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ARTIGO. Giuseppe Riesgo e os diversos gargalos do Distanciamento Controlado, que completa dois meses

As limitações do planejamento social

Por GIUSEPPE RIESGO (*)

Ontem completamos 2 meses de execução do Plano de Distanciamento Controlado no Estado do Rio Grande do Sul. O modelo estabelece uma saída gradual do confinamento dividindo o estado em 20 regiões e classificando-as por bandeiras que buscam, através de 11 indicadores, mapear o avanço da doença e a capacidade de atendimento do sistema de saúde nessas regiões e no Estado como um todo. A iniciativa foi saudada pela nossa Bancada, pois cobrávamos uma saída que contemplasse alguma esperança de volta à normalidade econômica e social do RS.

No entanto, ao longo da execução do Distanciamento Controlado, fomos percebendo diversos gargalos sociais na aplicação do plano elaborado pelo governo. Tais percalços não surpreenderam. Toda forma de controle social é baseada em uma série de arbitrariedades típicas da metodologia desses modelos. Como definir os indicadores mais relevantes? Qual peso dar a cada indicador? Quantas bandeiras e classificações teremos? Como dividir as regiões? Quais serão as medidas de controle? Os percentuais adotados? Enfim, em modelos assim, a metodologia exige do planejador certa arbitrariedade e isso é absolutamente normal.

Só que a vida não é assim. Como já expus aqui na coluna, o ser humano possui subjetividades e incentivos que plano social algum consegue alcançar. Não à toa, o Comitê de Dados que controla o modelo de Distanciamento Controlado já fez diversas alterações ao longo desses dois meses. Por isso, motivada pela propensão ao diálogo, a Bancada do Partido NOVO na Assembleia Legislativa formulou sete recomendações ao Governador Eduardo Leite que, ao nosso ver, calibra o modelo e o ajusta aos anseios econômicos da sociedade.

Para nossa satisfação, o governador e sua equipe técnica já acataram parte das nossas sugestões: primeiramente, ao utilizar o modelo e os indicadores como instrumentos e não como único fator para a tomada de decisão e, posteriormente, ao manter contato com os prefeitos para entender as realidades locais e evitar que decisões sejam unicamente centralizadas. Tais sugestões foram contempladas, pois agora os municípios podem contra-argumentar em relação a sua classificação regional nas bandeiras. Posteriormente, utilizando-se do bom senso, dos dados e dos argumentos o governador toma a decisão sobre a classificação da região em relação ao avanço da doença e a capacidade de atendimento do sistema de saúde regional e estadual.

Em 1988, o Prêmio Nobel de Economia, Friedrich Hayek, escreveu em seu penúltimo livro, “Arrogância Fatal: Os Erros do Socialismo”, que a Economia tinha a curiosa tarefa de demonstrar a nós homens o quão pouco sabemos daquilo que imaginamos poder ou saber planejar. O alerta de Hayek era, de fato, fatal e nos dizia sobre as limitações do conhecimento e da metodologia que dispomos para moldar a sociedade à luz de planos ou de qualquer ação de engenharia social.

Ao longo desse 2020 isso se materializou no Plano de Distanciamento Controlado do Governo Eduardo Leite. As limitações do modelo e suas arbitrariedades não cabem no livre arbítrio e na subjetividade da ação humana. Alegra-me saber que o governo do estado percebeu isso e aceitou nossas sugestões. Afinal, é da política e não das planilhas e dados do Excel que sairão as soluções que precisamos para combater o vírus sem matar a nossa economia e a vida da nossa gente.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

Observação do editora imagem que ilustra este artigo é uma reprodução de internet e foi extraída de um blogue do articulista e deputado (AQUI)

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