ESTADO. Proposta do governo de Jair Bolsonaro, se aprovada, pode extinguir 13 municípios aqui na região
Por MAIQUEL ROSAURO (texto e foto/arquivo), da Equipe do Site
O mapa geográfico do Rio Grande do Sul precisará de uma rigorosa edição, caso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Pacto Federativo, apresentada terça-feira (5) pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), seja aprovada no Congresso Federal. A iniciativa prevê que municípios com até 5 mil habitantes e com arrecadação própria inferior a 10% da receita total sejam incorporados a municípios vizinhos. Na região, 13 municípios seriam extintos.
O governo Federal não informou quantos municípios seriam atingidos pela nova regra. Porém, um levantamento da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) indica que dos 231 municípios gaúchos que têm menos de 5 mil habitantes, 226 têm receita própria menor do que 10% do total da receita municipal, considerando apenas as receitas por meio de tributos como impostos Predial Territorial Urbano (IPTU), Sobre Serviço (ISS) e Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e outras taxas. A média de arrecadação destes municípios é de 4,8%.
Conforme a Famurs, estão fora desta regra com menos de 5 mil habitantes: Capivari do Sul, Monte Belo do Sul, Coxilha, Arambaré e São João Polêsine, na região Central. A média de arrecadação desses municípios é de 11,7% do total.
A região de abrangência da Associação dos Municípios da Região Centro (AM-Centro) é composta por 33 cidades. Excluindo São João do Polêsine, 13 municípios possuem menos de 5 mil habitantes de acordo com o Censo 2010. É o caso de: Silveira Martins, Unistalda, Ivorá, Quevedos, Toropi, Dilermando de Aguiar, Capão do Cipó, São Martinho da Serra, Dona Francisca, Jari, Vila Nova do Sul, Pinhal Grande e Nova Esperança do Sul.
Porém, se for considerada a estimativa de habitantes em 2019 há uma pequena alteração. Nova Esperança do Sul sai da lista e é substituída por Mata (confira os dados no fim da matéria).
A Famurs alerta que os critérios utilizados pelo governo Federal em relação à receita própria não estão claros. Receitas decorrentes de prestação de serviços de máquinas rodoviárias, iluminação pública e tarifas de fornecimento de água, caso forem consideradas, poderão modificar esse cenário.
“A proposta não representa um pacto federativo justo, que valorize os municípios. O projeto foi construído de cima para baixo, sem ouvir as entidades representativas”, avalia o presidente da Famurs e prefeito de Palmeira das Missões, Eduardo Freire (PDT).
O presidente da AM-Centro e prefeito de Restinga Sêca, Paulinho Salerno (MDB), considera que o momento exige atenção.
“Olhamos com cautela, precisamos agora conversar com os prefeitos e conhecer a proposta em definitivo”, comenta Salerno.
De acordo com o IBGE, o Brasil possui 1.253 municípios com menos de 5 mil habitantes, o que equivale a 22,5% do total de 5.570 municípios brasileiros (incluindo o Distrito Federal). Rio Grande do Sul e Minas Gerais concentram a maior quantidade de pequenas cidades no país: 231 cada.
Caberá ao Congresso decidir sobre a fusão de novos municípios. Além disso, serão criadas restrições para criação de novas cidades.
Habitantes na área de abrangência da AM-Centro
Município – Censo 2010 – População Estimada em 2019
Silveira Martins – 2.449 – 2.384
Unistalda – 2.450 – 2.338
Ivorá – 2.516 – 1.910
São João do Polêsine – 2.635 – 2.552
Quevedos – 2.710 – 2.788
Toropi – 2.952 – 2.806
Dilermando de Aguiar – 3.064 – 3.014
Capão do Cipó – 3.104 – 3.651
São Martinho da Serra – 3.201 – 3.234
Dona Francisca – 3.401 – 3.041
Jari – 3.575 – 3.503
Vila Nova do Sul – 4.221 – 4.280
Pinhal Grande – 4.471 – 4.350
Nova Esperança do Sul – 4.671 – 5.352
Itaara – 5.010 – 5.499
Mata – 5.111 – 4.823
Nova Palma – 6.342 – 6.512
Faxinal do Soturno – 6.672 – 6.677
Formigueiro – 7.014 – 6.664
Paraíso do Sul – 7.336 – 7.611
São Vicente do Sul – 8.440 – 8.721
Jaguari – 11.473 – 10.848
Cacequi – 13.676 – 12.561
Restinga Sêca – 15.849 – 15.789
São Pedro do Sul – 16.368 – 16.198
Agudo – 16.722 – 16.461
São Francisco de Assis – 19.254 – 18.335
Júlio de Castilhos – 19.579 – 19.293
Tupanciretã – 22.281 – 23.948
São Sepé – 23.789 – 23.621
Santiago – 49.071 – 49.071
Cachoeira do Sul – 83.827 – 82.201
Santa Maria – 261.031 – 282.123
Fonte: IBGE
Não vai passar. É muito cabide para extinguir ‘a troco de nada’.
Gestão é todo o problema. Alguém lança o mote ‘região tal está abandonada pela prefeitura’. Pode ser até verdade, por incompetência, motivos políticos, etc. Criam um novo município. Dinheiro que seria para resolver os problemas acaba indo parar no bolso do prefeito, dos secretários, dos vereadores, dos aspones e dos servidores. Chefe do executivo vira cliente de algum deputado, fica dependendo de emendas. Ou seja, antes da ‘solução’ politica havia um problema, depois existem muito mais.
Dai faz-se uma pesquisa rápida num município vizinho. Prefeito nominalmente ganha pouco mais de nove mil, liquido ganha pouco mais de quatro. Um engenheiro, um dentista e um psicólogo acabam por ganhar mais que o prefeito devido aos descontos. Transparência da Câmara por lá é bastante opaca, portanto sem comentários. Isto no meio do RS, é de se imaginar nas grotas do Brasil profundo.