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ARTIGO. Michael Almeida Di Giacomo e a Feicoop, espaço público e “compartilhado democraticamente”

Todos pela Feicoop!

Por MICHAEL ALMEIDA DI GIACOMO (*)

O Brasil, uma nação forjada no modelo mercantil eurocêntrico, no último período tem ampliado a distorção entre classes por meio de uma política de geração de renda a cada dia mais nefasta. O resultado é a formação um segmento social que fica à margem das riquezas produzidas em seu próprio país.

Atualmente, em dados oficiais, convivemos com mais de 14 milhões de desempregados. E não há perspectiva concreta de que esse quadro irá mudar no curto prazo. O número real, provavelmente, é muito maior.

É preciso encontrar novos caminhos, de mais inclusão, autonomia e geração de renda frente à carestia que passa a maior parte de nossa população. Um ótimo exemplo de enfrentamento à ordem econômica excludente é a realização da Feira Internacional do Cooperativismo, a cada mês de julho, em Santa Maria.

Coordenado pela Irmã Lourdes Dill, o modelo de cooperativismo autogestionário – a elevar uma prática de economia solidária – é hoje uma referência internacional. Em 2019 será realizada a sua 26ª edição.

O trabalho “formiguinha”, como bem disse a Irmã Lourdes, tem seu nascedouro a partir da disposição do então Bispo de Santa Maria, Dom Ivo Lorscheiter. Sua inspiração partiu da leitura da obra “A pobreza, riqueza dos povos: a transformação pela solidariedade” de autoria do sociólogo africano Albert Tévoédjeré.

Em 1984, Ivo Lorscheiter defendeu, com base na doutrina de Tévoédjeré, a ideia do trabalho que valorizava as “pequenas coisas”, tendo por norte o princípio da solidariedade. O trabalho que iniciou com poucos e de forma localizada, hoje envolve milhares de pessoas e muitas entidades nacionais e internacionais.

A Feicoop, que no último ano teve a participação de mais de 300 mil pessoas, tem por fundo a emancipação social e o protagonismo de um sujeito coletivo e libertador apto a fazer frente a uma ordem econômica excludente. É a forma de trabalho cooperativada que não tem similaridade com o modelo burguês, pois é solidária, democrática e inclusiva.

Esse viés de libertação, além de promover um meio de geração de renda, também contribui para a formação de uma consciência de ajuda mútua. As mais diversas oficinas realizadas durante a Feicoop corroboram para que o evento não tenha só uma vertente comercial, mas, também, uma ideia de formação cidadã.

O modelo de economia solidária edifica um conjunto de ações e o alargamento do poder local ou periférico em relação poder central ou globalizado.  Na letra de Luis Francisco Verano Paez, ao valorizar o trabalho dos produtores diretos, como proprietários e gestores da empresa em uma comunidade, é possível notar a eliminação da “exploração do homem pelo homem”.

A informação veiculada em alguns meios de comunicação de que essa poderia ser a última edição do evento deve ser vista com muita atenção pode todos nós.  A Feicoop é um espaço público aberto e compartilhado democraticamente, não há dúvida. A sua sobrevivência, fortalecimento e crescimento é uma tarefa em que todos nós podemos e devemos contribuir. Santa Maria abraça a Feicoop.

(*) Michael Almeida di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestrando em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: As fotos  (de Maiquel Rosauro) que ilustram este artigo são do arquivo do site. 

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