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EXCLUSIVO. Burocracia atrasa projeto, mas Cyrilla deverá ser reaberta em 2016, garantem novos donos

Fábrica será construída no mesmo local onde a Cyrilla sempre funcionou, no Bairro Itararé
Fábrica será construída no mesmo local onde a Cyrilla sempre funcionou, no Bairro Itararé

Por MARCOS FONSECA

Até a metade de 2016, os santa-marienses devem voltar a sentir o doce sabor dos refrigerantes que marcaram época e fizeram história. A proposta de reabertura da antiga Fábrica Cyrilla de Bebidas, prevista para ocorrer em 2014, está atrasada, mas não foi abandonada. Ao contrário, toda semana, três empresários de Santa Maria que decidiram resgatar uma das mais importantes indústrias locais têm se encontrado, quase secretamente, para traçar os rumos do empreendimento. E um dos sócios revelou a este site que a previsão é começar as obras a partir de julho. Antes, será necessário driblar a burocracia, principal motivo do atraso do projeto para reativação da indústria inaugurada em 1910 e desativada desde 2008.

Em 2013, os empresários José Antônio Saccol, Luiz Antônio Marquezan Bagolin e Lairton Padoin anunciaram a intenção de reabrir a fábrica ao prefeito Cezar Schirmer (PMDB). Além de reativar a unidade, o trio de empreendedores planeja construir um memorial para ajudar a contar a história da Cyrilla. A meta era recomeçar a produzir em 2014 os tradicionais refrigerantes da marca genuinamente santa-mariense, entre elas os sabores laranja e limão, guaraná, água tônica e a mais famosa de todas, a Cyrillinha – refrigerante gasoso feito com essência da casca de laranja e raspas de limão cujo sabor ainda hoje está guardado na memória dos antigos consumidores da bebida.

cyrilla tampaSegundo o sócio ouvido pela reportagem, todas as bebidas serão feitas a partir das fórmulas originais, já patenteadas. “Vai voltar 100% o que era antes. Será igual para melhor”, assegura. Serão produzidos refrigerantes com açúcar e sem açúcar (zero). A linha inclui, ainda, bebidas alcoólicas – vodca e licores de menta, cacau, entre outros.

O processo de registro das fórmulas era considerado a parte mais demorada do projeto. Para surpresa dos empresários, não foi. O que emperrou foi o projeto arquitetônico. Metade do prédio da Rua Marechal Deodoro, no Bairro Itararé, terá de ser demolido e refeito. Só que a documentação necessária para liberar a Licença de Instalação (que permite o início da obra) requer uma série de documentos.

O sócio garante que a tramitação está andamento nos órgãos públicos, mas a passos lentos. Desde o episódio da Boate Kiss, em 2013, a legislação se tornou mais rigorosa. As exigências aumentaram – e, junto com elas, o volume de papéis que precisam ser juntados. “As coisas não acontecem na velocidade que a gente queria. Por nós, (a fábrica) já estava aberta e funcionando”, revela o empresário.

No mesmo prédio ficará o memorial, a ser criado por uma museóloga da Universidade Federal da Bahia. O espaço resgatará os mais de 100 anos de história da Cyrilla e o pioneirismo na fabricação do primeiro guaraná vendido no Brasil.

Rótulos do antigo vermute produzido pela fábrica de Santa Maria na década de 1930
Rótulos do antigo vermute produzido pela fábrica de Santa Maria na década de 1930

Um dos segredos: água pura obtida a mais de 140 metros de profundidade

Uma das lendas sobre o sabor dos refrigerantes Cyrilla aponta que a água utilizada na fabricação era especial e, junto com raspas da casca de laranja, dava o sabor único à Cyrillinha. No passado, a fábrica do Bairro Itararé utilizava água de um poço, que foi fechado. Agora, o líquido virá de outra fonte, que captará a água confinada a 143 metros de profundidade. A empresa que elaborou o estudo físico e químico dessa água – a mesma que trabalha para os grandes fabricantes nacionais – assegura que é de ótima qualidade e livre de poluição. Abaixo de 40 metros da superfície, nenhuma impureza penetra na água subterrânea.

