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ARTIGO. Rose Carneiro, secretária de Cultura, faz o relato de quatro meses no cargo. E a Casa de Cultura?

Santa Maria: cidade com coração e cultura

Por ROSE CARNEIRO (*)

Falar sobre cultura em uma cidade que leva este título é sempre um desafio. Santa Maria é uma cidade de gente inteligente, que lê, estuda, e de muitos que fazem da arte a sua vida. Isso torna o cenário do Coração do Rio Grande rico, atrativo, nos dá opções de consumo cultural e nos referencia em outros tantos municípios, Estados e no país.

A vontade de fazer acontecer e de tornar melhor a realidade dos equipamentos culturais, dos artistas e de todos os santa-marienses é o que tem nos movido há anos. Viver da cultura é também o que nos motiva e impulsiona. Mas, desde maio de 2020, esse desejo se tornou mais latente. Assumimos o desafio de trabalhar ainda mais. Um ano difícil, mas com a oportunidade de mobilizar grupos, empresas e pessoas para ter na cultura, além do entretenimento, a profissionalização, geração de empregos e renda, recuperação dos espaços públicos e, realmente, o aplauso de todas as nossas plateias.

Em menos de quatro meses, já podemos, sim, colher alguns frutos. Ainda não tão visíveis, mas que renderão a todos nós conquistas importantes no que tange à cultura local. Em 2013, começou a ser elaborado um projeto de revitalização e modernização da Casa de Cultura. Quando o projeto estava pronto para ser lançado à captação, houve modificações na legislação, e o reservatório de incêndio, que ficava no térreo, precisou ser transferido para a parte superior da Casa e isso demandava a atualização dos projetos arquitetônico e complementares. Num trabalho conjunto entre Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer, Instituto de Planejamento de Santa Maria (Iplan) e Sindicato das Indústrias de Construção Civil de Santa Maria (Sinduscon) avançamos. A Casa de Cultura está em fase de finalização dos projetos e encaminhamento às fontes de financiamento, que são os editais e as Leis de Incentivo, para que possamos dar seguimento à restauração.

O Museu de Arte de Santa Maria (Masm) está sob a coordenação da artista plástica Marília Chartune. Mesmo sem acesso a visitação neste período, buscamos estratégias. Em um trabalho conjunto, criamos o VivaMasm, com o objetivo de realizar exposições virtuais. Em parceria com a Associação dos Amigos do Masm, viabilizou-se o Mercado de Arte. Um modo de os artistas locais comercializarem seus trabalhos. Melhorias no Masm estão sendo viabilizadas por parcerias com a iniciativa privada. Há pouco, a Construtora Jobim instalou, no local, várias grades para dar segurança aos aparelhos de ar-condicionado, alvos constantes de vandalismo e furto.  Também, estamos finalizando as avaliações do 42º Concurso Fotográfico Cidade de Santa Maria, com inscrições recordes (mais de 500 fotos) e com trabalhos também de outros países. Um concurso com premiação em dinheiro e que contribui para que a cadeia produtiva da cultura – neste caso, fotógrafos profissionais e amadores – tenham acesso a recursos que poderiam estar cancelados.

O nosso Arquivo Histórico Municipal, localizado na Appel esquina com a Avenida Presidente Vargas, nesta semana, recebeu a doação do acervo fotográfico da Tertúlia Musical Nativista, do Professor Gaspar Miotto. Para, além disso, em parceria com a Associação dos Amigos do Arquivo, concluímos o orçamento e levantamento de materiais necessários para que o espaço passe por melhorias em sua infraestrutura. Referente a questão estrutural, efetivamos uma parceria com uma empresa de Santa Maria que está fazendo a revisão técnica do telhado da Biblioteca Pública Municipal Henrique Bastide. Serã solucionados os problemas de infiltração de água, e após, teremos condiações de alinhar as reformas internas necessárias em toda a estrutura.

Precisamos lembrar que, desde 1996, Santa Maria conta com uma política pública importante para a cultura, a Lei de Incentivo à Cultura (LIC). Nos últimos 3 anos, temos um histórico de renúncia fiscal do município, que ultrapassa R$ 1,5 milhão por ano. Dezenas de ações são desenvolvidas todos os anos com recursos da Lei, gerando trabalho e renda para a cadeia produtiva da cultura – envolvendo centenas de pessoas.

