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A falta de autenticidade das urnas – por Giuseppe Riesgo

A democracia representativa pressupõe justamente isso: representação. Vivemos um novembro com imensa intensidade eleitoral. A começar pelas eleições nos Estados Unidos e, posteriormente, pelas nossas eleições municipais que ocorrerão daqui há de dez dias. Por lá, a divisão social e política está cada vez mais acirrada e, até o momento em que escrevo esse artigo, de resultado incerto. Por aqui, temos uma eleição morna. Provavelmente reflexo da crise de representatividade que vivenciamos em nossa incipiente democracia.E é esse o tema que me traz aqui. Será que o clima ameno que vivenciamos não está expondo justamente o quão pouco representada se sente a população em relação àqueles que elegemos? É difícil saber, mas creio presenciarmos um enorme descrédito e antipatia da população em relação às propostas e ao que se apresenta ao seu escrutínio eleitoral.

A verdade é que o eleitor sente cada vez mais a falta de autenticidade nas ideias dispostas pelos candidatos nessa eleição. O que mais temos são candidaturas reféns de pautas que não são suas. Por isso, pululam propostas vagas e inconsistentes que mais se preocupam em sinalizar virtudes do que, de fato, construir uma cidade melhor e que preste serviços melhores ao cidadão. 

Não é à toa que pipocaram candidatos liberais por aí. Esse “liberalismo de bula” deriva, justamente, desse processo falso na construção das propostas. O candidato percebe determinada inclinação ideológica da sociedade e se adapta a ela. Na ânsia de conquistar votos, vende as suas convicções e a sua dignidade pela busca a qualquer preço da escolha do eleitor. Eis o maior veneno para a democracia representativa. O debate genuíno de ideias se esvai, a hipocrisia e o artificialismo prevalecem em meio a um vácuo ideológico e representativo. A consequência? O citado desapontamento e descrédito generalizado no sistema eleitoral e na democracia como um todo. Uma lástima.

Warren Buffet costumava afirmar que é apenas quando a maré baixa que sabemos quem estava nadando nu. Na nossa democracia, sabemos, tem muita gente rezando para a maré não baixar. Infelizmente, a autenticidade das ideias é artigo raro por aqui. E quando se trata das ideias liberais a busca fica ainda mais trabalhosa.

Por isso meu papel como liberal é também contribuir para trazer mais transparência na busca do eleitor por candidaturas verdadeiramente ideológicas e, portanto, interessadas na melhoria das cidades e das condições de vida da população brasileira. A crise de representatividade que vivenciamos não pode nos relegar à desolação com a democracia e com a política como um todo. Nosso trabalho é árduo, mas no fim serão as boas e autênticas ideias que iluminarão a escuridão. Seguiremos trabalhando por isso.     

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

Observação do editor: a imagem da urna eletrônica, que ilustra este artigo, é de Antonio Augusto, da Assessoria de Comunicação do Tribunal Superior Eleitoral.

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Um Comentário

  1. Eleição é tão somente o processo pelo qual a população escolhe quem vai resolver os problemas coletivos. Na segunda fase acontece arrecadação de recursos da sociedade para solução dos problemas. Na terceira o ‘pôvú’ tem que implorar para que os incompetentes desempenhem a função para a qual foram ‘contratados’ com o dinheiro que receberam. Nome disto é ‘democracia’.
    De ‘idéias’ todo mundo já está cheio, o que a maioria quer é resultado.

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