adaptando e me adaptando às várias mídias. Sempre prestei muita atenção às circunstâncias, aos pequenos detalhes, uma tendência a focar a minha lente literária no ponto em que os demais não estavam mirando.

Disso depreendi uma ferramenta que é capaz de produzir um texto do qual os leitores afirmam ser o que diriam, se soubessem escrever. Eles sabem, só estão olhando para o outro lado. É um segredo aqui revelado. Por estas portas, poesia e crônica, me aventurei pelos misteriosos caminhos da literatura, com vários livros de narrativa longa, contos e novelas juvenis.

Ano passado encerrei uma etapa desta jornada, na última escola que visitei em Passo Fundo. Ao longo de 15 anos, viajei pelo Rio Grande do Sul para falar com alunos que leram meus livros infanto-juvenis. Passei por 40 municípios, alguns mais de uma vez, através dos projetos Autor na Sala de Aula, da minha editora, WS Editor, e do projeto do IEL – Instituto Estadual do Livro, Autor Presente.

Além das histórias que acumulei cruzando estradas, nem sempre planas e com asfalto regular, ou pousando em hotéis baratos, cumpri com prazer a tarefa de estimular a leitura, naquela idade em que se faz fundamental – e crucial – para manter o interesse pelos livros. Agora, integrante da Turma do Café, estou me preparando para autografar, junto com os confrades, a nossa 17ª obra coletiva, na Feira do Livro, que começa ainda este mês.

Outono, frutos, alguns amargos, como estes 100 dias de governo. Perdura a pergunta: o que foi feito? Caos no MEC, aumento do índice de desemprego, parque industrial paralisado, lojas fechadas, retorno de 7 milhões para a linha da miséria, política de relações internacionais desastrosas, perspectiva de um PIB pífio este ano, ameaça de greve dos caminhoneiros, fim da eufórica expectativa do mercado com um messias, salvador da pátria.

E o que se viu até agora é a flexibilização na posse das armas, anúncio do fim das lombadas eletrônicas, fim do horário de verão. Aquele tão propalado fim da velha política foi pras cucuias: para aprovar a reforma da Previdência, voltou o uso do antigo toma lá, dá cá. Ou seja, esta minha despretensiosa crônica de número 100, acaba por ser, em vista da conjuntura, uma lamentável coincidência.

(*) ORLANDO FONSECA é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e  Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica uma reprodução de internet.

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Um Comentário

  1. Tirando o que não tem importância e textos auto-laudatórios à parte, Pereira é um sobrenome trasmontano? Enquanto aguardamos a resposta revezaremos a mirada entre o espelho e o umbigo e meditaremos como somos ‘bãos’. Kuakuakuakuakua

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