Por FRITZ R. NUNES (com a colaboração de Lucas Reinehr e Amanda Xavier e foto de Arquivo), da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM
Na sexta passada, dia 6 de setembro, a reitoria da UFSM divulgou um documento em que acrescenta mais restrições às atividades que respondem pelo funcionamento da instituição. Contingenciamentos não são novidade e, no período mais recente, iniciaram a partir de 2015, no preâmbulo do segundo governo Dilma, se intensificaram no mandato-tampão de Michel Temer, e se aprofundaram de forma amarga no governo Bolsonaro. A assessoria de imprensa da Sedufsm foi ouvir algumas direções de Unidades (centros de ensino) para tentar auscultar como essas medidas restritivas estão sendo recebidas na ponta do processo de gestão. Os relatos a seguir dão conta da maioria dos centros, mas não de todos, tendo em vista que nem todas as direções responderam a tempo.
A diretora do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), Sonia Cechin, disse que “a reitoria e as Unidades estão fazendo o melhor possível dentro de uma situação de extrema precariedade que foi imposta por esse governo. E a nossa prioridade é manter o ensino em funcionamento na medida do possível”. É justamente a partir dessa afirmação que talvez caiba uma pergunta: diante de tanta precariedade, o que significa, em termos práticos, manter o ensino funcionando?
Sandro Petter Medeiros, diretor do Centro de Ciências Rurais (CCR), analisa que as medidas restritivas anunciadas afetarão as aulas práticas dos diversos cursos, pois não há recursos para pagar diárias e nem combustível suficiente, o que impedirá muitos deslocamentos. A falta de reagentes para laboratórios também é outra preocupação no CCR. Pode chegar algum momento, diz Medeiros, em que faltará material para as aulas práticas. Ele ressalta que, até mesmo a proposta aprovada de unificação das secretarias não será implementada, devido à ausência de recursos para adequação das salas. O corte de bolsistas vai afetar também as coordenações de cursos, publicações de revistas, entre outras coisas.
Ar-condicionado, o vilão
Uma das primeiras medidas de economia expressas no ofício encaminhado pela gestão da UFSM às unidades, é a orientação para que haja um esforço na redução de gastos em energia elétrica, restringindo o uso do ar-condicionado para locais imprescindíveis, como laboratórios, biotérios, entre outros.
Em relação a esse tema, o diretor do Centro de Ciências da Saúde (CCS), José Edson Paz, disse que, após diversas reuniões na Unidade que dirige, chegou-se à conclusão que não existe forma de proibir o uso de ar-condicionado. Segundo ele, não há como recolher cada um dos controles desses equipamentos, e mesmo que isso fosse feito, há ainda a possibilidade que condicionadores de ar modernos sejam acionados através de aplicativos de celular.
Diante dessa situação, ressaltou Paz, a alternativa é estabelecer um processo educativo entre todos os segmentos, apelando, evidentemente, para o bom senso. Contudo, o diretor explica que uma das ações concretas que será colocada em prática é que, até o final do ano, não serão instalados novos aparelhos de ar-condicionado.
As preocupações maiores, segundo o diretor, são quanto à redução de 50% nas chamadas bolsas de trabalho que atendem a estudantes, o bloqueio de bolsas da Capes e CNPq, além, é claro, quanto a possível restrição no uso do Restaurante Universitário (RU) a estudantes que possuem Benefício Socioeconômico (BSE).
Quando o verão chegar
Tiago Marchesan, diretor do Centro de Tecnologia, avalia que, por enquanto, pelo fato de estarmos no inverno, o uso do ar-condicionado não é uma grande preocupação. Entretanto, se a falta de recurso orçamentário se mantiver até os meses mais quentes do período letivo, que são novembro e dezembro, aí a redução, ou a não utilização desses aparelhos, assinala ele, poderá impactar na qualidade das aulas. De qualquer forma, ele explica, ainda estão sendo feitas as análises de como se adequar às orientações, tendo em vista que foi dado um prazo de duas semanas para avaliação.
Sobre o Restaurante Universitário, Marchesan o considera fundamental para a permanência estudantil. Se realmente ocorrer que apenas os que tiverem BSE poderão utilizar, o impacto será enorme, avalia. “Mas por enquanto, pelo que está colocado, a redução não é imediata, tudo depende da perspectiva de o governo federal liberar ou não o orçamento”, ressalva…”
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É só fazer greve de novembro a março… em abril já vai estar fresquinho.