GOVERNO. Caneta frenética de Bolsonaro já demitiu mais de 30, dos primeiros escalões: quatro ministros
Do jornal digital Metrópoles, com texto de NATÁLIA LÁZARO e foto e imagem de Reprodução
Jair Bolsonaro (PSL) não tem economizado na guilhotina de auxiliares desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2019. Nestes primeiros seis meses de mandato, sofreu com dificuldade de diálogo com o parlamento – o que gerou uma série de derrotas no Congresso Nacional; viu-se envolvido em constantes conflitos internos incluindo as alas conservadora e militar; e deu vazão à sua tendência de não tolerar qualquer coisa menor que alinhamento ideológico total. A soma desses fatores fez Bolsonaro usar freneticamente a caneta.
No total, foram quatro ministros exonerados (e um deles está na corda bamba enquanto você lê essa reportagem), uma troca no comando da comunicação do governo e outra na presidência do BNDES. Além disso, houve a demissão de presidentes e/ou diretores-gerais de oito órgãos de destaque, como os casos da Embratur e da Apex. A agência de promoção do comércio exterior, por exemplo, trocou de presidente três vezes em apenas seis meses. Ao todo, foram mais de 20 baixas de presidentes e diretores do primeiro e segundo escalões do governo.
O Ministério da Educação (MEC) é o exemplo mais dramático da incontinência defenestradora do presidente – que se alastra, em alguns casos, para seus ministros. No caso do MEC, somente o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela execução do imenso e importantíssimo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), teve quatro presidentes e 16 diretores exonerados.
No âmbito geral do ministério, foram impressionantes 91 demissões, no total, até o mês de maio.
Para relembrar as baixas de Bolsonaro nos seis meses de governo, o Metrópoles dividiu as exonerações em quatro escalões, por ordem de relevância no andamento da máquina do país. No primeiro escalão, ficaram as demissões de ministros, auxiliares diretos no Planalto e presidentes de bancos. Por último, demissões e afastamentos que não influenciaram diretamente no funcionamento do governo, mas que tiveram ligação com a autoridade de ministros, com a ala militar, com conflitos ideológicos ou que foram gerados por personalidades de forte influência sobre o presidente.
O primeiro a cair do ministério foi o ex-secretário-geral Gustavo Bebianno, ainda em fevereiro. Ele foi substituído pelo general da reserva Floriano Peixoto. O ex-ministro foi acusado de repassar R$ 400 mil a candidatas “laranjas”, enquanto presidia o PSL, partido de Bolsonaro, durante o período eleitoral. Não foi, porém, somente a acusação que enfraqueceu a imagem de Bebianno com Bolsonaro. Ele e o filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), travaram uma briga pelo Twitter, em que o parlamentar desmentiu alegações do ex-ministro sobre estreita relação com o chefe do executivo.
Em 21 de junho, Bolsonaro fez a segunda troca na Secretaria-Geral. Floriano Peixoto foi exonerado e nomeado para a presidência dos Correios. Assumiu o jurista Jorge Oliveira, major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal. Floriano foi o quarto ministro a ser tirado do posto.
O segundo a ser riscado da lista de ministros foi o ex-chefe da pasta da Educação (MEC) Ricardo Vélez, substituído pelo professor Abraham Weintraub. Vélez criou rusgas desde que assumiu a pasta, incluindo depoimentos polêmicos que colocaram em crise o governo de Bolsonaro e provocaram a demissão de 16 funcionários do alto escalação do MEC. Com a instabilidade do ministério, em 87 dias, o ex-ministro demitiu 91 pessoas. Entre os demitidos, estava o ex-responsável pela comunicação e contato com a imprensa, Bruno Garschagen, muito ligado a Olavo de Carvalho, guru bolsonarista.
A penúltima baixa do governo foi a do ex-secretário de Governo da Presidência da República (Segov) Santos Cruz, que foi substituído pelo general Luiz Eduardo Ramos. Apesar de Bolsonaro não ter cravado o motivo pelo qual teria exonerado o ministro, Santos Cruz havia criado inimizades dentro do governo, principalmente com Olavo de Carvalho, um dos principais influenciadores do chefe do Executivo, e com o “zero três” do presidente, Carlos Bolsonaro.
Suspeitas e desconfianças
Além dos ministros que perderam os postos, um está na corda bamba e a expectativa é de que caia nesta semana – o próprio PSL avalia que a troca pode ser consumada hoje: o chefe da pasta do Turismo, Marcelo Álvaro, que responde desde fevereiro pela contratação de candidatas laranjas durante período eleitoral. O ministro teria repassado R$ 279 mil a quatro candidatas do estado de Minas Gerais, para que representassem o percentual mínimo de 30% para destinação do fundo eleitoral de candidatas mulheres.
Pressionado por fracassos e resistências acumuladas a projetos caros ao governo, Bolsonaro demitiu em março o ex-comandante da Secretaria de Comunicação da Presidência, Floriano Amorim, e deixou o cargo com o empresário Fábio Wajngarten. A equipe econômica teria reforçado a Bolsonaro a necessidade de aumentar a publicidade da reforma da Previdência, mas o então secretário não teria realizado o pedido. Amorim foi escolhido por Carlos Bolsonaro e pelo filho “zero dois” do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Antes da indicação, o ex-comandante trabalhava com Eduardo em seu gabinete.
Outra saída recente foi a do então presidente do BNDES Joaquim Levy, que pediu para deixar o cargo após críticas públicas e duras de Bolsonaro. O economista entrou no governo com o pé esquerdo devido à proximidade com ex-governos petistas – embora seja de credo estritamente liberal – e acabou atraindo a desconfiança até por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes. Quem assumiu o comando do BNDES foi o economista Gustavo Montazano…”
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