A cor da arquitetura do Egito – por Elen Biguelini

Antes de adentrarmos nas rainhas e deusas egípcias, um tópico que levanta interesse é a cor dos prédios egípcios. Mencionamos na coluna anterior que muitas das estruturas permanecem inacabadas.
Isto acontece em localidades mais pobres do Cairo, por exemplo, e mesmo descendo o Nilo, encontram-se algumas casas em sua beira nesta mesma maneira.
Mas não é a isto que nos referimos. E sim, quanto a cor colocada nos acabamentos das cidades. Todo o Cairo – todo o Egito – é amarelo, cor de areia.
Isto se dá devido às tempestades de areia. A falta de chuva, o calor e estas tempestades fazem com que as casas tenham seus tetos repletos de areia e pedra, muitas vezes quebradas – visto que a necessidade de conserto se prova desnecessária quando não há chuvas e o custo seria muito alto.
Outro local que marca a arquitetura e até mesmo a sociedade egípcia são os cemitérios. Mas por que os cemitérios? Porque neles também habitam os egípcios vivos. Seguindo uma tradição de construir casas por sobre os túmulos, para que familiares distantes visitem os falecidos; estas casas passaram a ser alugadas por preços módicos.
Em um cemitério do Cairo, iniciado no século XI d.C, encontram-se atualmente cerca de 1 milhão de habitantes vivos. Há mais vivos que enterrados. Neste local há luz e parabólicas, mas não há água e os moradores utilizam banheiros comunitários. É chocante para turistas, mas comum para os egípcios.
De longe, por onde os observamos, não parece um cemitério. É mais semelhante a uma favela. Mas sua função primordial ainda é exercida. Nosso guia, brincando – mas falando sério ao mesmo tempo – disse, “se morre alguém da família, é só abrir um buraco e jogar o falecido”. Claramente, a relação com os mortos é diferente da nossa.
Até mesmo os prédios mais novos, construções bonitas e estruturadas com design e arquitetura planejada, carregam estes mesmos tons terrosos. Prédios art noveau, art decô e seguindo outras tendências arquitetônicas e urbanísticas, todos em tons de areia.
É tanto proteção da areia e forma de esconder o pó deixado pelas tempestades quanto estética, ao lembrar as ruínas de suas pirâmides.
Mas o interior, ah, o interior é diferente. Estruturas novas e antigas apresentam mármore. As tumbas e templos eram pintados de todas as cores, inclusive ouro – muito ouro.
A cor se repete nas roupas das senhoras. Ainda que algumas regiões permitam as mulheres exclusivamente trajes pretos, semelhantes a uma burca, foi possível observar que muitas nestes mesmos trajes apresentam detalhes na peça que as diferenciam. Mas, majoritariamente, as egípcias se vestem com roupas coloridas – que as cobrem quase que inteiramente, sim, mas coloridas.
Até aí observamos o contraste que é o Egito!
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
Enterrar parentes dentro de casa não é coisa nova. Na Turquia, se lembro bem, já encontraram resquicios de povoados antigos com pessoas enterradas dentro das casas. É o mais estranho? Não. Tibet o ‘enterro’ é a céu aberto. Deixam o cadáver exposto e deixam os abutres limparem os ossos. Zoroastristas faziam o mesmo no Irã até a revolução dos 70 (se não me engano). Coisas que a maioria não liga. Abraão iria sacrificar Isaac, Biblia. Havia costume de sacrificios humanos no Meditarreneo oriental naquela epoca. Cartago, colonia fenicia arrasada por Roma, tinha o costume de sacrificio de crianças. Pergunta que não quer calar, o que a população ocidental faz hoje que no futuro será considerado absurdo?