Em maio de 2020, a Prefeitura de Santa Maria, uma das pioneiras em abraçar a classe artística, realizou o Viva Santa Maria e a Virada Cultural, abrangendo mais de 200 profissionais, principalmente da música. As duas ações também beneficiaram o Theatro Treze de Maio, patrimônio cultural do município e que fechou as portas em março em função dos decretos relacionados à pandemia. Também em maio, com recursos da Prefeitura Municipal, foi aberto o Viva Cultura, edital emergencial de apoio à cadeia produtiva da cultura. Um recurso de R$ 100 mil, beneficiando 70 projetos e mais de 200 pessoas. Os recursos já foram repassados aos vencedores, e as ações estão em andamento. Junto a isso, publicamos uma resolução com base nos decretos estaduais e municipais de enfrentamento à pandemia, para que os projetos financiados com recursos da Lei de Incentivo à Cultura pudessem ser readequados para o formato virtual, garantindo, assim, a realização das ações e o pagamento dos envolvidos.

Em junho, com a Secretaria de Educação, numa proposição de uma ação conjunta de arte e educação, instituímos o Repositório de Arte e Educação. Assim, alguns projetos financiados pela LIC – e que seriam apresentados nas escolas – estão sendo transformados em vídeos e irão compor uma videoteca para a utilização dos professores da Rede Municipal.

Com vistas a trabalhar os instrumentos de gestão integrantes do Sistema Municipal de Cultura, considerando a necessidade de capacitação e formação da cadeia produtiva da cultura, criamos o Capaciarte. O lançamento foi feito com um encontro virtual sobre a Lei Aldir Blanc.

Para este segundo semestre, temos a finalização do 43º Concurso Literário Felipe D’Oliveira, com mais de 700 inscritos nas categorias Conto, Crônica e Poesia. Nos dias 4, 5 e 6 de setembro, realizaremos a 27ª Tertúlia Musical Nativista, um patrimônio cultural de Santa Maria. Num formato virtual, a tertúlia será transmitida a partir do palco do Theatro Treze de Maio e vai contar com participações muito especiais, como de Luiz Carlos Borges, Erlon Péricles e Vinicius Brum, num resgate da memória do festival. E, claro, a 47ª Feira do Livro de Santa Maria. O maior evento literário da cidade vai conectar o público com uma programação para ser acompanhada de casa. A Feira com formato híbrido – livreiros em suas sedes e programação virtual – vai contar com nomes e temas atuais como Djamila Ribeiro, Laurentino Gomes, Rossandro Klingey e Lázaro Ramos. A programação cultural vai colocar novamente no palco, mesmo que virtual, artistas locais, contribuindo, também, para a geração de trabalho e renda num ano tão diferente para todos.

Novos editais estão em elaboração a partir da Lei Aldir Blanc, por meio da qual vamos receber um montante de  R$ 1,8 milhão para subsídio a espaços culturais que sofreram com a interrupção das atividades neste ano e fomento a atividades culturais.

Estamos otimistas e temos recebido o apoio da classe artística, da imprensa, do Poder Público e das empresas. A empatia é o sentimento e a ideia de que, juntos, podemos fortalecer a cultura e apoiar a todos que estão sendo mais penalizados. Esse é o nosso objetivo. Vamos em frente, somando os esforços, ouvindo a todos e trabalhando muito para a nossa Santa Maria, cidade de coração e de cultura.

(*) Rose Carneiro é Relações Públicas e ocupa o cargo de Secretária Municipal de Cultura, Esporte e Lazer.

Observação do Editor: a foto (sem autoria definida) é uma reprodução do site da Prefeitura (AQUI)

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2 Comentários

  1. Tapera da Cultura.
    SM é uma cidade suja, onde as pessoas jogam lixo no chão e abandonam mobília velha ao lado do container mais próximo (não há sanga para todos). Os córregos ainda não canalizados recebem esgoto in natura. O transito é o Velho Oeste.
    Santa Maria, referencia para a galáxia em quase tudo. E o que se vê é o que a casa tem para oferecer.
    E os ‘artistas’ da aldeia? Estão para a arte como os jogadores do Interzinho estão para o futebol.
    No mais é a mentalidade de cidadezinha do interior, ‘nossa quermesse é a melhor do mundo’.

  2. Resguardado os cuidados do momento, (quase nada foi feito), e não é o que a classe de artistas vem dizendo (Reclamando).

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