Coluna Observatório. “Após D. Ivo, que rumo vai tomar a Igreja Católica, em Santa Maria?”

Sem fazer qualquer

juízo de valor. Mas um

não é igual ao outro

A morte do bispo emérito, Dom José Ivo Lorscheister, não foi apenas o desaparecimento de uma figura fundamental na história recente do País. Ninguém minimamente informado sobre as coisas brasileiras nos últimos 40 anos nega que o prelado foi um corajoso defensor da democracia, num momento que poucos tinham espaço para isso. Em que as perseguições pessoais, políticas e profissionais eram uma obviedade. Isso quando não se fala em tortura e morte de muitos cidadãos e cidadãs que tinham idéias diferentes dos títeres de plantão.

Mas Dom Ivo, a par de sua atuação nacional, ou mesmo em função dela, desempenhou em nível local também um papel que até hoje é percebido. Não por acaso, muitas de suas marcas permanecem, mesmo depois de ter se afastado das atividades corriqueiras (o que não quer dizer desimportantes, pelo contrário) da administração diocesana. Algumas delas, e essa opinião é corrente no meio católico, só se mantiveram exatamente por sua (dele) imponente presença, física e espiritual.

Na igreja católica, como se sabe, mudanças são lentas, às vezes demasiado lentas. Só agora, por exemplo, o Papa admite a possibilidade (leia bem, possibilidade) do uso do preservativo, nas relações sexuais. E ainda assim apenas para os homens casados. É uma evidência óbvia da dificuldade eclesial em acompanhar os tempos.

No caso de Santa Maria, que tipo de modificação, sem Dom Ivo, haverá na Diocese? É uma grande dúvida. A ser tirada. Não se sabe quanto, mas ela(s) virá(ao). Com absoluta certeza. Inclusive porque Dom Hélio Rupert (e aqui não há qualquer juízo de valor) não é Dom Ivo.