Por ELOÍZE MORAES (com fotos do Arquivo/ UFSM e Arquivo Pessoal), da Agência de Notícias da UFSM
O primeiro reitor eleito democraticamente na UFSM foi Gilberto Aquino Benetti. Além de ser o quinto a assumir a gestão da Universidade, também foi o primeiro aluno a chegar ao cargo. Pertencente ao Centro de Tecnologia (CT), formou-se em Engenharia Civil pela 1ª Turma da Faculdade Politécnica da UFSM, em 1966. A trajetória de Gilberto, sua história e sua gestão foi retratada no inventário documental produzido pela diretora da Divisão de Arquivo Permanente da UFSM e pós-graduanda em Patrimônio Cultural, Andréssia Jociara Dias. A defesa do trabalho aconteceu no dia 16 de dezembro e teve orientação da professora Dra. Glaucia Vieira Ramos Konrad, e concedeu à Andréssia o título de mestranda na área.
A gestão de Benetti foi de 23 de dezembro de 1985 a 22 de dezembro de 1989. Até a eleição do quinto reitor, a escolha de quem assumia o cargo era feita exclusivamente pelo Conselho Universitário, que organizava uma lista secreta com seis nomes de dirigentes escolhidos, sem considerar a opinião da comunidade universitária. Essa lista era enviada para o Governo Federal e, a partir da escolha do Presidente da República, era nomeado o novo reitor.
Desde 1985, no entanto, organizações da UFSM, como DCE e APUSM, se organizaram na busca por eleições diretas e que considerassem a opinião de servidores e estudantes da UFSM. A chapa “Muda Brasil”, integrada por estudantes, aproveitava a campanha em torno da eleição de Tancredo Neves para prometer mudanças na própria estrutura do ensino brasileiro. Foram meses de lutas até que conquistassem as eleições diretas dentro da instituição que estudavam e trabalhavam.
Com a comunidade sendo ouvida, foram indicados quatro candidatos, todos professores: Gilberto Aquino Benetti, Tabajara da Costa, José Antônio Fernandes e José Sales Mariano da Rocha. Os concorrentes assinaram uma ata onde se comprometeram a não assumir o cargo caso não fosse o resultado das urnas. As eleições realizadas entre 26 e 27 de junho de 1985, contaram com 10.316 eleitores, dos quais 4.365 mil (36,7%) indicaram Benetti ao cargo.
Foram quatro anos complexos para o novo reitor. Ele esteve à frente da reitoria em um dos períodos mais difíceis do país, durante a chamada Nova República, após o fim da ditadura militar. Foram crises econômicas e greves de estudantes e servidores, envolvendo transporte público, contratações dentro da Universidade, falta de orçamento para o Restaurante Universitário e verbas para a instituição. Complicado período no qual Gilberto era o principal responsável em manter o equilíbrio e a democracia na instituição.
Benetti pretendia que a UFSM fosse palco de discussão da própria estrutura universitária, sobre seus estatutos e o modelo de ensino brasileiro. Esperava que ocorresse a definição de um modelo de universidade capaz de oferecer um ensino diversificado de alta qualidade, aberto a todas as classes sociais, adequado ao desenvolvimento econômico, social e apropriado na formação do cidadão. Em seu discurso de posse, deixava marcada sua participação efetiva e democrática de todos os segmentos integrantes da Universidade: “conseguiremos concretizar os ideais de uma instituição em que a competência, a qualidade do ensino, o valor da pesquisa e a efetiva integração com a comunidade sejam mais do que sonhos ou planos, sejam realidade”.
Pesquisa contribui para a construção da memória institucional da UFSM
Todo esse resgate histórico, segundo Andréssia, foi feito através de pesquisas aprofundadas em arquivos da época. A mestranda começou trabalhando com a documentação disponível na Divisão de Arquivo Permanente do Departamento de Arquivo Geral (DAG) da UFSM. Realizou um estudo cronológico, onde selecionou arquivos e reportagens que remetiam à UFSM de 1981 a 1985, colocando tudo isso posteriormente em um inventário. Além disso, fez um levantamento de arquivos no acervo do Sistema de Informação do Arquivo Nacional (SIAN). “A partir dessa documentação conhecemos a memória da instituição, a valorização de uma gestão que muitas vezes as pessoas não conhecem. É para que as pessoas conheçam realmente quem foi o reitor, quem foi Gilberto Aquino Benetti, quais foram suas contribuições para a instituição”, destacou.
Benetti não participou como candidato nas eleições seguintes. Andréssia não sabe dizer o motivo. O que se sabe é que se aposentou na instituição em 15 de fevereiro de 1995 e que, a partir da eleição dele, todas as seguintes foram de maneira democrática. A organização de chapas e a distribuição de urnas para atender a opinião de toda comunidade acadêmica demonstra que as eleições diretas se manteram. Até hoje a instituição carrega valores defendidos por Gilberto e pelos protestantes da época: a autonomia didática-científica, administrativa e de gestão financeira patrimonial, e a obediência ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
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