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COLUNA. José Mauro Batista conta a história daquele pleito em que MDB, PT (e ainda o PSDB) eram aliados

Direto do site do TRE, o resultado do pleito de 1992, com apenas três chapas. E algumas curiosidades, inclusive na eleição para vereador

PT e MDB nem sempre foram adversários – e outras histórias

Por JOSÉ MAURO BATISTA (*)

As divergências entre PMDB (rebatizado de MDB) e PT são históricas no Rio Grande do Sul, chegando mesmo a ser ferrenhas na maioria dos municípios, incluindo os cinco maiores, entre os quais figura Santa Maria. É possível afirmar que praticamente 10 em cada 10 emedebistas santa-marienses são contrários ao PT e dificilmente votariam num candidato petista à Prefeitura num segundo turno. Da mesma forma, pode-se dizer que 10 em cada 10 petistas santa-marienses querem distância do MDB e muito provavelmente não votariam em um candidato a prefeito emedebista. Mas isso nem sempre foi assim.

Nas eleições de 1992, as direções de PT e PMDB quebraram uma rixa histórica e firmaram uma coligação para disputar a Prefeitura de Santa Maria. A chapa encabeçada pelo petista Marcos Rolim, no entanto, enfrentou rejeições tanto das bases petistas como das peemedebistas. Mesmo assim, a aliança foi formalizada com o empresário Carlos Evanói Vieira como vice de Rolim. Além da resistência à união entre os dois partidos, havia uma rejeição ao nome de Evanói, que acabou renunciando e cedendo o lugar para a professora Irma Agostini, uma peemedebista raiz.

PT e PMDB disputaram o pleito – na época só tinha um turno – contra o médico e ex-prefeito José Haidar Farret (PDS-PFL) e contra o professor José Antônio Fernandes (PDT-PTB). Farret, que tinha como vice o vereador Sérgio Cechin, atual vice-prefeito, obteve uma vitória estrondosa com 64 mil votos contra 29,6 mil de Rolim e 18,6 mil de Fernandes. Isso que a coligação de Rolim reunia seis partidos, entre eles o PSDB, que também viraria adversário histórico dos petistas no Estado e em Santa Maria.

A base peemedebista da época, incluindo candidatos a vereador, não perdoa até hoje pelo que consideraram um erro histórico. De lá para cá, o PMDB mudou muito e se tornou cada vez mais distante do PT. Nem mesmo as alianças nacionais dos últimos anos conseguiram aproximar as duas siglas na cidade. Muito menos agora, depois do impeachment de Dilma Rouseff e do alinhamento peemedebista a Jair Bolsonaro, isso será possível.

Mudança radical
Originário do Movimento Unidade Progressista (MUP), criado dentro do PMDB nacional, o PSDB nasceu como um partido à esquerda. Isso explica a aliança com o PT em 1992. Com o ingresso do ex-deputado federal Nelson Marchezan e de outros políticos conservadores, os tucanos começaram um rápido processo de “direitização” do partido.

Reação
A chegada de Marchezan no PSDB não foi bem recebida pelos tucanos da Terra de Imembui. Houve muita resistência na época, mas a cúpula nacional bancou a filiação.

Foi em 1988
Por um descuido, errei uma informação na coluna passada. As primeiras pesquisas eleitorais, debates entre candidatos e a profissionalização das campanhas em Santa Maria começou em 1988 e não 10 anos depois como constou.

Dominantes
Nos últimos 50 anos, apenas seis partidos elegeram prefeitos no Coração do Rio Grande: MDB-PMDB, com três mandatos; Arena e PDS (atual Progressistas), com quatro mandatos; PTB, com um mandato; PT, com dois mandatos; e PSDB, com um mandato.

No poder, mas…
Nesse meio século de história local, o PFL (atual Democratas) só esteve fora do poder nas duas gestões do PT. Contabilizado os tempos de Arena e PDS – de onde o DEM surgiu, o partido participou de todos os governos municipais, três vezes com o vice-prefeito.

(*) José Mauro Batista é jornalista. Até recentemente, editor de Região do Diário de Santa Maria. Antes foi repórter e editor do jornal A Razão. Escreve no site semanalmente, aos domingos.

Observação do Editor: a imagem que ilustra esta coluna é uma reprodução da Internet. Mais exatamente do site do TRE/RS (AQUI, no original)

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6 Comentários

  1. Dando risada. Quase 30 anos depois Pimenta e Valdeci são donos do PT na aldeia (pés de eucalipto, o Fabiano que o diga; nada ‘conservador’ aparentemente). Werner mudou de partido váras vezes e até foi vice do PT. A turma dos ‘herdeiros’, pessoal que usufrui da posição (com todo direito) atingida pelos pais/avós/bisavós têm a sapiência de ficar longe das urnas (a maioria pelo menos), porém não se negam a ‘colaborar’ (Valdeci que o diga) ou ocupar cargos na ‘sociedade civil’ (pleitos menos concorridos, eleições mais higiênicas) para influenciar nos rumo da urb.
    Pergunta que não quer calar, cidade esta melhor ou pior do que estava em 92? Qual a tendência?

  2. Muito bom o texto! Realmente onde estamos é uma região mega conservadora, porém tem excelentes militantes políticos de esquerda, o que claro, causa aquela onda reacionária.

  3. Parabéns Zé Mauro. Retrospectiva correta no início da matéria. Posterior, é muito duro afirmar que 10 entre 10 emedebistas não votam no PT. Votamos no MDB. Cada eleição é cada eleição. Depende das candidaturas postas e que não sejam tão antagônicas. Aqui, somos santa-marienses. Tua trajetória é um livro aberto Zé Mauro. Sabes quase tudo….kkkkkk

  4. Excelente texto , muito bom esclarecedor, mas digo que numa terra conservadora nosso Deputado Valdeci Oliveira do PT, o único de esquerda a vencer por essas bandas contrariando o conservacionismo dessas bandas.

    1. Tradição …familia e propriedade…muito obrigado bom Deus. E se diga…….. NUNCA mais ganharão.

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