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ARTIGO. Giuseppe Riesgo e uma reflexão econômica já para o pós-coronavírus: um futuro cheio de desafios

Por que a economia preocupa?

Por GIUSEPPE RIESGO (*)

A pandemia que está colocando o mundo de joelhos tem confrontando as lideranças mundiais e locais para que tomem decisões sobre o que fazer em relação à saúde da nossa população. As medidas encontradas, de distanciamento ou isolamento social, têm efeitos colaterais muito dolorosos para a população. O desemprego bateu à porta de muitos e a capacidade de sobrevivência também.

Por outro lado, o governo federal vem utilizando de uma porção de mecanismos fiscais e monetários para atenuar os efeitos da pandemia na saúde financeira das empresas e das famílias brasileiras. No entanto, a pergunta que fica em momentos assim é: aonde iremos parar, depois que isso tudo passar?

Como bem ressaltava o economista austríaco Ludwig von Mises, a economia é um sistema dinâmico que reflete gostos e desejos de consumidores e ofertantes ao longo de um determinado período de tempo. Esse dinamismo significa que não podemos fotografar um momento econômico e analisá-lo precisamente, pois a economia não espera pelo analista; ela segue se movimentando.

Assim, toda e qualquer política governamental possui efeitos econômicos previsíveis e não previsíveis. O sistema não permite uma leitura precisa, logo, a incerteza sobre o futuro aumenta e, consequentemente, investimentos e empregos são fortemente afetados nas crises econômicas.

Relato isso, não porque advogo contra as medidas econômicas de combate ao coronavírus, pelo contrário! Como já defendido aqui na coluna, esse é um dos poucos momentos em que a ação estatal se justifica per se. No entanto, os impactos nas contas públicas e na nossa moeda não podem ser ignorados e, se o objetivo é nos prepararmos para a ressaca em um mundo pós-coronavírus, precisamos nos deter sobre essas questões.

Para termos ideia, apenas na questão fiscal, podemos fechar o ano de 2020 com um déficit primário acima dos R$ 500 bilhões. A dívida pública bruta deve ser aproximar dos 90% do PIB brasileiro, algo em torno de R$ 6,5 trilhões de reais. De um governo promissor, austero e reformador, passamos para uma administração que, devido à crise, tende a entregar o país ainda mais endividado para as gerações futuras. Pelo lado da moeda, o Banco Central injetou mais de R$ 1,2 trilhões no sistema financeiro, mais de 10 vezes os esforços realizados na crise de 2008, aquela, a da “marolinha”. O impacto na taxa de juros e na inflação futura é algo que exige, no mínimo, a atenção de todos nós.

Faço este alerta porque uma dívida pública desse tamanho e um aumento na quantidade de dinheiro dessa magnitude, não tenham dúvidas, cobram a conta. Uma dívida assim, certamente exigirá que o Tesouro Nacional, ali na frente, role para frente esses compromissos fiscais. Tal “rolagem” da dívida pública exigirá um aumento na taxa de juros, afinal, o risco de emprestar para o governo será ainda maior.

Do aumento nos juros vem a queda nos investimentos, da queda nos investimentos vem a pressão sobre a geração de empregos e, sem estes, o crescimento e desenvolvimento econômico do país ficam severamente comprometidos. A chance de vivenciarmos outra década perdida é cada vez mais real e não pode ser negligenciada.

Mas, então: o que fazer? Assim como no livro do romancista William Styron, estamos à frente de uma “escolha de Sofia”, em que não há como sair sem graves ferimentos e consideráveis sequelas. Provavelmente, não teremos ganhadores ao final disso tudo e a vitória será como a de Pirro na luta contra os romanos. É justamente por isso que o momento exige da política e dos nossos gestores públicos, coragem na tomada de decisão e firmeza para se manter resoluto acerca do caminho adotado. Para que, ali na frente, tenhamos a sabedoria suficiente para encarar, não uma marolinha, mas o possível tsunami fiscal e monetário que se aproxima sobre a nossa economia. Isso, sem sombra de dúvidas, cobra a conta de cada um dos brasileiros. Que tenhamos paciência e força para encarar isso tudo e que Deus abençoe o nosso povo e o nosso país.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

Observação do editora foto que ilustra este artigo é de Artur Moês, da Coordenadoria de Comunicação da UFRJ e foi publicada originalmente no site da instituição (AQUI).

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