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ARTIGO. Paulo Pimenta, realidade da pandemia e da política, apostas de Bolsonaro e como responder a elas

A estratégia da chantagem

Por PAULO PIMENTA (*)

Ante uma sociedade vulnerável, com baixa capacidade de reação à desfaçatez e ao arbítrio, o governo de liquidação nacional de Jair Bolsonaro, estabeleceu uma estratégia criminosa de chantagear as instituições e as entidades civis com alguma audiência, operando movimentos de avanços e recuos medidos de modo a ampliar ainda que sejam alguns centímetros o espaço já conquistado.

Essa é uma leitura possível da tática de “um fato político por dia” e um evento de maior impacto no domingo, capaz de sintetizar as operações da semana. Produzir uma nova provocação para assegurar a iniciativa da pauta discutida pela sociedade e fazer valer uma antiga máxima da linguagem militar aplicada aos ambientes digitais contemporâneos: “mantenha a ofensiva sempre que possível, para obrigar o inimigo a se mover como você deseja”.

Ensaiar bem o dueto. Uma declaração provocativa contra as instituições emitida por Bolsonaro, seguida de uma fala apaziguadora de Mourão, quase sempre deixando escapar a garra sob a luva… para que não se perca o sentido de “autoridade” e assim manter a democracia sob uma certa tutela do estamento militar.

A sociedade brasileira está submetida a uma dupla calamidade. Às severas limitações recomendadas pela OMS para evitar o contagio da covid-19 e à conduta errática e irresponsável do Presidente da República. Um mandatário que foi capaz de demitir dois ministros da saúde em menos de um mês e mantém o ministério acéfalo, conduzido por militar interino.

Bolsonaro contribui decisivamente para converter o Brasil, hoje, no epicentro mundial da pandemia e deverá algum dia de responder por esse crime. Sua atuação agravou os cortes nos investimentos públicos, o boicote aos governadores e prefeitos, o sucateamento do SUS, tudo isso vai abrindo espaço para a covid-19 tornar-se uma calamidade sanitária com proporções de genocídio.

O Brasil já ultrapassa a casa dos 30 mil mortos, se considerarmos a subnotificação dos óbitos reconhecida até pelos próprios órgãos de saúde pública do governo. E a pandemia vai migrando, interiorizando, indo em direção às regiões mais pobres, para as periferias das cidades menos assistidas, as favelas, aldeias indígenas, mocambos onde as pessoas morrem em casa porque não têm chance de serem atendidas nas unidades de saúde superlotadas. Esse quadro dantesco vai sendo naturalizado diante dos nossos olhos habituados às criminosas desigualdades sociais perpetuadas ao longo da história.

Há um evidente quadro de deterioração do governo que percebe estreitar-se sua base de apoio na sociedade e busca compensá-la com a atração de setores fisiológicos do parlamento para recompor um lastro que lhe dê estabilidade e fôlego para escapar do impeachment. Esse movimento se conjuga com os arreganhos e ameaças de golpe proferidos por diferentes personalidades do governo e pelas milícias fascistas que vão se incorporando ao cenário do fim-de-semana de algumas cidades brasileiras, sob o olhar complacente, quando não cúmplice das Polícias Militares.

Bolsonaro constrói sua aposta na exasperação da sociedade tolhida pela pandemia e aterrorizada pelas incursões das forças policiais contra a população das favelas, como vimos no caso do assassinato do menino João Pedro, em busca de uma explosão. Algo que justifique ampliar as medidas de força já aplicadas na guerra contra a população das periferias das cidades brasileiras.

Nesse terreno minado, as oposições se movem buscando definir uma plataforma unificadora que, ao mesmo tempo, defenda da democracia, enfrente o fascismo e recupere os direitos dos trabalhadores abolidos pelo governo neofascista.

Vidas Importam!

Fora Bolsonaro, Mourão, Seu Governo e suas Políticas!

(*) Paulo Pimenta é Jornalista e Deputado Federal, presidente estadual do PT/RS e escreve no site às quartas-feiras.

Observação do editor: em pelo menos duas ocasiões, nos últimos meses, Bolsonaro “deu uma banana” para seus críticos, especialmente a imprensa. Essa registrada pela foto (uma reprodução da internet) que ilustra este artigo foi em 15 de fevereiro.

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