Mulher submissa ao homem: não é religião, é machismo!!!
Por DÉBORA DIAS (*)
No dia 16 de abril deste ano, a Sra. Damares Alves (foto ao lado), Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foi protagonista de mais uma pérola. Tentei fazer-me de surda, mas não deu. A Ministra Damares disse que dentro de sua concepção cristã, a mulher deve ser submissa ao homem no casamento. Se essa frase, que dói aos ouvidos, fosse dita há uns 70 anos, por minha avó, a minha mãe, eu poderia entender, dentro do contexto histórico da época, da sociedade patriarcal em sua glória, etc, etc. Mas hoje NÃO!
O que a mim parece mais triste é o fato de uma pessoa pública, uma mulher que exerce um cargo político, que tem visibilidade, que pode de uma maneira, mesmo que “torta” ser ouvida e ter multiplicadores, falar tamanha aberração contra os direitos das mulheres, contra a luta de todas as mulheres por anos e anos. Não é somente uma frase, é um pensamento, é uma ideologia, que põe por terra e desmerece a luta de todas nós mulheres, a nossa luta diária por igualdade.
Dessa forma, eu poderia fazer uma lista de estragos diante da infeliz afirmação de nossa Ministra Damares. Mas me atenho, apenas a mexer nesse assunto para não cair no esquecimento, não gostaria que meninas e meninos, ainda em desenvolvimento, achassem que o dito pela ministra corresponde a verdade, pode ser uma convicção pessoal dela, problema dela, mas não é religião, é machismo.
A base de toda violência de gênero é o desequilíbrio nas relações interpessoais entre homens e mulheres. A desigualdade entre homens e mulheres é fomentadora da violência contra mulheres. Por isso, não podemos admitir uma leitura diferente de igualdade. O respeito aos direitos do ser humano, de mulheres e homens, sem fazer diferença, esse é o propósito, e partindo dessa base que se devem ser educadas nossas crianças.
Qualquer relação de submissão não é saudável. Não nascemos para estar em relação de submissão, seja ela qual for. Homens e mulheres, todos devem ser respeitados, sem discriminação. A isonomia de gênero, prevista em nosso texto constitucional, diz: Art. 5º , inciso I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Dessa maneira, a igualdade deve ser não somente formal, mas material, ou seja, deve ser efetiva, e para isso a responsabilidade é de todos, principalmente do Estado, o qual deve criar possibilidades reais, em todos os momentos, da concretização e efetivação do princípio constitucional.
(*) Débora Dias é Diretora de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antônoma de Lisboa (UAL), em Portugal.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra este artigo é uma reprodução de internet.
MInistra da MULHER fazendo coro e reverência ao patriarcado familiar, relegando a mulher a um papel secundário. Esse País não tem como dar certo mesmo(isso me lembra Tim Maia). A direita adora ser submissa, as mulheres de direita ao marido(me agrada, tenho um certo fetiche por mulher submissa) e os homens ao Donald(mas sei de muitos “direitistas” que gostariam de se submeter ao Frota).
Os comentários de “O Brando” são o que há de melhor nesta página. Eles é que deveriam constituir os artigos, e os atuais artigos, os pitacos.
Existe, para os desavisados, a tal Teoria Critica da Escola de Frankfurt. Em muitas cadeiras de filosofia em diversas faculdades é tudo o que se estudo, todo o resto é jogado fora (Aristóteles, Vico, etc). Mistura um monte de coisas, psicanálise, marxismo, são muitos ingredientes. Um dos pilares da escola de pensamento é o finado Theodor Adorno que, dentre outras pérolas, escreveu: ‘A mulher que se sente ferida quando sangra sabe mais sobre si mesma do que aquela que se imagina uma flor, porque isso agrada o marido’.
A ‘ferida’ tem a ver com viagens psicanalíticas, mulher um ser castrado (no sentido figurado), mutilado socialmente pela humilhação patriarcal através da história. Daqui para a teoria critica da religião numa abordagem feminista não é longe.
Em tempo: Paulo Freire é um dos luminares da pedagogia crítica.
Perigoso nos dias atuais aceitar as coisas como são apresentadas.
Pessoal da esquerda usa um truque em debates frequentemente. Quando alguém critica dizendo ‘isto é ideológico!’ o vermelhinho retruca ‘o que você diz também é ideológico!’, como se não fosse possível discurso fora de alguma ideologia (no sentido de conjunto organizado e formalizado de idéias).
Ministra tem o direito de ser cristã? Tem. Tem liberdade de expressão? Positivo. Ela tem obrigação de ser feminista ou se abster? Não.
Outra artimanha da esquerda: ‘provocar’ e/ou atacar e tratar a reação como se fosse um ataque gratuito. Pois bem, este povo da ministra não acordou num determinado dia e resolveu ‘vamos para o enfrentamento!’.
Para não espichar, afirmações sobre violência são ideológicas, direito é uma construção cultural/social e por aí vai. Não adianta substituir uma religião baseada no sobrenatural por uma baseada na ‘razão’ por motivo bastante simples, ‘razão’ é um instrumento imperfeito frequentemente manejado por ignorantes e toda cepa de gente com problemas cognitivos.