O contribuinte paga. Um jeito pra lá de interessante de ministro aumentar o próprio salário
Diga-se, a bem da verdade, que os cartões corporativos para custear despesa de servidores públicos grandões não é invenção do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (se bem que a mídia grandona, não sei por que – ? -, descobriu isso só agora). Aliás, essa história vem de bastaaaante tempo antes. A diferença é que agora a coisa escancarou para o escracho com o dinheiro do contribuinte.
Um e outro, ou outra (no caso da ministra Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial), simplesmente se esbaldaram. E com o dinheiro público, claro; não com o dela. E aí, bem, aí já é um pouquinho demais. E justifica o apelido Bolsa Ministro, dado pelo talentoso Ricardo Noblat, em texto cheio de fina ironia, e que passo a reproduzir. No final, uma perguntinha impertinentezinha. Confira:
Bolsa Ministro resolve antigo problema dos governos (!)
Ninguém entendeu até agora o passo à frente dado pelo governo para resolver de uma vez por todas, e sem que o presidente tivesse de mexer um só dedinho, um antigo problema que impediu administrações anteriores de contarem com gente talentosa nos ministérios – o baixo salário dos mais altos cargos da República. Refiro-me à Bolsa Ministro, o mais recente lançamento do governo Lula.
Como funciona? Assim: o ministro embolsa seu parco salário que mal dá para pagar os gastos fixos. Mas aí se vale do cartão de crédito corporativo e paga as demais despesas. Saca direto do caixa do governo. E não precisa dar satisfações a ninguém – talvez ao Tribunal de Contas da União (TCU), se ele cobrar algum tipo de satisfação. Nunca vi ninguém de fato encrencado com o TCU. É um tribunal que detesta encrenca.
O Bolsa Ministro evitou para o governo o desgaste de propor ao Congresso um aumento substancial do salário dos ministros. Se pedisse o Congresso daria feliz da vida – e em seguida reajustaria seus próprios salários. Depois do Congresso seria a vez das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais. E o Judiciário naturalmente iria na onda. Aumentos em cascata.
Com o Bolsa Ministro, quem ganha, digamos, R$ 13 mil mensais poderá aumentrar seus rendimentos de acordo com suas necessidades e dentro da maior discrição. Se em determinado mês quer comer tapioca, saca o cartão e paga. Se no mês seguinte, enjoado de tapioca, prefere ir visitar a filha que mora no interior de algum Estado, compra a passagem e vai.
Os gastos com cartões corporativos evoluíram assim: R$ 14,1 milhões em 2004; R$ 21,7 milhões em 2005; R$ 33 milhões em 2006: e 75,6 milhões no ano passado. A evolução prova que fórmula deu certo.
A gritaria em torno da descoberta do Bolsa Ministro se deve mais à inveja de quem foi incapaz de bolar uma solução tão simples do que à sincera indignação.
SÓ UMAS PERGUNTINHAS, com o perdão da impertinência: não existem dados anteriores a 2004? E a 2002? Desculpa o meu bestunto, às vezes ele pensa. Perdão, de novo.
SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, outras notas publicadas pelo jornalista Ricardo Noblat.
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