Todos precisamos contribuir
Por GIUSEPPE RIESGO (*)
A economia brasileira respira por aparelhos, mas para nossa sorte ainda temos respiradores. No entanto, algo está sendo sumariamente esquecido mesmo em um momento excepcional como o de hoje: quando o setor privado quebra, o governo também quebra. Obviamente, em momentos assim, o endividamento do governo cresce, justamente, para auxiliar o setor econômico a se manter e poder retomar suas atividades com o mínimo de normalidade. A economia, hora ou outra, será religada e precisamos, neste momento, ter empresas minimamente saudáveis para que os empregos e a vida comum voltem.
Trago isto à tona, porque é importante entendermos que a crise atual exige a contribuição de todos. Se identificamos que os recursos do governo são limitados e que é o setor privado o organismo que mantém o sistema em vigor, temos que compreender também que, aos agentes do Estado, cabe necessário sacrifício e solidariedade em momentos de forte queda da economia e, consequentemente, da arrecadação de impostos.
Foi por isso que a Bancada do Partido NOVO no Congresso Nacional propôs Emenda à Constituição que reduz, temporária e progressivamente, a remuneração dos políticos, funcionários públicos e demais assessores como forma de combater a crise oriunda da pandemia do novo corona-vírus. As reduções propostas vão de 25% até 50%, dependendo da remuneração bruta de cada um desses servidores e não afetará àqueles que recebem menos de R$ 6.101,07. Também propusemos a redução de 25% nos gastos com verbas de gabinete e de 50% nas demais cotas para o exercício das atividades parlamentares, assim, estendemos a economia que o NOVO já faz para todos os partidos e em todas as Casas Legislativas do Brasil.
É importante ressaltar que, no caso dos políticos, a redução salarial em nível federal afetará também a remuneração dos mesmos em nível estadual, pois os deputados estaduais recebem, no máximo, o correspondente a 75% dos deputados federais e que tal redução salarial não contempla os funcionários públicos das áreas que combatem diretamente a pandemia, bem como, os aposentados, militares e agentes de segurança pública.
Momentos de crise extrema exigem determinação e solidariedade. Nós, agentes políticos, precisamos ter o compromisso social de entregar um bom trabalho, mas também de compreender de onde sai o dinheiro que paga os nossos salários. O mesmo serve para todos os funcionários públicos. O setor privado, que mantém o público, desligou-se em boa parte. Vive, portanto, uma crise histórica. Só na última semana de março, o isolamento social no Rio Grande do Sul, fez a indústria, o atacado e o varejo experimentarem quedas vertiginosas (35%, 17% e 43%, respectivamente). Tudo indica que teremos uma queda histórica no PIB, algo digno de uma depressão econômica. É lógico que o setor público precisa contribuir.
A crise passará e nós estaremos aqui. É importante que tenhamos as condições mínimas para retomar as atividades econômicas com saúde e segurança. A volta não será rápida e os efeitos da crise – devido ao temor que se espraia em parte de nossa população -, serão sentidos por meses. É preciso que protejamos nossa saúde pessoal e econômica. O serviço público sempre possuiu a vocação de ajudar. Antes de enriquecer, servir. Que façamos a nossa parte nos isolando quando pudermos e ajudando ao próximo quando convocados. Este é o nosso compromisso social e a verdadeira natureza de todo e qualquer serviço público. A crise, afinal, é de todos nós.
(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.
Observação do editor: a foto que ilustra este artigo é uma reprodução obtida na internet.
O que acho da medida? Inconstitucional com banda de música (não adianta emendar, tem clausulas pétreas na questão). E demagógica também. Grande parte da remuneração dos políticos não vem como salário, vem nos penduricalhos. Pior, médicos, enfermeiros da Ebserh, do Hospital das Clinicas em POA, outras profissões em atividades essenciais, agora tem que se preocupar se a cambada da classe politica não vai fazer fezes.