A partir do resultado da fabricação dos refrigerantes, a nova Cyrilla poderá produzir, também, água mineral. Porém, isso dependerá das vendas, já que a concorrência no setor de bebidas e sucos, hoje, é muito grande. “O importante é começar pequeno, mas sólido”, afirma um dos três sócios do empreendimento.

O mercado dirá, também, o volume de produção. Por enquanto, esse dado não existe, bem como o número de empregados da linha de produção. Poderá chegar a 50 pessoas, número não tão elevado porque todo o maquinário será novo e automatizado.

Em relação ao valor do investimento na reabertura da fábrica, os sócios mantêm segredo. O dinheiro virá de alguma fonte de financiamento ainda não definida.

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14 Comentários

  1. Quando soube que a fabrica da Cyrilla voltaria fabricar as bebidas,para mim foi só
    alegria.Não existe um refrigerante como a Cyrillinha. Me criei em Santa Maria e muitas vezes quando garoto
    iamos até a fabrica para comprar as frutas que vinham descascadas.Era uma fila enorme de garotos fazendo uma festa.
    E quando se tem esta noticia do retorno,agora é só espectativa e que venha para ficar e se a fórmula é a mesma bem aí não temos
    palavras para agradecer. Desejo a estes Srs. que tiveram esta idéia brilhante toda a sorte neste empredimento.

  2. A partir de quando será vão começar a pegar currículos??,tenho muita vontade de trabalhar na Cyrilla. 🙂

  3. Estou anciosa pra ver a Cyrilla abrir as portas novamente,resgatar aquele refrigerante feito da casca era uma delicia.E também lembro que enfrentava uma fila imensa pra comprar a laranja descascada,talvez quem vivenciara isto denovo vai ser meus netos. Parabéns pra o nosso bairro.

  4. A Cyrillinha, quando conheci, era maravilhosa. Pena que, nos últimos tempos, foi modificada a fórmula e ela se transformou numa cópia da mirinda e da Fanta. Que bom se voltasse osabor original!

  5. Que bom, vou poder dar aos meus sobrinhos o refrigerante mais saboroso que já tomei, fez parte de nossa infância, hoje só tenho a garrafinhas como lembrança e o sabor na mente. Seja bem vinda a nossa Cirylinha.

  6. Sou natural de Sanrta Maria, mais moro em Florianópolis a 25 anos. Lembro de minha infância que aos domingos no almoço, que era sempre especial, tomava-mos este refrigerante. Lembro que era da cor laranja. Sinto saudade. Vou comprar para matar a a saudade

  7. Fico feliz com esta atitude de trazer os refrigerantes Cyrilla. e quero agradecer os empreeendedores pela confiança que depositaram em mim e na minha empresa em poder participar dessa nova etapa. de fornecer as estruturas da nova fabrica..Parabéns..a todas as pessoas envolvidas..

  8. o resgate da história da indústria Cyrilla, certamente levantará a auto estima de nossa cidade e região , teremos de volta os refrigerantes com sabor único e o primeiro guaraná produzido em nosso país. aguardamos com muito orgulho.

  9. Eu vendi anos os Refrigerantes da marca Cyrilla, na Cidade de Jaguari, os mesmos eram de esselente qualidade quero ser enformado quando os mesmos começarem a ser comercializados. Av. Sete de Setembro l235. Tel. 3255.l7ll.

  10. Eu, atualmente morando em Teutônia, RS, mas natural de Santa Maria, sinto-me emocionado e tenho na lembrança o sabor dos refrigerantes Cyrilla, principalmente da Cyrillinha. Tais sabores e lembranças me remetem a minha infância e as saudades de parentes e amigos que hoje já não se encontram mais entre nós. Com certeza, se for permitido, estarei em Santa Maria por ocasião de sua reinauguração matando velhas recordações e saudades.

  11. Para abrir um shopping, uma loja, uma lanchonete multinacional, um escritório de advocacia, ou seja, coisas que não produzem NADA e não geram riqueza pra cidade não ha tanta burocracia.

    Já construir uma industria que é a unica coisa que pode tirar Santa Maria da mediocridade de ser uma cidade de turismo universitário, dai sim, a burocracia pega forte. Lembra do tempo que a KMW ficou esperando pra poder construir a 15 km do centro?

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