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MÍDIA. Bolsonaro ajuda de seus parceiros da Record e do SBT. Duas redes já levam mais troco que a Globo

O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista para a TV Record, em janeiro. Emissora já é a que mais recebe recursos de publicidade

Do portal Universo Online. A reportagem é assinada por LEANDRO PRAZERES. A foto é de Reprodução

Os gastos em publicidade do primeiro trimestre do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) cresceram 63% em relação ao mesmo período do ano anterior e chegaram a R$ 75,5 milhões. Os dados foram obtidos a partir de um levantamento feito pelo UOL com base em informações da Secom (Secretaria Especial de Comunicação), vinculada ao Palácio do Planalto.

O levantamento mostra também que nos três primeiros meses do governo Bolsonaro, a Record passou a Globo e foi o grupo de comunicação que mais recebeu verbas publicitárias do governo. É a primeira vez que ocorre essa inversão em ao menos dois anos, segundo as análises por trimestre.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secom informou que os pagamentos feitos no primeiro trimestre são referentes a despesas contratadas na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e que o presidente Jair Bolsonaro autorizou, até agora, o gasto de R$ 12 milhões referentes à campanha publicitária da reforma da Previdência.

Os dados indicam que os gastos da Secom com publicidade institucional saíram de R$ 44,5 milhões no primeiro trimestre de 2018 para R$ 75,5 milhões no mesmo período de 2019. Esses valores são referentes aos gastos do órgão com o pagamento de agências de publicidade, pesquisas de opinião pública, comunicação digital e repasses a veículos de comunicação em todo o Brasil.

Corrigindo os números pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que no período variou 4,2%, chega-se a um aumento de 63% entre um ano e outro. Na comparação com o mesmo período de 2017, o crescimento é ainda maior. Nos primeiros três meses daquele ano, a Secom gastou R$ 35 milhões. Na comparação entre os gastos em 2017 e 2019, o crescimento é de 101%, já descontada a inflação no período.

Os levantamentos foram feitos entre os anos de 2017 e 2019 porque o sistema alimentado pelo governo só passou a compilar informações detalhadas sobre os gastos da secretaria a partir de janeiro de 2017, após a emissão de uma instrução normativa do então Ministério do Planejamento, absorvido posteriormente pelo Ministério da Economia.

Record e SBT passam a Globo em 2019

A comparação entre 2017 e 2019 mostra que, neste ano houve uma aparente quebra no padrão de distribuição das verbas publicitárias repassadas pela secretaria de comunicação do governo. Os dados mostram que em 2017 e 2018, a Globo encontrava-se isolada na liderança do bolo publicitário, e que Record e SBT se revezavam em segundo lugar.

Em 2017, por exemplo, a Globo faturou R$ 6,9 milhões no primeiro trimestre. Em segundo lugar ficou o SBT, com R$ 1,34 milhão. Em terceiro, ficou a Record com R$ 1,21 milhão. Em 2018, o padrão se manteve. A Globo faturou R$ 5,93 milhões nos três primeiros meses do ano. Em segundo lugar ficou a Record, com R$ 1,308 milhão. Em terceiro ficou o SBT com R$ 1,1 milhão.

Em 2019, o padrão mudou. Em primeiro lugar ficou a Record, com R$ 10,3 milhões. Em segundo, veio o SBT, com R$ 7,3 milhões. Em terceiro veio a Globo, com R$ 7,07 milhões. Para superar a Globo, Record e SBT tiveram crescimentos exponenciais de seus faturamentos publicitários junto à Secom.

Em relação a 2018, o crescimento do faturamento publicitário da Record junto à Secom no primeiro trimestre de 2019 foi de 659%, valor já considerando a variação da inflação no período. A Rede Record é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, comandada pelo bispo Edir Macedo. O religioso declarou apoio à candidatura de Bolsonaro à Presidência em setembro do ano passado. Desde que assumiu o poder, o presidente já concedeu duas entrevistas exclusivas à rede.

O SBT também experimentou um crescimento exponencial no período: 511%. Enquanto isso, o faturamento dos veículos das Organizações Globo cresceu 19%, saindo de R$ 5,9 milhões para R$ 7,07 milhões.

Bolsonaro prometeu cortar gastos

Uma das promessas de Bolsonaro em sua campanha à Presidência foi cortar gastos referentes à publicidade governamental. No início do ano, ele chegou a propor uma mudança no sistema de redirecionamento da verba estatal para veículos de comunicação.

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, essas mudanças seriam uma estratégia para acabar com o predomínio da Globo no faturamento da verba publicitária do governo.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto disse que os pagamentos feitos no primeiro trimestre do ano não têm relação com ações determinadas por Bolsonaro.

“Primeiramente, é necessário esclarecer que os valores indicados pelo jornalista se referem aos pagamentos realizados pela veiculação de campanhas publicitárias autorizadas e executadas em anos anteriores, e, portanto, sem relação com os investimentos previstos para a publicidade em 2019”, disse. A assessoria informou que a estimativa de gastos da Secom para todo o ano é de R$ 100 milhões.

Sobre o aumento de 659% no volume de repasses da Secom para a Record e de 511% para o SBT, o órgão disse apenas que os pagamentos são feitos após a comprovação da veiculação e que eles são feitos por ordem cronológica.

A reportagem enviou questionamentos às assessorias de imprensa da Record e do SBT, mas até a última atualização desta matéria, não obteve resposta.

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