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UFSM. “Surreal e irresponsável”. É como o Reitor qualifica corte orçamentário proposto pelo governo

Paulo Burmann diz em “live” da Seção Sindical dos Docentes da UFSM que é inexplicável diminuir recursos durante a pandemia

Por FRITZ R. NUNES (texto e foto), da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM

O Ministério da Educação (MEC), por orientação da área econômica do governo Bolsonaro, informou dias atrás à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que o projeto de lei orçamentária (PLOA) de 2021 traz um corte de 18,2% na verba das universidades. Ao participar de uma ‘live’ organizada pela Sedufsm nesta segunda (24), às 19h, o reitor da UFSM, Paulo Burmann, afirmou que implementar corte de recursos em meio a uma pandemia, em que as instituições federais de ensino têm sido parceiras no combate à Covid-19 é “surreal e até irresponsável”.

Burmann, que também integra a coordenação da Andifes, ressaltou que há uma mobilização dos reitores para que essa redução dos recursos seja revertida pelo Congresso Nacional. Entretanto, frisou ele, o quadro é complexo e de extrema gravidade. Conforme o reitor, se não houver reversão na proposta orçamentária, a instituição santa-mariense terá um corte que alcança R$ 25 milhões, o que a permitiria seguir funcionando somente até agosto de 2021.

Em caso de concretizar-se essa diminuição orçamentária, as consequências serão bastante negativas, não apenas para a universidade, mas para a comunidade regional como um todo. “Além da revisão de contratos com empresas terceirizadas, gerando desemprego, da queda na qualidade do que produzimos, se formos pensar de forma pragmática, o que poderá impactar na economia de Santa Maria R$ 25 milhões a menos”, perguntou Burmann.

Cachoeira do Sul

Durante a exposição inicial na ‘live’, o professor Paulo Burmann fez um breve histórico sobre a redução no orçamento da instituição, que vem ocorrendo ano a ano desde 2014, ainda no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Esses cortes ao longo de 2015, 2016, 2017 e 2018 (governo Temer) se intensificam a partir de 2019, já na gestão de Bolsonaro. O reitor enfatizou que justamente entre os anos de 2015 e 2017 é que estava sendo implantado o campus de Cachoeira do Sul, que iniciou do zero.

O prometido era um recurso que totalizava R$ 129 milhões, e mais a contratação de 111 docentes e 80 técnico-administrativos. Também estavam previstos nesse pacote, recursos para a implantação dos cursos de Engenharia Aeroespacial e Telecomunicações no campus-sede. Sobre a verba, todavia, ela não chegou a 20% do que havia sido combinado. Já as contratações ficaram bem abaixo do que seria necessário, destacou Burmann.

Assistência estudantil

E não são somente os recursos do dia a dia e mesmo aqueles para investimentos que estão sendo seccionados ao longo dos últimos anos. A assistência estudantil vem sofrendo duros revezes. Conforme o reitor da UFSM, os cortes têm ocorrido consecutivamente, o que tem obrigado a universidade a suplementar o programa de assistência estudantil (PNAES) para dar conta de uma demanda que atende a estudantes de baixa renda.

Burmann relatou que a instituição tem suplementado com recursos do seu orçamento a assistência estudantil com valores que variam de 6 a 9 milhões de reais nos anos recentes. Entretanto, a partir do que está previsto pelo governo, a UFSM teria que fazer um aporte para o programa de apoio aos estudantes que chegaria a R$ 15 milhões, uma possibilidade classificada pelo gestor como inalcançável.

Teto de gastos

Durante o evento virtual, que foi transmitido pelo facebook da Sedufsm, o reitor foi questionado ao menos duas vezes sobre a questão da lei do teto de gastos (Emenda Constitucional 95), aprovada quase ao final de 2016, e que impõe uma espécie de congelamento do repasse de recursos ao longo de 20 anos.

Burmann afirmou que, desde o início do debate sobre o teto de gastos, sempre julgou que, na prática seria um “desastre”. E isso tem se manifestado desde que a EC 95 passou a ser implementada, o que tem gerado orçamentos decrescentes. Conforme o reitor, a andar nesse ritmo, os próprios salários do serviço público federal também passarão a ser ameaçados.

Sobre o mesmo tema, o dirigente da universidade ressaltou que diversos segmentos da população têm alertado de que é impossível reduzir recursos para a educação, ciência e tecnologia, e ao mesmo tempo manter os aumentos de repasses para o pagamento da dívida pública. “Cumprir a lei do teto é um desafio impossível de ser superado sem prejuízos enormes”, frisou o reitor. “Vamos nos dar ao luxo de deixar de produzir ciência e tecnologia no país, passando a comprar pacotes tecnológicos prontos”, questionou Burmann.

Covid-19

Pior que um cenário de corte de recursos é quando isso ocorre justamente na vigência da maior pandemia em 100 anos, que é a de Covid-19 (novo coronavírus). O reitor da UFSM argumenta que a universidade teve papel fundamental no combate à propagação da doença. Ele cita que, já em janeiro deste ano, quando aumentaram os rumores de que a Covid-19 chegaria ao país, houve uma mobilização da UFSM, Hospital Universitário, com o objetivo de se prevenir.

E foi assim que, conforme Burmann, a partir do momento em que o governo abriu uma linha de crédito para as universidades que quisessem desenvolver projetos sobre a pandemia, a UFSM se colocou na linha de frente. Em três dias, prazo que foi dado, a instituição conseguiu se capacitar para receber um recurso que alcançou R$ 12 milhões. Foi dessa forma que a universidade conseguiu desenvolver um projeto para a produção e também para manutenção de respiradores; para a produção de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)…”

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Um Comentário

  1. Kuakuakuakua! Surreal e irresponsável é o seguinte. Orçamento em torno de 1 bilhão de reais. Corte de 25 milhões possibilita funcionamento até agosto.
    Se 25 milhões fossem convertidos em segundos equivaleriam a nove meses e meio. Se 1 bilhão fosse convertido equivaleria a 380 meses e meio.
    Curso de engenharia aeroespacial? Formandos não terão emprego quando se formarem. Telecomunicações, na sua grande maioria, idem. Criam cursos ‘a la louca’.
    Enquanto isto judiciário cria outro Tribunal Federal. Mentem que não custará nada. Só que desembargador ganha mais do que juiz. Existe quinto constitucional, advogados e promotores também ganharão uma boquinha. Dai tem muito trabalho, mais aspones. Dali a pouco ‘o prédio não esta condizente com dignidade do tribunal’. Em poucos anos vira outro ralo de recursos públicos. Sem esquecer os outro tribunais que estão na fila. Tudo pela vaidade de alguns ‘ministros’ e a gana por dinheiro publico. Desculpa sempre se arruma.

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