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Dólar e risco. Números ajudam adversários a se entender na equipe econômica de Lula

Não chega a ser, digamos, uma novidade em tempos lulistas. Há décadas se digladiam, na mídia grandona, os economistas em artigos incandescentes. De um lado, os desenvolvimentistas, querendo a todo pano promover o desenvolvimento, mesmo que às custas de uma “pequena” inflação. De outro, os conservadores, que querem conter gastos de qualquer maneira, mesmo que às expensas da população mais sofrida, tudo em nome de uma suposta estabilidade – que, conquistada, abriria caminho para o desenvolvimento.

 

Sei, como diria o amigo e colega Fritz, que isso que escrevi no parágrafo anterior é o tal de “reducionismo”. Nem tanto a mar, nem tanto à terra. Foi, reconheço, uma simplificação. Mas que explica mais ou menos o embate histórico entre os dois lados e que se mantém vivo em todos os governos nas últimas três décadas, pelo menos. E que, obviamente, segue em pleno governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Em tempos lulistas, desde o início do primeiro mandato, os conservadores se encastelaram no Banco Central e no Ministério da Fazenda, personificados respectivamente por Henrique Meirelles e Antônio Pallocci. Enquanto que os desenvolvimentistas andavam pela Casa Civil, nos tempos de José Dirceu e, minoritariamente, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, com Carlos Lessa – economista que tem origem no PMDB. Este durou pouco, aquele foi mais adiante, engolfado pelo escândalo do mensalão.

 

Mas, e agora? Até poucos dias, Guido Mantega, da Fazenda, soltava farpas para os lados do BC de Meirelles, o remanescente. Isso durou, consta, enquanto Lula não deu um pára-te-quieto na equipe, proibindo divergências públicas entre ambos. Fosse o assunto taxa de juros ou qualquer outro.

 

A dúvida é se foi só isso que determinou o silêncio obsequioso. Na verdade, em economia (como também na política, cá entre nós), o que manda são os números. E eles, do chamado “Risco Brasil” à cotação do Dólar, passando por outros indicadores, inclusive a inflação, têm o condão de calar qualquer um. Contrário ou favorável. E só uma reversão, para cima ou para baixo, dessa situação poderá redundar, penso eu, no retorno do desconforto mútuo entre as elites do pensamento econômico postadas no governo central.

 

SUGESTÃO DE LEITURA – leia aqui o artigo “O que mudou ou o que vai mudar”, do repórter especial Valdo Cruz, da Folha de São Paulo, publicado pela Folha Online.

 

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